Saiba quais são os bairros com mais casos de dengue em Juiz de Fora
Em 2024, cidade já confirmou mais de cinco mil casos e três óbitos pela doença
Por Leticya Bernadete Tribuna de Minas
Desde o início do ano, Juiz de Fora já registrou mais de cinco mil casos de dengue, de acordo com dados do painel de monitoramento de arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), além de três óbitos confirmados para a doença. Um levantamento divulgado pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (SS-PJF), atendendo solicitação da Tribuna, mostrou que o Centro foi o bairro com maior incidência de casos de dengue. Especialista ouvido pela Tribuna destacou que o número de casos pode estar associado a aspectos econômicos e de cobertura de saúde.
O levantamento da PJF considerou os casos registrados até o dia 18 de abril. No Centro, foram 294 confirmações para a dengue. Em seguida, aparecem Monte Castelo (230), Santo Antônio (217), São Mateus (197), Benfica (153) e São Pedro (152). No total, a Prefeitura disponibilizou dados dos 22 bairros com maior incidência da doença. Veja na tabela ao lado.
O levantamento demonstra que a dengue não se concentra em uma região específica, considerando que os bairros com maior número de casos se localizam em locais como área central, Zona Norte, Zona Sudeste, Zona Sul e Zona Oeste. Conforme o subsecretário de Vigilância em Saúde, Jonathan Ferreira Tomaz, a Prefeitura conduz determinadas ações aos locais com maior incidência.
“Quando identificado um bairro ou uma região com maior incidência no número de casos, a Prefeitura direciona toda a sua força de trabalho para lá, intensificando a ação dos agentes de combate às endemias, procedendo com bloqueio químico e controle vetorial, e também promovendo mutirões de limpeza através do Programa Boniteza.”
Notificações acontecem em bairros com cobertura de saúde, aponta infectologista
De acordo com avaliação do infectologista Marcos Moura, o alto número de casos de dengue nesses bairros pode estar relacionado a aspectos econômicos e também de cobertura de saúde, considerando que os casos serão notificados nos locais que oferecem esse serviço. “Nos bairros com pessoas com maior poder aquisitivo, você acaba tendo maior notificação e o número de casos aumentado, porque elas buscam o atendimento ou têm acesso facilitado ao atendimento médico.”
A maioria dos hospitais estão localizados na Região Sul de Juiz de Fora, o que pode explicar o alto número de casos em bairros como Centro, São Mateus, Santa Luzia e Alto dos Passos, de acordo com o especialista. Além disso, os casos leves de dengue não são notificados, bem como aqueles que apresentam boa evolução, considerando que, nessas situações, as pessoas não costumam buscar atendimento. Sendo assim, é possível que haja subnotificação da dengue na cidade.
“Quando pegamos um mapa desses casos de dengue, vemos claramente que pode ter um viés tanto econômico quanto de alerta. A pessoa que não tem UBS, não aparece doença nenhuma. Onde não tem assistência, não aparece”, explica. “Quando a pessoa não tem gravidade, fica em casa e isso passa despercebido. Isso não quer dizer que não tenha casos, nem que tenha controle de mosquito.”
Cidade registra tendência de queda de casos de dengue
O painel de Monitoramento de Arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde vem registrando, nas últimas semanas, uma tendência de queda no número semanal de casos de dengue em Juiz de Fora. Conforme Marcos Moura, é natural que, depois de um crescimento rápido no número de casos da doença, ocorra uma queda por conta de bloqueio na transmissão. Além disso, a queda nas temperaturas também contribui para a diminuição de casos. Entretanto, isso não significa que não haverá novas contaminações.
“A fêmea (do Aedes) pode colocar os ovos, e esses ovos virem a eclodir tempos depois, pois têm resistência por tempo muito grande”, explica o infectologista. “É sabido que o ovo da fêmea com dengue pode ficar no ambiente esperando para eclodir por mais de um ano. Então, as medidas de higiene, saúde pública, cuidados e limpeza têm que ser mantidas o tempo todo. E, ainda assim, quem não teve dengue, deve continuar usando o repelente.”
Tal orientação é reforçada pelo subsecretário de Vigilância em Saúde, Jonathan Ferreira Tomaz, especialmente nos locais com maior número de casos de dengue. “A orientação para os bairros com maior incidência segue a mesma: eliminar os possíveis criadouros do mosquito, ou seja, tirar aqueles dez minutinhos por semana, verificar calhas, eliminar pneus, garrafas e outros inservíveis que possam acumular água, e também receber os agentes de combate às endemias.”
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