Ataque de Israel em Rafah matou ao menos 17 palestinos nesta terça-feira
Ataques aéreos foram centralizados nos campos de refugiados de Al-Nuseirat e Al-Bureij, na porção central da Faixa de Gaza
O Tempo Por Agências
Ataques aéreos do Exército de Israel nesta terça-feira (18) mataram pelo menos 17 palestinos nos campos de refugiados de Al-Nuseirat e Al-Bureij, na porção central da Faixa de Gaza, de acordo com médicos e moradores, que também relataram avanços de tanques israelenses por todos os lados em Rafah, no sul do território.
Palestinos afirmam que disparos feitos por tanques e aviões atingiram várias áreas de Rafah, para onde centenas de milhares de pessoas se deslocaram antes de maio com o desenrolar da operação militar de Tel Aviv no norte e no centro de Gaza. À medida que a invasão aumenta na cidade do sul, parte da população foge novamente para o norte.
Tanques operavam nesta terça dentro das áreas de Tel al-Sultan, Al-Izba e Zurub, no oeste de Rafah, assim como em Shaboura, no centro da cidade. Os blindados também continuaram a ocupar bairros e arredores a leste do local, além de áreas na fronteira com o Egito e o posto de controle de Rafah.
Nesta segunda (17), Israel disse ter destruído cerca de metade das forças do Hamas em Rafah. De acordo com a emissora qatari Al Jazeera, os militares do país controlam de 60% a 70% da cidade.
Autoridades de saúde palestinas dizem que um homem foi morto de manhã por disparos israelenses no lado leste de Rafah. As equipes de resgate não conseguem, de acordo com médicos locais, retirar os corpos de outras pessoas que teriam sido mortas na área.
O Exército israelense afirma que mantém a "atividade precisa baseada em inteligência" em Rafah, matando atiradores do grupo terrorista ao longo do dia em combates de curto alcance e apreendendo armamentos. A Força Aérea atingiu dezenas de alvos em toda a Faixa no último dia, acrescentaram os militares.
"A cada hora de atraso, Israel mata mais pessoas, queremos um cessar-fogo agora", disse Khalil, 45, um professor de Gaza, agora deslocado com sua família na cidade de Deir al-Balah, no centro da Faixa. O Exército de Israel não fez comentários sobre as 17 mortes relatadas, mas disse que as forças continuaram a operar contra facções terroristas em áreas centrais de Gaza.
Enquanto persiste a operação no território palestino, outras frentes se intensificam. O enviado especial dos Estados Unidos ao Líbano, Amos Hochstein, disse nesta terça que Washington está tentando evitar um conflito maior entre Tel Aviv e Beirute. Israel tem trocado ataques quase diários com o Hezbollah, grupo xiita com forte influência na política e na sociedade libanesa que apoia o Hamas e disputa há anos com Tel Aviv o controle de áreas na fronteira.
No último dia 12, o Hezbollah fez o maior ataque contra território israelense desde o início da guerra em Gaza, em resposta à morte de um comandante em uma ofensiva localizada de Israel. "Vimos uma escalada nas últimas semanas, e o que o presidente Biden quer é evitar uma escalada para uma guerra maior", disse Hochstein. Ele se reuniu com o chefe do Exército libanês e com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, que também lidera o Movimento Amal, legenda aliada do Hezbollah.
"Diplomaticamente ou militarmente, de uma forma ou de outra, garantiremos o retorno seguro dos israelenses às suas casas no norte de Israel. Isso não está sujeito a negociação. O 7 de Outubro não pode acontecer novamente em nenhum lugar de Israel ou em qualquer uma das fronteiras", disse o porta-voz do governo israelense, David Mencer.
O avanço militar em Rafah ocorre um dia após o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, decidir dissolver o gabinete de guerra, formado no início da guerra em Gaza por membros da coalizão governista e da oposição. As forças israelenses divulgaram no domingo (16) que fariam pausas diárias, das 8h às 19h do horário local, nos combates em uma das principais estradas da Faixa de Gaza, de modo a facilitar o fluxo de entrada de ajuda humanitária no território.
A área de trégua iria de Kerem Shalom, um posto fronteiriço no sul de Israel, à estrada de Salah Al-Din, em Gaza, e de lá até o norte, segundo os militares.
Apoio dos Estados Unidos
Maiores aliados de Israel, os Estados Unidos avaliam a cada dia se enviam mais bombas a Israel, disse nesta terça-feira (18) o secretário de Estado americano, Anthony Blinken. O presidente Joe Biden reteve em maio um lote com 1.800 bombas de 907 quilos e 1.700 bombas de 226 quilos por receio de que fossem usadas em Rafah. Washington se opôs publicamente à invasão da cidade no sul de Gaza.
Em momento político conturbado, Netanyahu havia dito nesta terça que Blinken lhe prometera que "o governo [americano] trabalha dia e noite para reduzir o gargalo" gerado na entrega das bombas. "Como é possível que as armas e munições que compramos com nosso dinheiro deixem de chegar dos EUA?", questionou Netanyahu ao criticar a decisão do governo Biden de suspender o envio dos armamentos.
O chefe da diplomacia americana, entretanto, reiterou que o país aliado terá "o que precisar para se defender". Na Casa Branca, a porta-voz Karine Jean-Pierre desconversou. "Nós realmente não sabemos do que ele [Netanyahu] está falando. Simplesmente não sabemos", disse ela após ser questionada sobre o suposto gargalo.
"Continuamos a ter conversas construtivas com os israelenses para a liberação dessa remessa específica e não temos nenhuma atualização.Todo o resto está avançando no devido processo."
(Renan Marra/ Folhapress)
Comentários do Facebook