Volta às aulas na UFJF: alunos retomam atividade após greve de quase três meses

Volta às aulas na UFJF: alunos retomam atividade após greve de quase três meses
Prefeitura afirma que operação de sete linhas de ônibus foi retomada integralmente para atender estudantes (Foto: Leonardo Costa)
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Tribuna esteve no campus da universidade para avaliar fluxo de alunos e alterações no trânsito

Tribuna        Por Mariana Floriano, Hugo Netto Repórteres e Bernardo Marchiori*

 

Nesta segunda-feira (15), os alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)retornaram às aulas após quase três meses de greve. A volta dos estudantes movimentou o fluxo no campus, mas não gerou impactos significativos no trânsito da Cidade Alta.

A Tribuna esteve no local por volta das 15h30 e não percebeu alteração no volume de veículos, que estava semelhante ao das semanas anteriores, quando as atividades na universidade estavam paralisadas. Conforme motoristas ouvidos pela reportagem, o período de férias escolares pode ter ajudado na maior fluidez no campus. Tanto no Pórtico Sul, no Bairro São Mateus, quanto no Norte, no São Pedro, a passagem de veículos ocorria sem adversidades e congestionamentos. Uma maior retenção foi identificada por volta das 18h, horário de pico, quando comumente o número de veículos é maior.

A reportagem demandou a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), pela Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU), a respeito de uma estimativa de aumento no fluxo de carros devido ao retorno às aulas. Contudo, a pasta não soube informar.

Sobre a oferta de ônibus, para atender o maior volume de estudantes, a Administração municipal informou que sete linhas não chegaram a parar – apenas reduziram os carros disponíveis. Agora, com o retorno, a frota das linhas 170 (Zona Nordeste/UFJF), 525 (Universidade/Centro), 535 (Universidade – Via São Pedro/Centro), 545 (Universidade/Centro), 555 (Universidade/Centro), 655 (IF Sudeste/UFJF) e 755 (Zona Norte/UFJF) funciona integralmente.

‘Estava na hora’

A volta às aulas gerou um misto de sensações nos estudantes. A juiz-forana Marcela Machado, de 24 anos e graduanda no 5º período de Engenharia Civil, diz que o sentimento de retomar as atividades é de gratidão. “Chegou a hora de adiantar o que ficou para trás, resolver a vida e continuar os estudos. Durante a paralisação, fiquei com muita ansiedade, porque ficar em casa sem fazer essas coisas é ruim.”

“Minha formação vai atrasar devido à greve. Os cursos de engenharia já são difíceis naturalmente, o que causa algumas reprovações nas disciplinas. Juntando com esse período sem aulas, vai demorar mais ainda”, lamenta Marcela.

Por outro lado, a amiga Ester Roques, de 20 anos e aluna do bacharelado em Ciências Exatas, relata ter gostado de ficar um tempo sem aulas. “Eu precisava ir para casa, em São Lourenço (distante cerca de 180 quilômetros de Juiz de Fora). Moro bem longe dos meus pais, então foi bom para matar a saudade.”

Apesar disso, Ester considera gratificante o retorno às aulas. “Já estava na hora. Chega de ficar em casa”, brinca. A tendência, segundo ela, é de que sua formatura atrase cerca de seis meses, devido à interrupção no calendário acadêmico pela paralisação das atividades.

Procura por imóveis

Júlio Ribeiro, diretor de locação da Ribeiro e Arrabal, afirma que a procura por imóveis no Bairro São Pedro está aquecida. Segundo ele, esse movimento sempre acontece nesta época do ano, com o fim da greve coincidindo justamente com a época em que comumente é de volta às aulas.

Com os mais de três meses de paralisação, a imobiliária não sentiu um impacto grande em relação à desocupação de imóveis, já que muitos estudantes saem e já indicam o local alugado para um amigo, por exemplo. Ele explica que, por menor que seja a oferta, a procura no bairro é grande, então os imóveis dificilmente ficam vazios.

Ele destaca, ainda, a potencialidade do bairro para aluguel: “O percentual é de 0,6%, em cima do valor de venda, enquanto em outros bairros é de 0,4%. Por exemplo, um apartamento que vale R$ 200 mil no Centro, que é alugado por R$ 800, em São Pedro é alugado por R$ 1.200”.

Reposição de 73 dias letivos

Com o anúncio do fim da greve, a Pró-reitoria de Graduação (Prograd) decidiu, junto ao Conselho Setorial de Graduação (Congrad), pela reestruturação do calendário acadêmico a fim de repor os dias letivos que foram perdidos com a greve dos docentes. Aos professores que aderiram à paralisação, ficaram faltando 73 dias letivos, que deverão ser repostos até março de 2024.

São três calendários distintos em vigor: um para os cursos regulares do ano letivo de 2024 oferecidos nos campi de Juiz de Fora e Governador Valadares, incluindo os cursos de Educação a Distância (EaD) e Odontologia no campus GV. Os outros dois calendários são destinados aos cursos da área da Saúde: Enfermagem, Medicina e Odontologia em JF; e Fisioterapia-JF, Farmácia, Medicina e Nutrição em GV, os quais ainda estão concluindo o segundo semestre letivo de 2023.

Segundo Katiuscia Antunes, pró-reitora de Graduação, as aulas no primeiro semestre de 2023 vão até 8 de outubro, depois haverá um pequeno recesso com a retomada das aulas em novembro para o início do segundo semestre de 2023, que dura até março. “Houve a necessidade de um ajuste no calendário e, com isso ele, foi estendido para poder cumprir os 200 dias letivos. Ele foi proposto para que todos os docentes que aderiram à greve tenham a possibilidade da reposição das aulas a serem feitas.”

Já os cursos da área da saúde, como Medicina, Enfermagem, Odontologia e Fisioterapia terão datas diferentes para início e fim de semestre. O calendário completo para esses cursos foi publicado no site da UFJF. “É preciso que os alunos fiquem atentos aos prazo de reajuste de matrícula, e outras datas importantes após essa modificação”, finaliza Katiuscia.

*estagiário sob supervisão da editora Fabíola Costa.