Saiba quando ‘Ainda Estou Aqui’ chega aos cinemas e entenda frisson em torno da produção

Saiba quando ‘Ainda Estou Aqui’ chega aos cinemas e entenda frisson em torno da produção
Selton Mello, Fernanda Torres e Walter Salles no Festival de Veneza durante a estreia mundial de 'Ainda Estou Aqui' Foto: Alberto Pizzoli / AFP
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Aplaudido pelo público e premiado pela crítica, longa de Walter Salles tem Fernanda Torres como protagonista

O Tempo   Por Alex Bessas

 

Ao menos desde sua primeira exibição, no início de setembro, no Festival de Veneza, o longa “Ainda Estou Aqui”, adaptação de livro de Marcelo Rubens Paiva para o cinema, sob direção de Walter Salles, vem gerando crescente frisson, nas redes sociais e fora delas, e aparecendo em alta nas buscas na internet, além de lotar exibições por onde é apresentado – como na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, onde a produção ganhou uma sessão extra, e também na 26ª edição do Festival do Rio, em que o longa foi apresentado em uma sessão especial.

Naturalmente, tanta expectativa levou a uma antecipação da chegada do filme ao circuito de cinemas no Brasil: anteriormente, a estreia estava prevista para janeiro, sendo, agora, remarcada para 7 de novembro.

Há pouco mais de duas semanas do começo de sua distribuição nas salas de exibição do país, “Ainda Estou Aqui” segue como o “assunto do momento”, quase despertando, em muita gente, a temida FoMO – como se habituou chamar aquele sentimento de apreensão por estar perdendo alguma coisa. Tem até quem, nas redes, se queixe da sensação de que “todo mundo já viu o filme ‘Ainda Estou Aqui’, menos eu”.

E existe, claro, uma série de particularidades que contribuiu para fazer crescer o furor em torno do título, que conta a história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo e de outros quatro filhos, que por 40 anos procurou a verdade sobre o que aconteceu com o marido Rubens Paiva, deputado cassado, sequestrado e morto em 1964, por agentes da Ditadura Militar. Rubens é interpretado por Selton Mello, enquanto Eunice é vivida nas telas por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretam a mulher em diferentes fases da vida.

Uma dessas tantas singularidades – que inclusive reforça a relevância dos festivais de cinema para a formação de público, mesmo na “era do streaming” – foi o aclamado debute em Veneza, quando, após o debute, o filme foi aplaudido de pé por 10 minutos. 

Se o sucesso perante o público se fez óbvio na primeira aparição, o reconhecimento da crítica também não demorou: de largada, em sua estreia, o longa saiu com o prêmio de Melhor Roteiro. Depois, vieram outras diversas honrarias.

Nesta terça-feira (22), por exemplo, a atriz e escritora Fernanda Torre ganha, por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”, uma homenagem do Critics Choice Awards na categoria “Atriz – filme internacional”. A premiação, que acontece no prestigiado Egyptian Theatre, em Hollywood, nos Estados Unidos, é parte da 4ª edição da celebração do cinema e televisão latino-americanos.

Antes disso, em 23 de setembro, o longa foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema, por unanimidade, para representar o Brasil na disputa por uma vaga de “Melhor Filme Internacional” no Oscar 2025. A lista com pré-selecionados será anunciada em 17 de dezembro. A expectativa pela estatueta, que o país nunca ganhou, é inclusive outro fator para tanta ansiedade dos espectadores.

Neste aspecto, vale relembrar que, embora um filme ítalo-franco-brasileiro tenha vencido o Oscar de Melhor Filme Internacional em 1960, o título, então, representava a França. A melhor chance, desde então, foi em 1999, com “Central do Brasil”, também uma produção de Walter Salles, que teve a atriz Fernanda Montenegro indicada à categoria de Melhor Atriz. Quem levou a melhor, no entanto, foi a norte-americana Gwyneth Paltrow, por “Shakespeare Apaixonado” – o que, até hoje, gera indignação em muitos brasileiros, que lembram o episódio como uma “injustiça”.

Como um típico arco narrativo tantas vezes repetido no cinema, “Ainda Estou Aqui” passou a representar, no imaginário popular, a chance de uma correção de rumos, uma “reparação histórica”, com Fernanda Torres “vingando” a injustiça sofrida por sua mãe há exatos 25 anos.