Morre Claudinê Albertini, criador da rádio Inconfidência FM e da Brasileiríssima

Morre Claudinê Albertini, criador da rádio Inconfidência FM e da Brasileiríssima
O radialista Claudinê Cesar Albertini, que morreu nesta terça-feira (27), aos 79 anos — Foto: Reprodução/Instagram
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp

Albertini, que fez história nas ondas do rádio em Minas Gerais, faleceu aos 79 anos

O Tempo   Por Alex Bessas

O radialista Claudinê Albertini faleceu nesta terça-feira (27), aos 79 anos. Ele teve uma marcante trajetória no rádio mineiro, começando sua história na rádio Minas AM, onde apresentou e dirigiu o programa “Ensaio Geral”, no início dos anos 70. No final daquela mesma década, Albertini se dedicaria a seu projeto mais audacioso, a criação e coordenação da Inconfidência FM, onde também idealizou a Brasileiríssima.

A morte do radialista foi lamentada por amigos, familiares e colegas de profissão, que destacaram o seu talento, a sua generosidade e o seu amor pelo rádio.

A jornalista e escritora Márcia Francisco destacou que Albertini foi “um gênio do rádio”. “Essencial na comunicação, (ele) conhecia seus segredos e, generosamente, transmitia, ensinava, formava! Pessoa terna, gentil, integra, fará muita falta nesse planeta. Queridíssimo, que saudade você vai deixar”, escreveu, fazendo menção a um bordão dele: “O rádio veste seu ouvinte. O veículo é catalisador do seu tempo”.

O radialista, apresentador e professor Elias Sunshine também se manifestou. “Descansou… Claudine Albertini será sempre uma referência para mim. Da Brasileiríssima à 107, Rádio do Estudante, um gênio da comunicação”, publicou.

Rádio foi amor à primeira escuta 

Em uma entrevista ao blog “Quase Tudo Etc”, publicada em 2009, Claudinê Albertini lembrou do começo de sua paixão com o rádio, quando ainda era criança e vivia em Bambuí, no Centro-Oeste de Minas.

“A única rádio que se ouvia por lá desde o começo do dia (as cidades do interior acordavam com ela) era a Inconfidência, a nossa Nacional daqui (foi inaugurada uma semana antes da Nacional do RJ). Eu era apaixonado por rádio desde os meus 3 anos de idade. Quem diria que um dia eu teria tal honra em criar uma outra rádio (FM) lá na própria, a Brasileiríssima ou a nova Inconfidência FM, hein?”, disse.

“Eu gostava tanto da rádio que ganhei numa 'birra' o direito de vir visitar a rádio aqui em BH. Minha mãe, Geralda Farah, e meu pai, Augusto Albertini, me trouxeram. Foi a primeira vez que o menino Claudinê veio para BH, onde conheci a rádio na Feira de Amostras. Foi um sonho realizado. Poucas rádios chegavam com seu sinal ao interior mineiro por AM. Pegavam à noitinha e no início do dia iam desaparecendo”, recordou.

Na mesma entrevista, ele recorreu à modéstia ao ser citado como uma referência no universo do rádio. “Quem sou eu amigo”, despistou. “Tive que encontrar saídas, entradas (até bandeiras). Isto me fez aprender a 'me virar'. Passei minha vida (durante 30 anos) por detrás de muitas FMs, fios, gambiarras, microfones etc. Vivi o ensaio e erro, que bom! Tive que formatar tudo: projetos, veículos, profissionais e ainda dar audiência”, refletiu.

Guerras particulares

Sem papas na língua, Claudinê Albertini também falou ao blog “Quase Tudo Etc” sobre os obstáculos internos e externos que enfrentou ao longo de sua história nas rádios de Minas.

“Há uma tendência do departamento comercial, interferir no projeto do veículo, como se ele entendesse alguma coisa de rádio. Jamais tiveram feeling para dirigir uma e até mesmo sugerir. Atrapalham. Por isto vieram as coordenações e o jogo de poder. Perde o artístico sempre, mas o veículo perde muito mais, inclusive a audiência. Já trabalhei em FMs que não faturavam com a rádio em primeiro. Preferiram derrubar a artística e determinaram o fim e o fechamento (mais tarde a venda) da empresa”, criticou.

“Encarei muitas 'guerras', inclusive políticas, numa rádio do governo, onde fui afastado várias vezes (forças ocultas existem meninos). Depois me devolveram a coordenação até que nos demitiram (cerca de 50 profissionais). Eu encarei muitas crises vindas deste embate entre artístico x comercial. E eu nunca tive medo de ser feliz com que eu dirigia. Assumimos todas as barras juntos. Por isto e outras 'cositas mas' deixei o rádio. Mas não escondo que sinto saudades de tudo, eu acredito nele e nos profissionais”, destacou.