Morre Edgar Soares, coronel da PMMG que foi refém durante 12 dias em 1990

Morre Edgar Soares, coronel da PMMG que foi refém durante 12 dias em 1990
Edgar Soares foi feito refém por quadrilha de fugitivos em 1990. Na foto, o momento em que é libertado, amparado pelo coronel Aluízio Almeida e por seu advogado
Morre Edgar Soares, coronel da PMMG que foi refém durante 12 dias em 1990
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Soares morreu de insuficiência coronária e pulmonar em Belo Horizonte. Ele deixa quatro filhos

Ivan Drummond Estado de Minas 

 

O coronel Edgar Soares, que foi refém de fugitivos de uma rebelião da Penitenciária de Contagem em 1990, morreu no final da manhã desta quinta-feira (18/4), em Belo Horizonte. Vítima de insuficiência coronária e pulmonar, ele tinha 80 anos e estava internado há duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Luxemburgo, na Região Centro-Sul da capital mineira. Soares, que também foi fundador da Academia de Letras da PMMG, deixa quatro filhos.

O Coronel Edgar foi um dos principais personagens de uma perseguição a foragidos em Minas Gerais que durou 12 dias em agosto de 1990. Nesse dia, cinco presos se rebelaram na Penitenciária de Contagem, na Grande BH, e fizeram nove reféns, entre eles a capitã Luciene Albuquerque, mulher de Soares, grávida na época.

Num ato heroico, o coronel da PMMG se ofereceu para ser trocado de lugar com a mulher e acabou ficando refém por 12 dias, sob a mira de um revólver, que esteve, o tempo todo, apontado para sua cabeça.

O coronel Amauri Meirelles, hoje na reserva, conta que a situação foi inédita. “Nunca a PM tinha enfrentado tal situação, um sequestro e ainda por cima com um coronel como refém”, conta ele, que chefiou a operação que perseguiu os rebelados por Minas Gerais.

Segundo ele, a PM não estava preparada para enfrentar um sequestro, ainda mais com um membro interno da corporação como refém. "Estávamos pisando em ovos. O lema sempre foi preservar a vida do refém. Depois desse episódio, a PM fez um estudo do caso. Foram analisados os erros e acertos, todos. Foram analisados os recursos que faltaram. Hoje esse estudo está completo e é a referência caso aconteça qualquer caso semelhante”, diz Meirelles.

Relembre o caso

A rebelião começou por volta de 10h30 do dia 24 de agosto, quando o monitor Gilson Rafael Alves de Oliveira, e dois colegas, serviam o almoço, no Pavilhão 2. O grupo de prisioneiros liderados por Sebastião Pereira, o Tiãozinho, iniciou a revolta. Os cinco detentos levaram três funcionários da Fundação Getulio Vargas e dois monitores do presídio para o pavilhão 6, onde renderam a capitã Luciene, os tenentes Alexandre Lucas e Maurício Chaves Rodrigues e o sargento Luiz Gonzaga. Os cinco presos justificaram a revolta acusando a direção da penitenciária, que era comandada pelo major Marcelo Alves Assis de Toledo, de cometer torturas e espancamento dos presos.

Os rebelados exigiram um carro forte de uma empresa mineira, o que lhes foi entregue. A essa altura, o Coronel Edgar já estava em poder do grupo, que seguiu pela BR-381 no sentido Sul de Minas. Um comboio de 60 veículos, das polícias Militar e Civil, foi atrás dos fugitivos, em perseguição. A operação foi comandada pelo Coronel Amauri Meirelles e pelo delegado Nilton Ribeiro. Com contou o Coronel Edgar, o plano dos rebelados era aproveitar a escuridão para despistar a polícia. 

Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, os fugitivos exigem um veículo Santana Quantum, que é cedido pela PM, colocam Edgar no carro e liberam o tenente Alexandre e o sargento Luiz. O outro tenente, Maurício, tinha sido assassinado pelos presos. “Mataram o tenente do meu lado. E seguimos viagem com ele morto”, contou o coronel.

Os fugitivos ainda invadiram uma casa em Juiz de Fora, com o coronel como refém, e por lá ficaram por vários dias. No nono dia, a PM tenta invadir a residência. Tem início a Operação Salvamento, com atiradores de elite a postos. Acontece uma troca de tiros. Dois fugitivos ficam feridos e se rendem.
No 12º dia, o restante do rebelado se entrega, com o Coronel Edgar a salvo.