‘Inferno cinza’, diz fotógrafa que escapou de incêndio na serra do Cipó; veja vídeo

‘Inferno cinza’, diz fotógrafa que escapou de incêndio na serra do Cipó; veja vídeo
Incêndio destrói a vegetação da Serra do Cipó, em Santana do Riacho Foto: Brigada 1 / reprodução

Fogo ameaça fauna e flora da região; tempo seco e ventania favorecem a propagação das chamas

O Tempo   Por Isabela Abalen

 

“No percurso, tudo era fogo e fuligem. E aquela fumaça preta nos invadiu. À noite, a serra do Cipó ardia. A vila foi todinha tomada pelo inferno cinza”. Assim descreve a fotógrafa mineira Isis Medeiros, após escapar do incêndio na serra do Cipó, na região metropolitana de Belo Horizonte, iniciado nesse domingo (18 de agosto). As áreas de proteção ambiental estão em chamas desde então, e o cenário é descrito como “crítico” por quem atua nas operações. 

Isis relata, em suas redes sociais, que foi visitar a serra neste domingo para ter um final de semana de descanso na natureza. Ela foi surpreendida, no entanto, quando o fogo começou a se alastrar pela vegetação e cercar a trilha onde estava. O carro da fotógrafa também foi rodeado pelas chamas no estacionamento do Parque Nacional da Serra do Cipó.

“Era para ser um desses finais de semana tranquilos, fora da cidade, longe da poluição, descansando no mato, em paz na cachoeira. Depois da trilha e de chegar em uma cachoeira mais afastada, olhamos para o céu e avistamos uma fumaça já entrando pelas folhagens. O fogo aproximava”, relata ela em um vídeo postado no seu perfil – assista abaixo

Ainda conforme a fotógrafa, ela quase ficou presa no incêndio, tendo conseguido escapar ao voltar com rapidez ao alcance do carro. “Em questão de minutos, não conseguiríamos mais sair dali. Sabe aquela cena de filme de terror? Pois é, estávamos fugimos em direção à vila, e a fumaça sufocava”, continua Isis. Ela afirma que, logo após saírem da trilha, o fogo tomou tudo ao redor. 

Incêndio na serra do Cipó: fauna e flora em risco 

O tempo seco e a ventania favorecem a propagação do fogo, que ameaça a fauna e a flora da região, conhecida por sua rica biodiversidade. “Passamos a madrugada em combate. É uma tristeza. Está queimando tudo”, desabafou a brigadista florestal voluntária Ana Carina Roque, que atua na Brigada 1, uma das organizações empenhadas na tentativa de controlar as chamas. Também atua na ocorrência a Brigada Cipó. Como são organizações sem fins lucrativos, o trabalho é voluntário e os grupos contam com doações (veja como ajudar abaixo).

Conforme Ana, que também é servidora pública, o incêndio atinge uma “área muito extensa”. “Visivelmente, foi um incêndio criminoso. São vários focos”, diz. De acordo com ela, os voluntários têm se alternado entre dia e noite para tentar controlar as chamas. “Amanhã tem mais trabalho, e acho que será a semana toda de combate”, diz.

O Corpo de Bombeiros informou ter sido acionado na manhã desta segunda-feira para a altura do km 95, onde há um incêndio na vegetação na região de Cardeal Mota até Mato Dentro.

Doações

Interessados em auxiliar o trabalho voluntário dos brigadistas florestais podem fazer doações para as organizações sem fins lucrativos. O dinheiro é usado para compra de água, isotônicos, lanches e combustível, além de equipamentos usados pelos voluntários no combate às chamas.

  • Os valores podem ser destinados via PIX para belohorizonte@brigada1.org.br e para brigadacipomg@gmail.com.