Caro e potente: Tudo o que se sabe sobre o Wegovy, nova injeção para emagrecer que chegou ao Brasil

Remédio para tratar obesidade já está disponível em farmácias brasileiras
O TEMPO
Assim como o Ozempic, o Brasil tem agora uma nova injeção de emagrecimento disponível para a venda em farmácias de todo o país: O Wegovy. O remédio a base de semaglutida tem um preço considerado alto por grande parte dos brasileiros, mas promete resultados eficientes para pessoas que enfrentam a obesidade e que tenham mais de 12 anos.
O Brasil é o primeiro país da América Latina a colocar o medicamento a venda. O preço da versão com doses mínimas, de 0,25 mg, variam de R$1.227,99 a R$ 1.298,83. Já a versão com maior dose, de 2,4 mg, tem preço médio de R$ 2.366. Os valores podem sofrer variação de acordo com programas de descontos do laboratório ou de planos de saúde.
A venda dos medicamentos começou na última semana. Ele já está disponível em lojas físicas da Drogaria São Paulo, Drogaria Pacheco, Pague Menos e Extrafarma.
Quem pode usá-lo?
O Wegovy foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro de 2023 para tratamento da obesidade (IMC inicial maior ou igual a 30 kg/m2) e sobrepeso (maior ou igual a 27 kg/m2), associado a ao menos uma comorbidade, como diabetes tipo 2 ou hipertensão. O uso pode ser feito por adultos e crianças com mais de 12 anos, quando prescrito por um médico.
"Ele (Wegovy) não é uma opção para uso a curto prazo, por pessoas sem essas condições, com objetivos estéticos ou pelo 'desejo social de magreza'", alerta Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).
Como a obesidade é uma doença crônica, progressiva e recidivante, o tratamento com Wegovy deve ser feito de maneira contínua, em longo prazo. Isso porque a medicação funciona enquanto é utilizada e estudos mostram que a interrupção do uso do remédio pode causar o reganho de peso.
"Na fase de platô (equilíbrio do peso após perda de alguns quilos), há aumento de hormônio de fome na circulação, então o paciente sente mais fome, e o metabolismo dele fica mais efetivo, ele gasta menos energia. Tem muita briga do organismo para voltar para aquele peso", explica ao Estadão a endocrinologista Priscila Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk.
Todos os produtos da Novo Nordisk da classe GLP-1 são tarja vermelha. Dessa forma, o medicamento será vendido apenas sob apresentação de prescrição médica. No entanto, a receita não precisará ficar retida na farmácia, diferente de remédios controlados.
"Sabemos que, apesar de na bula dizer que é uma medicação para ser vendida com prescrição médica, isso na prática não ocorre, aumentando o número de pessoas que utilizam a medicação sem indicação, ou de forma inadequada", afirma o presidente da Abeso No entanto, o endocrinologista afirma que, não é porque pessoas fazem uso inadequado que não devemos ter opções para quem as necessita".
Ainda assim, reconhece que o uso fora da prescrição pode prejudicar a oferta do medicamento para aqueles que precisam do tratamento. "O excesso de uso sem indicação pode fazer também que a medicação fique em falta para aqueles que têm indicação", diz.
Cuidados necessários
Assim como o Ozempic, o Wegovy tem como ativo a semaglutida, uma molécula que simula o hormônio GLP-1, produzido no intestino. Assim, ela auxilia no controle do nível de açúcar no sangue e também retarda o esvaziamento do estômago, prolongando a sensação de saciedade e diminuindo a fome.
A diferença entre os medicamentos é sua finalidade, que altera a dose recomendada para uso. Nos estudos que analisaram o uso da semaglutida para tratar para diabetes tipo 2, caso do Ozempic, a dose máxima recomendada é de 1 miligrama por semana. Já nos estudos para tratamento da obesidade, a dose que se mostrou mais eficaz e com o mesmo grau de segurança é a de 2,4 miligramas.
Para chegar na dose máxima, que é o ideal do tratamento, os pacientes devem seguir uma progressão lenta, com aumento gradual das doses. Isso pode demorar meses, a depender da tolerância e resposta da pessoa que está fazendo uso do medicamento. Não seguir essa titulação lenta aumenta a chance de uma pessoa apresentar efeitos colaterais, além de reduzir a eficácia do remédio, afirma Halpern.
O presidente da Abeso também lembra que pessoas sem sobrepeso ou obesidade - que usam a semaglutida sem indicação médica - tendem a perder mais massa magra com essas estratégias de perda de peso mais agressivas.
Além do cuidado com a progressão da dose, que deve ser orientada por um médico capacitado para tratar obesidade, o uso do Wegovy também deve ser feito junto a mudanças de estilo de vida, priorizando uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas - tudo isso com acompanhamento multidisciplinar. (Com informações Estadão)
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