Dez anos de Alemanha 7 a 1 Brasil: lições e marcas

Dez anos de Alemanha 7 a 1 Brasil: lições e marcas
Fernandinho lamenta mais um gol a Alemanha em pleno Mineirão Foto: Jefferson Bernardes/ Vipcomm
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp

Vexame deixou ‘tatuagem emocional’ nos torcedores, e jogadores ainda tentam explicar o que aconteceu naquele 8 de julho de 2014

Por Daniel Seabra, Dimara Oliveira, Frederico Jota e Paula Coura

“Todo dia é um 7 a 1”. A expressão foi incorporada ao vocabulário do brasileiro há exatos dez anos, quando a Alemanha deixava o mundo do futebol perplexo ao eliminar o Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 2014 com uma goleada estrondosa, no Mineirão. O resultado acabou se transformando em “Minerazo”, trocadilho com “Macaranazo”, como ficou batizada a derrota da seleção brasileira no Mundial de 1950, no Maracanã, no fatídico 2 a 1 para o Uruguai que tirou a taça do Brasil.

“O futebol tem uma conexão muito forte com o plano histórico, cultural e social brasileiro. E uma derrota como aquela, 7 a 1, marca. Faz uma espécie de tatuagem emocional em todos nós e naqueles que viveram aquele fatídico 2014 na Copa do Mundo. Certamente os jogadores trazem consigo aquela vivência, que, em alguns casos, foi transformada em trauma”, analisou João Ricardo Cozac, psicólogo do esporte, que atua há 32 anos com atletas e equipes. “A questão da superação é algo que vem com o tempo”, completou o também presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte e do Exercício Físico. 

Apesar de nenhum jogador ter sido estigmatizado – como aconteceu após a Copa de 1950, quando o goleiro do Brasil, Barbosa, que teria falhado no segundo gol do Uruguai, respondeu por várias décadas sobre o assunto –, muitos dos escalados para o Mundial no Brasil não superaram aquela partida de futebol. 

E seguem tentando se explicar sobre o que poderia ter sido feito ou o que aconteceu naquele 8 de julho. As falas variaram de “Deu ruim” (Maicon) e “Não tinha esquema de jogo” (Hernanes) a “Eu não acordava” (Marcelo) e “A gente se sentiu um lixo” (Hulk).

Felipão, técnico daquele escrete, assumiu a culpa pelo vexame e, ao Dimara Entrevista, de O TEMPO Sports, cutucou. 

“Muito bem, assumo minha responsabilidade. Todos têm que assumir sua responsabilidade. Mas nós fomos quarto lugar, ninguém mais foi (depois disso). Se ninguém mais foi, é porque a gente estava fazendo um trabalho razoavelmente bom”, disse, ao lembrar que, após a Copa de 2014, a seleção brasileira nunca mais disputou uma semifinal de Mundial.

Lado bom

Apesar de a goleada ter acontecido em solo mineiro, nem tudo por aqui foi classificado como uma tragédia. O Mineirão ganhou mais visibilidade após a Copa de 2014, segundo a administração do próprio estádio. 

“O legado deixado pela Copa está nos resultados esportivos na década de ouro do futebol mineiro desde então, com títulos de Copa Libertadores, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil e toda a capacidade multiúso que faz o Mineirão hoje o estádio com mais finais de campeonatos e taças levantadas no país, além de ser a maior plataforma de entretenimento do Estado, contribuindo diretamente para nossa indústria criativa”, afirmou Samuel Lloyd, diretor da Minas Arena.

Para Franco Noce, especialista em psicologia do esporte, uma das muitas lições do 7 a 1 é capacidade que as pessoas podem ter de enfrentar, assimilar e se adaptar a situações corriqueiras. "A gente tem que estar qualificado a entregar 'o melhor'. E se naquela situação 'o meu melhor' não tiver sido o suficiente, não tem muito o que fazer", afirma o também docente efetivo do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Esporte PPGCE/UFMG. 

FICHA TÉCNICA

BRASIL 1 X 7 ALEMANHA

Local: Estádio Mineirão

Data: 8 de julho de 2014 (terça-feira)

Horário: 17h (de Brasília)

Árbitro: Marco Rodríguez (MEX)

Assistentes: Marvin Torrentera (MEX) e Marcos Quintero (MEX)

Cartão amarelo: Dante (Brasil)

Gols:

BRASIL: Oscar, aos 44 minutos do segundo tempo

ALEMANHA: Muller, aos dez, Klose, aos 22, Kroos, aos 23 e aos 25, e Khedira, aos 28 minutos do primeiro tempo; Schurrle, aos 23 e aos 33 minutos do segundo tempo

BRASIL

 

Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo e Fernandinho (Paulinho); Bernard, Oscar e Hulk (Ramires); Fred (Willian)

Técnico: Luiz Felipe Scolari

 ALEMANHA

Neuer; Lahm, Boateng, Hummels (Mertesacker) e Howedes; Schweinsteiger e Khedira (Draxler); Muller, Kroos e Ozil; Klose (Schurrle)

Técnico: Joachim Low