Empresário admite manipulação de resultados no futebol e diz ter lucrado R$ 300 mi

Empresário admite manipulação de resultados no futebol e diz ter lucrado R$ 300 mi
Empresário confessa manipulação de resultados no futebol e diz ter lucrado R$ 300 milhões Foto: Jefferson Rudy/Agência Senad
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William Rogatto admite atuação em esquema ilegal de apostas que rebaixou 42 clubes e envolveu árbitros, presidentes de clubes e federações

O Tempo Sports   Por Bárbara Ribeiro

 

O empresário William Pereira Rogatto, apontado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) como chefe de um esquema que manipulou resultados no Candangão deste ano, confessou sua participação na fraude. Em depoimento à CPI da Manipulação de Jogos no Senado, em 8 de outubro, ele afirmou ter lucrado cerca de R$ 300 milhões com o esquema, que incluía o rebaixamento de times. "Eu já rebaixei 42 times", declarou.

Rogatto é investigado na Operação Fim de Jogo, e na Operação Jogada Ensaiada, da Polícia Federal. Ele afirmou que o esquema funciona há mais de 40 anos e envolve federações de futebol de todos os estados brasileiros e até de outros países. "O esquema de manipulação dos jogos só perde para política e o tráfico de drogas em termos de valores", disse o empresário.

Durante o depoimento, Rogatto relatou que o esquema não envolve apenas clubes, mas também árbitros, presidentes de clubes e federações. Ele afirmou que possui provas, vídeos e gravações que comprovam a participação de diversas pessoas no esquema. "Eu sou só uma ferramenta, o mundo do futebol é muito mais do que a gente pensa", declarou.

Ao ser questionado pelo senador Romário (PL-RJ), Rogatto mencionou que o patrocínio de casas de apostas aos clubes facilita a manipulação de resultados. "Quando uma bet patrocina o seu clube, automaticamente o jogador se transforma em aposta", afirmou. Ele também disse que já atuou em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, além de outros nove países.

Rogatto afirmou que sua entrada no esquema ocorreu em 2009, após uma viagem a Las Vegas, onde teve a ideia de criar uma casa de apostas para lucrar com a manipulação. "Eu sempre paguei muito bem para esses caras", disse, ao mencionar a participação de jogadores da Série A do futebol brasileiro.

Em resposta ao senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI, Rogatto admitiu que engana presidentes de clubes e que alguns deles compactuam com o esquema. Ele afirmou ainda que manipulou resultados de clubes de diferentes estados, como Coruripe, de Alagoas, e equipes do Campeonato Carioca.

Rogatto declarou também que o esquema favorece árbitros, incluindo aqueles que atuam no VAR. Segundo ele, o pagamento a árbitros chegava a R$ 50 mil por jogo. "O sistema é uma matemática perfeita, não vê quem não quer", afirmou.

Dayana Nunes, presidente da Sociedade Esportiva de Santa Maria (DF), também foi ouvida pela CPI. Ela contou que conheceu Rogatto em 2023, quando ele se interessou em adquirir o time que ela comandava após a doença do marido. Dayana relatou que Rogatto rebaixou o Santa Maria e que sua confiança no empresário foi abalada após a sequência de derrotas do clube no Candangão.

Rogatto revelou que sua atuação em outros países se deve às brechas no sistema de apostas e que continua operando internacionalmente. "Eu uso nove países diferentes. O sistema está fazendo com que eu não pare", afirmou. Ao final, ele reconheceu que o esquema já lhe rendeu aproximadamente R$ 300 milhões, mas admitiu que perdeu quase metade ao entrar no ramo de ouro na África.