Idoso cai em ‘golpe do motoboy’ e ganha ação contra o Banco do Brasil; entenda

Idoso cai em ‘golpe do motoboy’ e ganha ação contra o Banco do Brasil; entenda
Advogado recomenda que idosos vítimas de golpe denunciem os casos e busquem justiça — Foto: Pexels/Reprodução
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Suposto funcionário da instituição orientou vítima a entregar o cartão em um envelope lacrado

O Tempo     Por Gabriel Rodrigues 

 

Mais uma vítima de golpe, um idoso ganhou uma ação na Justiça contra o Banco do Brasil, que ele acusou de não proteger adequadamente suas informações. O banco foi sentenciado a ressarcir R$ 88 mil ao cliente, além de pagar R$ 15 mil por danos morais.

A vítima, que não teve a idade divulgada, recebeu uma ligação de um suposto funcionário do Banco do Brasil que pedia a confirmação uma compra no cartão de crédito de R$ 4.200, cobrada por uma companhia aérea. Como o homem afirmou que a conta não tinha sido feita, o falso funcionário listou dados pessoais e bancários do cliente e pediu que fossem confirmados.

Depois disso, o suposto agente do banco disse que o cartão do cliente havia sido “hackeado” e que, portanto, o idoso deveria informar sua senha e colocar o cartão de crédito em um envelope lacrado para ser recolhido para uma perícia. Pouco depois, um motoboy recolheu o embrulho na casa do cliente. No dia seguinte, ao acessar a conta, o idoso descobriu compras de R$ 125 mil em seu nome. Quando o golpe foi descoberto, o banco só devolveu parte do valor.

O advogado Rodrigo Pagani, do escritório JBL Advocacia e Consultoria, que representou o homem, argumenta que os criminosos tinham dados privilegiados do cliente, que somente o banco poderia ter. “O banco tem que tomar as cautelas e providências para evitar que isso aconteça. Se ele cria mecanismos para facilitar a contratação digital, está criando, na verdade, facilidades para ele mesmo. Automaticamente, é responsável por criar mecanismos que dificultem a prática desse tipo de ato”, reforça o advogado.

Ele estimula que as vítimas denunciem o crime. “Muitas vezes, as pessoas ficam constrangidas de reconhecer que foram vítimas de fraude. Elas não estão cientes de que isso é uma falha do banco. A população ainda não foi esclarecida de que é necessário que as instituições financeiras sejam responsabilizadas”, sublinha.

Caiu em um golpe ou conhece quem caiu? Saiba como não constranger ainda mais a vítima, que não deve ser culpabilizada.

Resposta do Banco do Brasil

Procurado pela reportagem, o Banco do Brasil afirmou que não comenta decisões judiciais. Em nota, ele listou uma série de medidas de segurança que diz adotar: “utilização da biometria facial e comportamental, modelos que usam algoritmos de inteligência artificial, incentivo de soluções como o BB Code, solução que utiliza a tecnologia QR Code para autorizar transações financeiras. O BB também notifica seus clientes sobre o que acontece na sua conta por meio do SMS, ou push ou aplicativo de mensagens. Essas notificações ajudam o cliente a ter ainda mais controle sobre as operações, e, por serem enviadas em tempo real, podem ajudar a identificar rapidamente qualquer movimentação que ele desconheça”.

O banco afirmou, ainda, que não solicita o cartão de volta a clientes, como no caso do golpe relatado. “Caso o cliente receba esse tipo de ligação ou visita, o Banco orienta não entregar o cartão, nem mesmo de tiver cortado”, recomendou. Ele também orientou:

  • “conferir os lançamentos realizados na conta, caso receba uma ligação questionando movimentações financeiras que você não reconhece. Se ficar em dúvida, ligue para o seu banco, pelos números oficiais, para saber se existe algum problema com a sua conta.
  • se tiver recebido a ligação de um telefone fixo e for solicitado que ligue imediatamente para a Central de Relacionamento, ligue a partir de outro número de telefone, de preferência usando o celular, assim evita que a golpista “prenda” a sua linha telefônica fixa.
  • ao receber uma ligação, mensagem no WhatsApp ou redes sociais, SMS ou e-mail contendo link, não forneça, digite ou envie suas senhas, dados do cartão, códigos de liberação ou imagens do QR Code.
  • ao descartar o seu cartão, corte o chip, raspe o código de segurança, que são os três números que ficam na parte de trás e solicite o bloqueio do cartão ao seu banco”.