Iniciadas há mais de 2 anos, obras na estrada de Ibitipoca seguem sem conclusão

Trabalhos já duram mais de 26 meses; nova previsão é de entrega em junho deste ano
Tribuna Por Bernardo Marchiori
As obras da LMG-871, que liga Lima Duarte a Conceição do Ibitipoca, ainda não chegaram ao fim. Iniciadas em 2 de fevereiro de 2023, o prazo inicialmente estipulado no edital de licitação era de 12 meses a partir da expedição da ordem de serviço, assinada em 19 de janeiro de 2023. Contudo, a Prefeitura de Lima Duarte confirmou que o trabalho não foi concluído – 93% está finalizado. O documento destaca que o vencimento pode ser prorrogado por meio de termo aditivo, desde que justificado conforme a lei. A previsão do Executivo municipal é de entrega em junho deste ano.
O contrato para executar a pavimentação em intertravado entre os quilômetros 1,4 e 14,3, no sentido Lima Duarte-Ibitipoca, foi assinado no dia 21 de novembro de 2022, entre a Prefeitura de Lima Duarte e a Nexxus, empresa de Juiz de Fora. A expectativa, na época, era de que as obras começassem em dezembro do mesmo ano – o que não aconteceu, visto que só iniciaram em fevereiro de 2023. O trabalho também não terminou no prazo inicial. Segundo a empresa, isso aconteceu devido às fortes chuvas, ao tráfego intenso de veículos e a ajustes em partes do subleito da via, o que havia levado a uma prorrogação para agosto de 2024 – que segue até hoje.
Recentemente, ainda foram identificados alguns impedimentos ambientais em determinados trechos, o que momentaneamente impediu a finalização da obra. A Prefeitura complementa explicando que trata-se de um via muito movimentada e, devido às características da estrada, não é possível desviar o trânsito na maioria dos trechos. “Além disso, por se tratar de uma região muito rica em recursos hídricos, realizar a drenagem e contenção da água foi um trabalho árduo e moroso. Por fim, mais recentemente, foram encontrados alguns impedimentos ambientais para a realização da obra em alguns trechos, fator que impediu momentaneamente sua finalização.”
O orçamento da obra, divulgado à época de seu início, foi de R$ 12.629.709,26. Por ser de jurisdição estadual, o Governo de Minas Gerais assinou, em maio de 2022, um convênio com a Prefeitura de Lima Duarte, que previa a destinação de verba para o calçamento dos 12,9 quilômetros da estrada – que já possui, entre seus 30 quilômetros de extensão, alguns trechos calçados ou com obras em andamento. Os serviços englobam, além da pavimentação, a construção de rede de drenagem pluvial e sinalização da estrada. Também estão contemplados meio-fio, bueiro, sarjetas, escavação e escoramento de valas.
Procurada, a Nexxus informou que a obra não foi concluída dentro do prazo inicialmente previsto devido às dificuldades encontradas, como encostas, contenções, abertura das vias, período chuvoso forte, grande fluxo de veículos durante a semana e maior ainda no final de semana. Além disso, detalhou que resta um pequeno trecho que dependia de liberação do meio ambiente. “A Prefeitura já conseguiu a liberação e está abrindo as vias, algo em torno de 700 metros. Por enquanto não há o sistema de pare e siga devido à abertura da via em determinadas partes. Após essas aberturas, o sistema de pare e siga retornará.”
Trecho da rodovia não foi contemplado no edital. (Foto: Leonardo Costa/Arquivo TM)
Trecho restante da estrada gera preocupações
O edital de licitação para a realização das obras na LMG-871 contempla 12,9 quilômetros da rodovia. Parte do trecho restante, que abrange as serras do Darci e da Cruz das Almas, aparece no edital como calçado ou com obras em andamento. Portanto, não possui previsão de melhorias. Por serem partes íngremes e acidentadas, os veículos que passam por ali para chegar a Ibitipoca precisam transitar com cautela e lentamente. O calçamento existente é antigo e está em péssimas condições, como apurado pela Tribuna em reportagens anteriores e confirmado por moradores da região. À noite ou em dias de chuva, a situação é ainda mais crítica.
De acordo com a Prefeitura de Lima Duarte, o trecho continua orçado no valor de R$ 2,5 milhões. A Administração municipal afirma que está em negociação com o Estado para concretizar o repasse desse recurso, uma “conversa, de ambas as partes, não formal, a caminho da formalização”. “No entanto, as duas partes já estão comprometidas em realizar o término.” Em resposta à Tribuna, o Governo estadual revela não ter ciência desta informação, visto que não há nada formalizado e concreto.
“A realização da obra nas duas serras demanda muito estudo e planejamento, principalmente devido à topografia e ao solo do local, sendo assim, realizar uma obra definitiva no trecho requer um maior aprofundamento, inclusive de tráfego. Consequentemente, também demanda maior investimento. O Município busca realizar a manutenção preventiva e corretiva da pavimentação existente para viabilizar o tráfego com segurança”, informa em nota. Além disso, segundo a Prefeitura de Lima Duarte, o trecho referente ao Morro do Salto foi contemplado pela atual fase da obra e encontra-se pavimentado.
Ramificação da LMG-871 recebe investimento para obras
A ramificação da LMG-871 que leva até a Vila Mogol receberá investimento do deputado estadual em Minas Gerais, Noraldino Júnior (PSB). Em vídeo publicado no Instagram, em conjunto com a prefeita de Lima Duarte, Elenice Delgado (PT), o político afirmou que vai enviar recurso ao município para realizar melhorias no trecho. Contudo, essa parte da rodovia recebe um fluxo menor de pessoas se comparado ao restante da ligação a Ibitipoca. Na mesma publicação, divulgaram a obtenção da licença ambiental, junto ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), para darem prosseguimento à finalização da obra.
Em nota, a Prefeitura de Lima Duarte afirma que “o município detém aproximadamente 900 quilômetros de estradas vicinais rurais e todas têm suas importância, seja do ponto de vista turístico, para o escoamento da produção agrícola ou para atendimento à população”.
“Por óbvio, por se tratar de um município de pequeno porte, a manutenção dessas estradas é um desafio. Dessa forma, não basta observar somente o fluxo de veículos, mas também é necessário considerar a precariedade de alguns trechos, que muitas vezes ficam intransitáveis, impedindo o escoamento da produção agrícola e até mesmo o fornecimento de serviços públicos à algumas localidades.”
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