Ao menos 100 PMs são suspeitos de integrar milícia que lucra com garimpo ilegal
Além de proteger garimpeiros ilegais, eles são acusados de uma série de crimes, incluindo roubo, tortura, sequestro e tráfico de drogas
O Tempo Por Renato Alves
Policiais militares são alvos de uma megaoperação desencadeada em Roraima na manhã desta segunda-feira (22). Eles são acusados de integrar uma milícia que agia a favor de garimpeiros ilegais, cometendo uma série de crimes, incluindo roubo, tortura, sequestro e tráfico de drogas.
Investigação do Ministério Público estadual aponta ao menos 100 policiais militares de Roraima como suspeitos de integrar o grupo miliciano. Em abril, foram presos um sargento e dois soldados. Nesta segunda-feira, na segunda fase da operação, policiais civis foram às ruas para prender mais quatro PMS.
Eles são suspeitos de inventar cenários de confronto para roubar dinheiro, ouro e cassiterita dos garimpeiros concorrentes de seus “patrões”, além de roubar os próprios garimpeiros, segundo o Ministério Público.
Mortes em série e roubo de avião
Os crimes atribuídos aos policiais milicianos são investigados em promotorias diferentes desde 2021, quando o ex-policial militar Gilson Viana, de 43 anos, foi preso suspeito de executar ao menos 12 pessoas. Já condenado, ele fugiu de um presídio de Roraima em outubro de 2023.
As investigações sobre a milícia formada por policiais roraimenses foram intensificadas após a morte do soldado Ismael Palmeira da Silva, durante um roubo de avião numa área de acesso a garimpos ilegais na Terra Yanomami, em setembro de 2022.
Em março de 2023, a Polícia Civil fez uma operação, derivada do roubo da aeronave, e prendeu três policiais militares, um policial penal, um policial civil e um ex-militar do Exército Brasileiro. O grupo é investigado por homicídios, sequestros e roubo qualificado, além de milícia privada.
Em janeiro de 2024, um foi parado e agredido por policiais militares quando trafegava pela RR-205, uma das estradas usadas como rotas para garimpos ilegais na Terra Yanomami. Inicialmente, ele foi abordado por quatro PMs em uma viatura, e depois chegaram mais oito.
O homem contou, em depoimento na Polícia civil, que os policiais queriam saber se ele era envolvido com o tráfico de drogas. Após negar, foi agredido, e teve um cordão de ouro roubado pelos policiais militares. Um deles depois foi reconhecido como um sargento investigado por integrar milícia e grupo de extermínio no estado.
Já em março, um motorista foi assassinado após ser parado em uma estrada carregando cassiterita. Os autores dos crimes são PMs milicianos, segundo o MP.
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