Procura-se um candidato de esquerda ao governo de Minas

Nomes ventilados pelo campo progressista não têm demonstrado interesse em concorrer
O Tempo Por Hermano Chiodi
Está difícil encontrar um nome para preencher a vaga de “candidato da esquerda ao governo de Minas Gerais”, na eleição de 2026. O salário é bom – valor bruto ultrapassa R$ 40 mil, conforme o Portal da Transparência –, e os benefícios superam aos da maioria dos trabalhadores brasileiros: tem horário flexível, motorista particular, viagens em aeronave particular, mas, mesmo assim, falta uma liderança de esquerda que demonstre empolgação para disputar.
O senador Rodrigo Pacheco (PSD) e a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT) costumam ser citados, mas nenhum dos dois demonstra, até agora, interesse real em concorrer. Mesmo o ministro Alexandre Silveira (PSD), de Minas e Energia, que às vezes veste a roupagem de candidato e faz discursos fortes contra o governo mineiro, não estaria tão convencido a disputar e, de acordo com interlocutores, teria preferência em tentar uma vaga para o Senado.
Líderes da esquerda se defendem e dizem que não se trata de falta de alternativas ou nomes que queiram concorrer, mas de uma opção pelo projeto nacional de reeleição do governo petista. Nessa estratégia, Minas seria rifada para uma legenda aliada em troca de apoio a uma candidatura encabeçada ou indicada pelo presidente Lula (PT), no arranjo, caberia ao PT brigar por uma vaga ao Senado. “Nomes não faltam, mas o presidente já indicou que Minas Gerais tem importância no contexto nacional e que a preferência é por uma candidatura de consenso, capaz de unir as legendas aliadas”, diz um dirigente petista no Estado. Esse nome capaz de unir a base de apoio do governo federal seria o do senador Rodrigo Pacheco (PSD), ex-presidente do Senado. De fato, a maioria dos líderes de esquerda declaram apoio a ele. O problema é que entre a minoria está o próprio Pacheco, que, mesmo recebendo convites públicos do presidente Lula, ainda não dá sinais de que esteja disposto a entrar no pleito. A demora em uma decisão do senador tem criado movimentos em outros partidos de esquerda que fazem parte da base de apoio do governo federal, mas que não devem tantas satisfações a Lula. É o caso do PSOL, por exemplo, que, de acordo com apuração do Aparte, não bateu o martelo sobre o caminho que vai seguir em 2026 e não arrisca hipotecar apoios na disputa.
A demora de Pacheco tem feito muita gente recorrer à prefeita de Contagem, mas Marília segue repetindo, veementemente, que não pretende largar o cargo para se arriscar em uma disputa estadual. Como petista de origem, maior fica a pressão sobre ela, quanto mais tempo Pacheco demora para se decidir. Nos bastidores, a aposta de líderes de destaque na legenda é de que “se precisar e o presidente Lula insistir, Marília aceita”. Neste mês, quando foi realizado em Contagem o lançamento da candidatura de Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP), à presidência do Partido dos Trabalhadores, não faltaram líderes a defender a candidatura de Marília. Contudo, pelas falas públicas da prefeita, para convencê-la, será preciso mais do que um simples movimento de Lula. Na tentativa de fugir do alvo, Marília resolveu jogar luz novamente sobre Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte. Ele não teve sucesso ao tentar alavancar seu candidato nas últimas eleições, o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), mas segue aparecendo bem colocado em pesquisas.
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