Empresários tentam se reerguer após água do Guaíba baixar no centro histórico de Porto Alegre
Nível do rio chegou a 4,5 metros nesta terça-feira (20); alguns pontos do centro ainda estão alagados, incluindo o metrô
Itatiaia Por Mauri Dorneles, Fernanda Rodrigues
Na medida em que a água começou a baixar no centro histórico de Porto Alegre, muitas pessoas iniciaram a limpeza de seus estabelecimentos comerciais. Apesar do Guaíba registrar 4,05 metros na tarde desta terça-feira (21), o cenário ainda é de muita destruição e tristeza.
É possível ver prédios históricos tomados pela água, monumentos estragados, equipes de limpeza da prefeitura tentando retirar a lama das ruas e o Mercado Público de Porto Alegre, que é o mais antigo do Brasil, totalmente tomado pela água, pela sujeira e por um odor muito forte. O metrô de Porto Alegre também está completamente inundado e cheio de lixo. Imagens mostram a precariedade do local.
Apesar da situação complicada, há empresários e empreendedores que acreditam na recuperação dos seus negócios. Esse é o caso do Lucas Silva, proprietário de um café na praça da Alfândega, no centro histórico da capital gaúcha.
“Graças a Deus a água começou a baixar já no domingo e a gente foi ver o prejuízo na prática. Tinha muita sujeira no deck, mas a gente conseguiu tirar ele fazer uma breve limpeza. Agora é contabilizar os prejuízos. Tem muita umidade e muita sujeira ali dentro. Mas agora é recomeçar e tentar de novo”, disse o empreendedor.
Apesar de ainda não ter calculado o tamanho do prejuízo, Lucas conta que a perda é de no mínimo R$ 20 mil. “Acho que tem em torno de uns 20, 30 mil reais de material e estoque. Mas ainda tem o tempo parado, mais a questão de funcionários. Não cheguei a contabilizar isso porque está sendo uma coisa de cada vez. Agora, a gente tem que recomeçar, criar forças, trabalhar muito e torcer para tudo dar certo”, acrescenta.
O empresário Agostinho Zucchi, dono de um outro café no centro histórico de Porto Alegre, acredita que já perdeu mais de R$ 100 mil, mas não abre mão de honrar o pagamento dos funcionários e de acreditar na recuperação do seu negócio e da cidade.
“Nós ficamos 16 dias debaixo d'água. No último sábado (18), a gente veio fazer a vistoria e constatei que a água era a mínima dentro de estabelecimento. Desde então, iniciamos a limpeza e o descarte de mercadorias vencidas e destruídas. Enfim, começou a nossa luta”, lamenta.
O comerciante ainda contabiliza todos os prejuízos da enchente. “A gente não tem como dizer exatamente qual será o (prejuízo) total. Nós temos nove geladeiras. Dessas, a gente não sabe se vai perder totalmente ou parcialmente. Considerando que o faturamento não vai existir e a gente, obviamente, se sente compelido a responder pelos salário dos funcionários, eu estimo que será no mínimo 100 mil reais de prejuízo. A gente perdeu muita coisa que estava aqui no café. O balcão foi destruído, madeiras, portas. A gente olha e dá uma tristeza. Mas, por outro lado, tem que erguer a cabeça e seguir”, finaliza.
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