Baianas Ozadas abre cortejo com lavagem da escadaria da igreja de São José

Bloco tem o combate à intolerância religiosa como tema no Carnaval deste ano
Por Gabriel Rodrigues O Tempo
Às 8h desta segunda-feira (12/02) de Carnaval, sinos ecoavam na igreja de São José, na avenida Afonso Pena. Nas escadarias, membros de terreiros de candomblé preparavam-se para iniciar um ritual que se tornou tradição do bloco Baianas Ozadas, um dos principais desta segunda, a lavagem das escadas.
O ato é uma celebração do sincretismo, demonstrando uma união harmônica entre catolicismo e religiões de matriz africana. “Este ato no Carnaval é importante para existirmos e persistirmos enquanto religião de matriz africana e trazer nosso povo para a rua, sair dos barracões, dos fundos das casas. A receptividade é linda aqui, todo mundo vibrando com a gente neste axé”, reflete a coordenadora da ala de axé do bloco Baianas Ozadas e membro do terreiro de umbanda Templo da Luz Divina. A celebração é inspirada na Lavagem do Bonfim, uma das maiores festas religiosas de Salvador.
Pai Alex, liderança do templo, defende que o Carnaval é um momento de visibilidade ímpar para as religiões de matriz africana, em uma cidade onde ainda imperam casos de intolerância. “Para quem é de terreiro, ele dá muita visibilidade para mostrar nosso direito de existir”, pontua.
Ele cita o caso de uma mulher que, saindo de um bloco com vestimentas religiosas na última semana, foi impedida de entrar em um restaurante em BH, o que ela considerou ser intolerância religiosa e racismo.
Neste ano, o Baianas Ozadas homenageia o bloco e banda de axé Ara Ketu. Também celebra Oxóssi, orixá da caça. O bloco percorre a avenida Afonso Pena e vira na Amazonas até a rua da Bahia até as 14h.
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