Minas registra quase 90 mil denúncias de crimes cibernéticos em 2023, diz Sejusp
Número aumentou 8,4% em relação a 2022; estelionato representa 48,7% dos casos
Fernanda Rodrigues , Helen Araújo Portal Itatiaia
Minas Gerais registrou 89.292 denúncias de crimes cibernéticos em 2023. O número é 8,4% maior que o observado no anterior. Em 2022, foram 82.300 casos. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a pedido da Itatiaia.
Além do aumento no último ano, é possível identificar um crescimento significativo no número de crimes cibernéticos nos últimos seis anos. Em 2018, o estado registrou 28.669 denúncias. Ou seja, em 2023 o número de casos aumentou 311% se comparado a 2018.
O advogado Bruno Rodarte, especializado em crimes cibernéticos, explica o que pode estar por trás desse aumento.
“Um dos principais fatores é o aumento do contato das pessoas com o ambiente virtual. Especialmente durante a pandemia, muita gente passou a usar as redes sociais para entrar em contato com amigos e familiares. Esse uso aconteceu de forma irrestrita. Então, os criminosos aproveitam da inocência dessas pessoas que não estão tão acostumadas com o meio digital”, diz.
Crimes cresceram na pandemia
Segundo os dados da Sejusp, em 2019, antes da pandemia da Covid-19, foram registradas 37.878 casos. Já em 2020, o número saltou para 59.065 - um crescimento de 56%.
Segundo o criminalista, alguns esforços foram feitos para tentar barrar os crimes realizados pela internet. “Em 2021, o governo sancionou uma lei para aumentar a pena de alguns crimes, caso eles acontecessem no ambiente digital. O estelionato simples, por exemplo, tem uma pena de 1 a 5 anos de prisão. Agora, se ele acontece por meios eletrônicos, a pena é de 4 a 8 anos. Ou seja, é um aumento bastante significativo”, esclarece Rodarte.
Apesar do agravamento da pena, a medida não surtiu o efeito que o governo esperava. “O aumento da pena não trouxe uma redução no número de crimes. Então, a gente já começa em pensar em outras alternativas para tentar conscientizar a população. Os bancos passaram a colocar um comunicado, logo quando você abre o site, avisando para não passar dados pessoais, por exemplo”, afirma.
Estelionato lidera denúncias
Entre os crimes cibernéticos mais denunciados em 2023 está o estelionato, com quase metade dos registros (48,7%). Para o advogado, o criminosos preferem o estelionato pela sua facilidade.
“Ele é mais comum porque envolve patrimônio. Na época da pandemia, o Brasil, assim como outros países do mundo, sofreu uma crise econômica. Então, os criminosos queriam dinheiro. O estelionato tem a vantagem de que conta com o agir ativo da vítima. Ela mesma passa as informações, então é mais fácil”, comenta.
Mas como evitar cair em um golpe virtual? Rodarte dá algumas dicas: “Sempre que um terceiro entrar em contato em nome de um banco, ou dizendo que alguém da família foi sequestrado, certifique-se de confirmar essa informação. Para isso, é só ligar no banco e perguntar se a informação é verdadeira. No caso do sequestro, tente ligar para a própria pessoa ou para quem convive com ela. Também sempre tome cuidado em passar informações pessoais. Temos que partir da premissa do excesso de zelo”, alerta.
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