Professores e estudantes de medicina da UFMG protestam contra sucateamento da instituição
Docentes e técnicos-administrativos pedem mais valorização dos profissionais e investimentos na educação pública
O Tempo Por Bruno Daniel
Professores e estudantes de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) denunciam um sucateamento da Faculdade de Medicina da instituição. A situação é uma das que motivam a greve do corpo docente e dos técnicos-administrativos da universidade federal. Na manhã desta quarta-feira (15), alunos e professores realizaram um ato em prol das universidades federais.
Os manifestantes afirmam que, desde 2019, os investimentos nas universidades tiveram redução significativas, o que trouxe impactos desde a infraestrutura da instituição até o aprendizado e a pesquisa.
"Nós, enquanto pesquisadores de universidades públicas, fazemos pesquisas via recursos públicos. Se isso nos falta, vai faltar recursos desde a questão de epidemiologia, saúde pública e nossos laboratórios. Nós fazemos pesquisa via nossos alunos de mestrado e doutorado e perdemos muitas bolsas", afirma Elaine Machado, professora de Medicina e diretora do Sindicato dos Professores da UFMG.
Atualmente no oitavo período de Medicina, a estudante Giovanna Gariglio, de 23 anos, sentiu na pele os efeitos da falta de financiamento. Ela iniciou os estudos sobre a vacina da cocaína, mas não conseguiu concluir a pesquisa como gostaria.
"Eu fiz iniciação científica por mais de um ano. Ela ficou parada porque não tinha financiamento. Não tinha como fazer a molécula. Tive que usar dados antigos para fazer o relatório final. Não consegui participar de nenhuma pesquisa com os animais. Outros alunos da UFMG passam pela mesma coisa", lamenta.
A reestruturação da carreira e a recomposição salarial dos professores também estão em pauta. Na primeira banca de negociação, segundo os professores, foi oferecido um reajuste de 12%, dividido para os anos de 2025 e 2026, sem nenhum percentual para 2024. A proposta foi negada.
Na manhã desta quarta-feira (15) houve uma reunião entre o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e representantes das categorias. Os professores terão uma Assembleia Geral na próxima sexta-feira (17), para discutir as propostas apresentadas.
"Nossa massa crítica está indo embora por questões salariais. É preciso valorizar tanto o professor que está entrando aqui agora quanto aquele que está aposentando. Estamos lutando para que essas ruas pontas sejam incluídas", opina a professora de Clínica Médica da UFMG, Luciana Diniz.
A desvalorização dos professores preocupa os estudantes, que em sua maioria paralisaram as atividades e estão participando dos atos de protesto juntamente com os professores. "A gente sente muita falta de alguns professores. É difícil encontrar professores substitutos e manter os professores que entram. A qualidade do ensino fica muito prejudicada", reclama a estudante Letícia Santos Rêda, de 24 anos, também no oitavo período de Medicina da UFMG.
Protesto
Desde o dia 15 de maio, professores de 40 universidades, cinco institutos federais e dois Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) estão com as atividades paralisadas. Os trabalhadores exigem reajuste salarial, melhores condições de trabalho e mais financiamento para a educação pública, além de reestruturação da carreira. Já os servidores técnicos-administrativos, por sua vez, estão em greve desde o dia 11 de março.
Por meio de nota, a UFMG reconheceu a legitimidade das reivindicações dos trabalhadores e disse que está acompanhando as negociações. A instituição também prometeu avaliar ajustes no calendário docente depois que o movimento for encerrado.
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