Novo comandante da PMMG tentará aproximação para contornar crise com a ALMG
O secretário de Governo, Gustavo Valadares, teria orientado o coronel Frederico a se reunir com os deputados titulares da Comissão de Segurança Pública
O Tempo Por Gabriel Ferreira Borges
O novo comandante geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), Carlos Frederico Otoni Garcia, foi empossado, nesta quarta-feira (25 de setembro), aconselhado a dar acenos à Comissão de Segurança Pública para estancar a crise com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Antecessor de Frederico, o coronel Rodrigo Piassi do Nascimento subiu o tom contra o presidente da Comissão de Segurança Pública, Sargento Rodrigues (PL), ao deixar o comando geral da PMMG.
O Aparte apurou que, logo após a cerimônia de posse, o secretário de Governo, Gustavo Valadares, teria se reunido com Frederico para aconselhá-lo a se aproximar da Comissão de Segurança Pública em busca de reconstruir a relação entre o comando geral da PMMG e os deputados estaduais classistas. O novo comandante geral teria se mostrado aberto à ideia e, inclusive, deve telefonar para Rodrigues ainda nesta quarta-feira para dar um gesto de que está disposto a contornar o desgaste deixado por Piassi.
Além de ligar para Rodrigues, Frederico estuda se reunir com os titulares da Comissão de Segurança Pública. Além do presidente, compõem o colegiado os deputados estaduais Delegado Christiano Xavier (PSD), Coronel Sandro (PL), Eduardo Azevedo (PL) e Luizinho (PT). Em rota de colisão com Rodrigues ao menos desde abril, Piassi chegou a ser convocado pela Comissão de Segurança Pública para prestar esclarecimentos diversas vezes neste ano.
Ao se despedir do comando geral da PMMG, o coronel, que foi para a reserva, se referiu a Rodrigues como uma “mente rudimentar”. “Com o argumento de valorizar e defender os interesses e as necessidades dos militares estaduais, este parlamentar tem sistematicamente atacado a coesão das tropas e solapado a estrutura de hierarquia e disciplina que sustenta a PMMG. Para o meu desalento, com o alinhamento aparente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)”, criticou Piassi.
Ao fim do discurso, o agora ex-comandante geral da PMMG pediu, “de maneira humilde e intensa”, que a Mesa Diretora da ALMG “não seja conivente com o desmonte da hierarquia e da disciplina militar na PMMG”. “Infelizmente, aquele que defende o direito dos militares estaduais se tornou uma ameaça segura ao futuro da nossa instituição”, atacou Piassi, que deixou o comando geral menos de dois anos após assumi-lo, prazo em que é praxe a troca.
Depois da posse, Valadares fez questão de vir a público para ponderar que o discurso de Piassi não reflete o posicionamento dele, do governo Romeu Zema (Novo) e da corporação. “Ele tem, obviamente, como pessoa, o direito de expressar os seus sentimentos, mas nós, governo do Estado, a Secretaria de Governo e a PMMG, através do novo comandante, coronel Frederico, vamos continuar trabalhando para construir uma relação cada dia mais amistosa e construtiva com a ALMG”, pontuou o secretário.
O presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, criticou o tom adotado por Piassi. "Tal declaração está, certamente, entre as várias motivações que a saída do ex-comandante", apontou o deputado estadual. "A troca no comando geral da PMMG representa, definitivamente, uma página virada. Desejamos êxito ao novo comandante, coronel Carlos Frederico Otoni Garcia. O Parlamento reafirma sua postura de independência no exercício da representatividade e harmonia na relação entre as instituições", concluiu o presidente.
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