‘Mas ele é negro': bombeiro que matou policial em BH também é denunciado por racismo
Ministério Público afirma que Naire Assis Ribeiro ficou revoltado ao saber que Wallysson Guedes era policial penal; bombeiro chegou a acionar a Polícia Militar e chamar Wallysson de ‘haitiano’ em ligação ao 190
03/04/2024 às 17:17 •
Renato Rios Neto, Célio Ribeiro Portal Itatiaia
O bombeiro militar Naire Assis Ribeiro, acusado de matar o policial penal Wallysson Alves dos Santos Guedes em um bar no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, em fevereiro de 2024, foi denunciado pelo Ministério Público não só por homicídio triplamente qualificado, mas também por racismo. O registro da ligação do autor do crime para a Polícia Militar foi crucial para que essa denúncia fosse feita.
Na ligação feita por Naire para o 190, o bombeiro tenta denunciar o fato de que Wallysson, um homem negro, estava armado no bar na região Leste da capital mineira e se identificando como policial penal. No diálogo, ele demonstra não conseguir acreditar que a vítima, um homem negro, poderia ser agente de segurança.
- Naire: ‘eu sou subtenente, eu tô com uma pessoa aqui falando que é militar aqui, eu acho que ele é haitiano, se identificando como militar, eu queria é…’
- 190: ‘Mas o que ele está fazendo?’
Naire: ‘se identificando como militar e ele não é militar’
- 190: ‘Entendi, mas e aí senhor? Ele está mostrando distintivo? Ele está cometendo algum crime? Ele está fazendo algum mal para as pessoas?’
- Naire: ‘Oh minha querida, ele tá identificando como militar e ele não é militar, entendeu?
Pouco depois, a atendente pediu para o bombeiro passar as características do policial. Naire voltou a fazer comentários racistas:
- 190: ‘Qual característica do indivíduo, senhor?’
- Naire: ‘É negro’
- 190: ‘A única característica que o senhor está me dizendo é que ele é negro?’
- Naire: ‘Lógico, ele é haitiano’
- 190: ‘Mas e aí senhor? Qual é o problema dele ser negro, haitiano? Eu não estou conseguindo entender’
Por fim, Naire voltou a afirmar que Wallysson não poderia ser policial e pediu para que uma viatura fosse até o local. A atendente disse que acionaria o supervisor. Pouco depois, segundo o Ministério Público, o bombeiro voltou ao bar armado e alvejou Wallysson, atingindo principalmente o tórax do policial penal.
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