Startup mineira allu faz parceria com a Acer e mira em fãs de games

Startup mineira allu faz parceria com a Acer e mira em fãs de games
Para gamers, allu já oferece aluguel de PlayStation e de Xbox em sua plataforma — Foto: Freepik/Reprodução
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Com 21 mil assinantes ativos, empresa é líder no segmento de aluguel de eletrônicos na América Latina

Por Shirley Pacelli 

 

Depois de fechar parceria com a Nestlé para oferecer um plano de assinatura das máquinas de café mais high-tech do mercado em janeiro, a allu se uniu a Acer para oferecer notebooks gamers em seu portfólio. Serão disponibilizados aos jogadores três modelos da linhas Nitro e Predator, com aluguel a partir de R$ 166,50 ao mês. 

A allu é hoje líder latino-americana no setor de aluguel de eletrônicos e oferece de iPhones a Playstations, mas deve ir além. A meta é chegar a 60 mil assinaturas ativas neste ano, triplicando o tamanho da empresa. “A gente acredita que qualquer produto que tenha depreciação baixa ao longo do tempo, um produto que seja durável de fato, pode ser assinado”, afirma Pedro Sant'Anna, diretor de operações da allu. 

Segundo Sant’Anna, a empresa segue a crença de que as melhores coisas não devem ser privilégio de poucas pessoas e, por isso, a allu monitora constantemente quais são os itens mais desejados pelo brasileiro para incluir no seu catálogo. “Num cenário hipotético, eu imagino uma parceria com uma grande empresa de imóveis, por exemplo”, explica o empresário mineiro.  

Além de oferecer os produtos por cerca de 45% do valor praticado no varejo, a allu cria estratégias para chegar ao seu público alvo nas mais diversas localidades do país. A assinatura é oferecida, por exemplo, na rede de farmácias Minas Brasil, em Montes Claros, e também por meio de parceria com o Picpay.

Segundo o diretor de operações da allu, para ser realmente acessível, a análise de risco da empresa também não é pautada apenas no crédito e consegue aprovar mais de 90% das pessoas que tentam fazer uma assinatura. Saem de cena a figura de fiadores e entram dois mil pontos de análise de riscos “internos” e “externos”, alguns automatizados, como a verificação de tons terrosos da região onde a pessoa mora, que mostraria o quanto ela estaria exposta a ser furtada ou não, por exemplo. 

Quanto menor o risco, maior a facilidade de acessar produtos da categoria premium da allu, como o iPhone 15 pro Max, vendido no mercado por quase R$ 9 mil e com assinatura anual de R$ 5.999.

A taxa de inadimplência na plataforma é de menos de 3%, para dívidas de até 180 dias. As perdas, por sua vez, não chegam a 3%. “Diferentemente do empréstimo bancário, o nosso meio de quitação é muito mais fácil: você devolve o aparelho.  E muitos usuários, por exemplo, que tem algum tipo de problema na renovação, às vezes fazem um downgrade (rebaixar a categoria). Fez uma assinatura de um iPhone 13 Pro, viu que ficou muito pesado, troca para o 12 então!”, explica Sant’Anna. 

Um laboratório de assistência técnica interno cuida dos reparos e, em casos de roubos, os clientes recebem outro aparelho de volta pagando uma taxa de seguro de 25% do valor da assinatura. Os celulares obsoletos são utilizados na prática da formação de novos assistentes técnicos.

Veja as opções da novidade de aluguel para gamers:

 

  • Notebook Acer Nitro 5 RTX 3050 i5: a partir de R$ 166,50 (12x)
  • Notebook Acer Predator Triton RTX 3060 i7: a partir de R$ 256,50 (12x)
  • Notebook Acer Predator Helios RTX 4050 i7: a partir de 299,97 (12x)

Evolução no modelo de negócio garantiu sustentabilidade da empresa

De  400 assinaturas em 2020, a allu alcançou a marca de mais de 21 mil assinaturas ativas em dezembro de 2023, mas a empresa precisou passar por muitas mudanças em seu modelo de negócio até chegar a este marco. Em meados de 2016, Pedro, ao lado do seu amigo Cadu Guerra, plantou a semente do que viria a ser o serviço em uma apresentação pitch, direta e curta, num curso de empreendedorismo. 

Inspirados no conceito de economia compartilhada de Rachel Botsman, autoridade mundial no tema, os amigos queriam lançar uma espécie de “Mercado Livre de aluguéis” e pregavam que as pessoas queriam o acesso e não a propriedade sobre os objetos. “Era uma maneira mais eficiente tanto a nível de dinheiro quanto a nível de preservação ambiental”, explica Sant’Anna. 

Com o site de aluguéis de equipamentos eletrônicos lançado e centenas de cadastros realizados logo nos primeiros dias, a dupla de empreendedores verificou que ⅔ dos aluguéis não eram finalizados. “Às vezes, a pessoa colocava uma GoPro que não usava há dois anos, o ‘maluco’ ia viajar para praia, chegava lá para tirar foto e não funcionava. Ou eu acordava num sábado de manhã, de ressaca, olhava o aplicativo e via que teria que dirigir 10 quilômetros para entregar um PS4 por R$ 50. Nem eu que era fundador estava disposto”, lembra Sant’Anna. 

Neste ponto, eles decidiram centralizar a oferta e padronizar a logística, dentro do próprio marketplace. Em 2019, a allu passou a trabalhar somente com equipamentos fotográficos, como drones ou câmeras. O problema então foi que o mercado acabou. “A gente atendia os fotógrafos de Belo Horizonte e nem poderia mandar uma câmera para Roraima, por exemplo, porque só o frete ia ficar mais caro que o aluguel”, lembra Sant’Anna, contando que quase quebraram por sete ou oito vezes. 

O aluguel de iPhones surgiu como uma saída para o negócio continuar sustentável. Enquanto nos Estados Unidos 70 a cada 100 smartphones eram da Apple, no Brasil essa proporção era de apenas 13 para 100. “Eu fiquei um pouco chocado porque sabia que ‘iPhones’ eram 70% do volume de buscas no Google no país. Percebi que tinha uma distorção muito grande”, lembra Sant’Anna. 

A distorção, causada pelo abismo da desigualdade social no Brasil, foi também o filão encontrado pela dupla no segmento. Eles passaram a tornar o sonho de consumo do brasileiro algo mais acessível. O novo modelo de negócio foi um sucesso tão grande que outro problema surgiu: o excesso de demanda. “Se a gente fosse atender todos os clientes, a gente precisaria de R$ 600 milhões para comprar todos os ativos”, lembra o diretor de operações da allu.  Foi aí que surgiu a alluinvest, responsável por captar investimentos para a operação, ajudando a expandir o estoque de eletrônicos. 

Segundo Sant’Anna, a empresa decidiu dividir sua margem de lucro com investidores para poder escalar o negócio em 40 meses e não em 40 anos. “A gente tem uma margem de lucro muito maior do que o varejo, porque compramos um ativo que nele custa R$ 10 mil por R$ 7,5 mil. Como assinamos esse ativo com mais ou menos 45% do valor dele de varejo, isso representa mais de 60% do que a gente paga”, explica o empreendedor. 

Desde o início das atividades, a alluinvest arrecadou mais de R$ 200 milhões, R$ 107 mi apenas em 2023.