Família espera liberação de corpo de integrante da Máfia Azul que morreu em conflito com a Mancha Verde
O corpo de José Victor dos Santos Miranda, de 30 anos, permanece no Instituto Médico Legal de Rocha Franco, no interior de São Paulo
O corpo do integrante da Máfia Azul, José Victor dos Santos Miranda, de 30 anos, que morreu durante o conflito com membros da torcida organizada Mancha Verde permanece no Instituto Médico Legal de Rocha Franco, no interior de São Paulo. A expectativa é de que ele fosse liberado às 10h desta segunda-feira (28). O motivo do atraso não foi informado e, segundo familiares, a expectativa é de que o corpo seja liberado durante a tarde.
A expectativa da família é de que o velório possa ocorrer nesta terça-feira (29), em local a ser definido. A cerimônia, no entanto, será realizada na cidade de Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, onde ele residia com o filho de dez anos. "Dependendo do horário que for liberado, (o corpo) vai chegar aqui (em Sete Lagoas) só durante a madrugada. Vai depender disso para definir o horário do velório", disse uma tia da vítima.
A morte do integrante da Máfia Azul é investigada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Além do óbito, dezesse pessoas ficaram feridas. Elas foram socorridas para hospitais da região onde o conflito ocorreu. Conforme o boletim de ocorrência, o caso ocorreu na altura do km 65 da BR-381, rodovia que é conhecida como Fernão Dias, próximo a cidade de Mairiporã, em São Paulo.
"A perícia esteve no local e apreendeu rojões, fogos de artifício e barras de ferro e madeiras. O caso foi registrado como homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos na Delegacia de Mairiporã, que apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames de IML às vítimas. A ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) para identificação e responsabilização dos envolvidos", destacou.
O caso
Uma emboscada de integrantes da torcida organizada do Palmeiras Mancha Alviverde - antiga Mancha Verde - contra um ônibus da Máfia Azul, do Cruzeiro, deixou uma pessoa morta e outras 17 feridas na madrugada deste domingo (27 de outubro).
O atentado aconteceu por volta das 5h na altura do km 65 da BR-381, rodovia que é conhecida como Fernão Dias. Os cruzeirenses seguiam em direção a Belo Horizonte na volta do Paraná, após a derrota do Cruzeiro por 3 a 0, para o Athletico, quando os coletivos foram interceptados.
Ataque documentado
A confusão, que envolveu mais de 100 torcedores dos dois times, foi toda documentada por câmeras de celulares, parte deles de integrantes da torcida palmeirense. Nos vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver torcedores com camisas verdes nos rostos e barras de ferro nas mãos espancando os mineiros, muitos deles já desacordados ou implorando pelo fim das agressões.
Nos vídeos, também é possível ouvir os autores da emboscada falando "Aqui é a Mancha, p#$%" e "Aqui é a tropa do Moacir", fazendo referência ao presidente da torcida organizada. Imagens também mostram uma verdadeira "chuva" de foguetes, com dezenas de fogos de artifício sendo lançados contra o ônibus da torcida do Cruzeiro, que acabou incendiado.
Revanche
Nas redes sociais, torcedores dos dois clubes indicam que a emboscada foi uma "revanche", após uma ação semelhante armada pela Máfia Azul também na BR-381, em setembro de 2022, na altura de Carmópolis de Minas, na região Centro-Oeste. Na ocasião, o presidente da torcida rival do Palmeiras foi um dos mais agredidos pelos cruzeirenses.
Pregos na estrada
Indícios colhidos no local do atentado apontam que ele pode ter sido planejado com antecedência pelos membros da Mancha Alviverde. Na rodovia, os policiais encontraram os chamados "miguelitos", dispositivos feitos com pregos entrelaçados que são usados para furar pneus de veículos.
Além dos dispositivos feitos de pregos, normalmente utilizados por criminosos da modalidade conhecida como "Novo Cangaço", com o objetivo de atrasar a ação da polícia, no local da confusão também foram apreendidas bombas caseiras utilizadas pelos palmeirenses no confronto.
Morto era de Sete Lagoas
O torcedor do Cruzeiro que teria sido carbonizado no ônibus foi identificado como José Victor Miranda, de 30 anos, que é da cidade de Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais. A morte foi confirmada a O TEMPO por familiares do homem, que preferiram não dar entrevista por estarem muito abalados.
Nas redes sociais uma prima se despediu do familiar. "Descanse em paz meu primo...Cara, vou sentir saudade demais desse menino", lamentou. O torcedor morto, que se identifica como membro da Máfia Azul Sete Lagoas no seu perfil no Instagram, deixa um filho de 10 anos.
Hospital mobilizado
Segundo as autoridades paulistas, todas as vítimas são torcedores do Cruzeiro, sendo que 15 delas foram levadas ao Pronto-Socorro Anjo Gabriel, em Mairiporã, e outras três encaminhadas ao Hospital de Franco da Rocha. Sete dos 17 feridos sofreram traumatismo craniano e um deles sofreu uma lesão por arma de fogo no abdômen, mas não corre risco de morrer.
O TEMPO entrou em contato com a unidade de saúde que recebeu a maior parte dos feridos na manhã deste domingo, sendo informada por funcionários que toda a equipe seguia mobilizada no atendimento às vítimas e que, por isso, detalhes não poderiam ser divulgados.
Sem presos
Até o momento, nenhum suspeito de envolvimento no crime foi preso. Por nota, a Polícia Civil de São Paulo informou que investiga a briga de torcidas, chamada pela própria instituição policial de "emboscada".
Cruzeiro lamentou morte
O Cruzeiro Esporte Clube lamentou a morte do torcedor do clube por meio de uma nota publicada em suas redes sociais.
"O Cruzeiro lamenta profundamente mais um episódio de violência entre torcedores, desta vez durante a madrugada, na rodovia Fernão Dias, que culminou com a morte de um cruzeirense e vários feridos. Não há mais espaço para violência no futebol, um esporte que une paixões e multidões. Precisamos dar um basta a esses atos criminosos”, escreveu o clube.
Rodovia interditada por "segurança"
Procurada, a Arteris Fernão Dias, concessionária que administra o trecho da rodovia, informou por nota que a rodovia ficou interditada entre 5h14 e 6h30 "para manter a segurança de usuários e colaboradores".
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