Tricolores de JF seguem o Flu até a Arábia Saudita por sonho do Mundial

Tricolores de JF seguem o Flu até a Arábia Saudita por sonho do Mundial

Depois de conquistar a “Glória Eterna”, torcedores encaram 13 horas de viagem para apoiar o tricolor

Por Vinicius SoaresFonte Tribuna de Minas 

Fluminense, depois de conquistar pela primeira vez a Libertadores, tem pela frente a disputa do Mundial de Clubes, na Arábia Saudita. A estreia da equipe acontece nesta segunda-feira (18), às 15h, contra o Al Ahly, do Egito. O jogo, que será realizado no Estádio King Abdullah, em Jeddah, terá um setor com dez mil assentos exclusivos para os torcedores do tricolor, e dois deles serão ocupados por filha e pai que saíram de Juiz de Fora com destino ao Oriente Médio: Giovanna e Alexandre Quinet. 

Dias antes de seguir viagem para o território saudita, Giovanna conversou com a Tribuna sobre a campanha histórica do tricolor na Libertadores e o sonho do título mundial. Segundo a torcedora, a influência para torcer pelo Fluminense veio de sua família, principalmente por seu pai e avôs. “Eu e meu irmão somos tricolores por causa da herança familiar. Sempre foi um elo, uma conexão muito forte com o meu pai, porque desde pequena eu sou acostumada a ir para o Maracanã”, conta ela, que frequenta o estádio desde os 13 anos.

A rotina quando adolescente incluía os jogos de quarta à noite, com poucas horas de sono para que não faltasse às aulas na escola. “Eu estudava à tarde, então sempre inventávamos uma desculpa para poder ir embora mais cedo, pegar o ônibus da excursão e ir para o Rio. O combinado era que no dia seguinte não podia faltar a aula. A gente chegava em Juiz de Fora por volta das 6h, eu só tomava banho, cochilava e ia para a escola”, relata.

Frequentadora assídua do Maracanã, Giovanna acompanhou in loco os sete jogos que o Fluminense realizou no estádio na última edição da Libertadores. Para Quinet, além da final, a partida mais marcante do Tricolor na competição foi a goleada aplicada sobre o River Plate por 5 a 1, na terceira rodada da fase de grupos. “Foi um jogo muito emocionante, até por ser sobre um time argentino, e já ter um histórico de rivalidade entre Brasil e Argentina. Foi inacreditável ter esse resultado. A gente tinha esperança de ganhar, mas não da maneira que foi. Eu e meu pai saímos emocionados (…). É um momento único que eu vou guardar na minha vida, pela alegria que a gente estava nesse dia, a euforia daquele jogo”, afirma.

A “Glória Eterna”

O título da Libertadores era uma conquista ansiosamente aguardada por todos os tricolores, que sofreram ao ver a taça escapar em 2008, no Maracanã, na final contra a LDU, do Equador. Giovanna viveu dias de ansiedade até o dia 4 de novembro, mas que, para ela, foram recompensados com a vitória sobre o Boca Juniors na decisão. 

A torcedora relata um momento emocionante que viveu às vésperas da decisão, quando encontrou com o ex-atacante Washington, que perdeu um dos pênaltis na decisão de 15 anos atrás. “Dias antes do jogo, eu fui num evento que estava o Washington, e ele pegou o microfone para pedir desculpas pelo que aconteceu em 2008, e dizer que acreditava muito no título. Aquilo me deu até mais esperança, porque eu sabia que não ia ser um jogo fácil contra o Boca”, conta.

Giovanna considera o dia do título um dos melhores da sua vida, e acredita que a taça ter sido erguida no Maracanã foi libertador para todos os torcedores do Fluminense. “No dia do final eu fui com o meu irmão. Meu pai, que sempre me acompanhou a todos os jogos, não pôde ir porque estava viajando com a minha mãe. Durante o jogo, a gente fez várias ligações de vídeo para ele acompanhar um pouquinho do que a gente estava sentindo. Ele chorava de um lado e a gente chorava do outro”, diz. “Acho que todos os torcedores do Fluminense precisavam desse momento. Depois de tanto tempo, tanto sofrimento, a gente conseguiu a Libertadores”, celebra.

Viagem para a Arábia Saudita

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“É um momento único que a gente vai viver”, diz Giovanna (Foto: Felipe Couri)

Giovanna tomou a decisão de acompanhar o Fluminense no Mundial de Clubes logo após a conquista da Libertadores. “A gente não sabe quando o Fluminense vai ganhar (a Libertadores) de novo, e eu terei a oportunidade de ver o Mundial. Então, logo que acabou o jogo, desci a rampa do Maracanã, liguei pro meu pai e falei: ‘vamos pro Mundial?’. Ele riu e falou: ‘Você está falando sério?’, e eu disse que sim”. 

Para poder viajar, a torcedora reorganizou suas escalas de plantão e contou com a ajuda dos colegas de trabalho para liberar sua agenda. “Também aumentei minha carga de trabalho para custear a viagem. A gente tinha que fazer isso acontecer, porque realmente é um momento único que a gente vai viver, é um sonho”, afirma.

Apesar da empolgação com o título da Libertadores, Giovanna mantém os pés no chão e não crava com antecedência uma final contra o Manchester City, equipe inglesa vencedora da Liga dos Campeões e grande favorita à taça. “Antes, quando um time brasileiro ia para o Mundial, todos já o consideravam na final. Hoje em dia, a gente sabe que os times que podemos enfrentar, na semifinal, são de qualidade. Esse primeiro jogo vai ser um desafio grande para a gente conseguir chegar na final. Estamos com o coração aberto, a torcida é muito grande, mas respeitando muito o adversário”, analisa.

*Estagiário sob supervisão do editor Gabriel Silva