Profissionais de Educação Física têm buscado segunda graduação em Nutrição
A combinação desses conhecimentos é capaz de potencializar os resultados alcançados, em termos de desempenho esportivo e qualidade de vida
Por Andreza Araújo Tribuna de Minas
Nos últimos anos, é possível observar aumento no número de profissionais da Educação Física com uma segunda graduação em Nutrição ou que buscam essa formação extra. Essa procura reflete a relação entre atividade física e alimentação saudável para a promoção da saúde e do bem-estar, avalia Paula Campos de Castro, pró-reitora de Graduação do Centro Universitário Estácio Juiz de Fora.
A combinação desses conhecimentos é capaz de potencializar os resultados alcançados, em termos de desempenho esportivo e qualidade de vida. Dessa forma, a formação mais abrangente e especializada reflete tanto na demanda do mercado, que busca por profissionais mais qualificados, quanto no desejo, por parte dos profissionais de Educação Física, de oferecer um atendimento mais completo para os clientes.
Primeiramente, é importante entender as possibilidades de cada um dos cursos. A Educação Física forma profissionais especializados em atividades motoras para atuarem nas áreas de esportes, educação, saúde e lazer. Dessa forma, os graduados nessa área podem atuar como treinador esportivo, personal trainer, gestor esportivo, professor em academias e escolas e recreador, entre outras funções. Além disso, por ser ligado às ciências da saúde, o curso traz inúmeras possibilidades de especialização, que vão desde fisiologia e saúde coletiva a treinamento desportivo, lazer e bioquímica.
Quando se pensa em Nutrição, a primeira coisa que vem à mente é dieta. Porém, a profissão vai muito além do que trabalhar somente em função de eliminar sobrepeso. Esses profissionais apresentam diferentes oportunidades de atuação, como a confecção de cardápios nutritivos em cozinhas de restaurantes, fiscalização de processos e realização de testes nos alimentos, a fim de garantir a qualidade dentro de indústrias alimentícias. Há, ainda, a possibilidade de exercer a profissão em consultório particular e nas academias com a nutrição corporal. Isso inclui nutrição esportiva, com acompanhamento para emagrecimento, ganho de massa muscular ou até mesmo de peso.
Acompanhamento completo
Para Leandro Silva, nova graduação possibilita a realização de um serviço de consultoria e acompanhamento completo com o aluno (Foto: Arquivo pessoal)
O professor de musculação, spinning e personal trainer Leandro Silva, 28 anos, decidiu pela segunda graduação em Nutrição quando era estagiário de Educação Física em uma academia. “Lá eu comecei a perceber que os alunos evoluíam pouco, principalmente por não terem uma boa alimentação. A combinação das duas áreas (Educação Física e Nutrição), na minha opinião, é essencial para o resultado na academia e nos esportes no geral, uma coisa acompanha a outra”, destaca o personal.
Para ele, a nova graduação vai possibilitar a realização de consultoria e acompanhamento completo com o aluno, desde a parte nutricional até os treinos. Ele acrescenta, ainda, que buscar essa capacitação não é apenas uma maneira de oferecer um tratamento mais eficaz, mas, também, uma forma de se destacar no mercado de trabalho. “Você acaba tendo mais uma área para trabalhar, aumentando o leque de opções. Esse é, hoje, um mercado muito concorrido, então torna-se um diferencial também.”
Por sua vez, vindo da Engenharia de Software, João Vitor Balthazar, 24 anos, diz ter se encontrado na Educação Física. Após trocar de curso, o jovem, que hoje está no segundo período, já tem como objetivo cursar Nutrição, após concluir sua primeira graduação. “Essa iniciativa partiu de mim mesmo quando eu estava ainda no primeiro período. Tive aulas que gostei muito, como a bioquímica, que foram me levando mais para esse lado. Além disso, saber que, por termos uma matriz curricular com aulas conjuntas, consigo cortar algumas matérias e me formar em menos tempo, me motiva ainda mais.”
Atualmente, João Vitor está estagiando em uma academia e, assim como Leandro, percebe como a falta de uma alimentação adequada pode atrapalhar nos resultados desejados. Ele acredita que a combinação das matérias vai ajudá-lo a garantir um diferencial no mercado e, também, uma capacidade maior de instruir seus futuros alunos.
Especialização na área ou nova graduação?
O coordenador do curso de Educação Física da Estácio, Renato Souza Lima, ressalta a importância da complementação na formação dos profissionais (Foto: Mauro Dioli/Estácio)
O coordenador do Curso de Educação Física da Estácio, Renato Souza Lima, ressalta a importância da permanente atualização na formação dos profissionais, seja através de uma segunda graduação ou de especializações dentro da própria área. Ele destaca que o estudo contínuo e o aprimoramento são fundamentais para o desenvolvimento profissional, de modo a proporcionar resultados mais qualificados.
No contexto da nutrição, o coordenador destaca que os alunos de Educação Física têm, em sua grade curricular, acesso a disciplinas que visam a compreensão de conceitos da nutrição e como intervenções nutricionais podem otimizar o treinamento, seja ele para performance, perda de peso ou manutenção da saúde. “Essa abordagem, além de aprimorar o trabalho do profissional de educação física na prescrição do treinamento, capacita-o a interagir de uma maneira mais qualitativa com uma área multidisciplinar. Então, a ideia é que ele consiga dialogar com o nutricionista para que ambos consigam trazer o resultado.”
Embora os benefícios da graduação em Educação Física e Nutrição sejam notáveis, Renato enfatiza que, para ele, ainda é mais interessante se especializar na própria área. Na sua opinião, o profissional deve contar com uma equipe multidisciplinar, que ajude no acompanhamento do aluno. “Tenha um psicólogo que você confie e que esteja alinhado com os propósitos e com o direcionamento de seu trabalho, um nutricionista, também, que entenda de nutrição esportiva, um médico cardiologista, um ortopedista. Essa rede de apoio vai trazer todo monitoramento necessário, com visões de diferentes especialistas.”
*Andreza Araújo, estagiária sob a supervisão da editora Fabíola Costa.
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