Pisa: estudantes brasileiros ‘desabam’ em ranking que avalia criatividade

Pisa: estudantes brasileiros ‘desabam’ em ranking que avalia criatividade
Imagem Ilustrativa | Freepik
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Mais da metade dos estudantes de 15 anos que fizeram o Pisa de 2022 não conseguiram desenvolver o pensamento criativo

Itatiaia      Por 

 

Mais do que os conhecimentos em conteúdos tradicionais, como português e matemática, a última prova do Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) também avaliou a criatividade dos alunos de 15 anos. Na última edição do exame, os alunos tinham que saber resolver questões inusitadas, como dar títulos para imagens abstratas e criar um diálogo entre o sol e a lua.

A prova deu um ‘nó' na cabeça de muitos estudantes, principalmente os brasileiros, que mais da metade, cerca de 54%, obtiveram um baixo nível de criatividade na avaliação. Em 2022, o Pisa queria saber se os alunos tinham capacidade de apontar soluções únicas e originais para situações-problema e de entender e imaginar conceitos abstratos para criar novas ideias.

Diante das provocações feitas pelo órgão internacional, os estudantes não tiveram bons desempenhos na avaliação como um todo. O país foi o 44° colocado entre os 56 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pontuação do ensino brasileiro foi de 23 pontos, dez abaixo da média estipulada pela instituição.

Para a psicanalista e psicopedagoga Cristina Silveira, os resultados demonstrados pelo Pisa não são uma surpresa, mas, sim, uma tendência das crianças e adolescentes da atualidade. “Há muito tempo observamos o declínio dos alunos quanto ao desenvolvimento da criatividade na escrita de textos ou mesmo em diálogos, na comunicação verbal. Em alguns casos os adolescentes e até mesmo as crianças apresentam dificuldades na expressão verbal e escrita de ideias e desejos”, apontou.

Entre os vários fatores que têm atrapalhado o desenvolvimento da comunicação e da criatividade de crianças e adolescentes, a psicanalista destaca a falta de leitura, a facilidade a tecnologias e redes sociais e os jogos eletrônicos. “O cérebro acostuma com esses estímulos visuais com movimentos, sons, luzes e de curta duração, fazendo com que as pessoas se cansem se tiverem que exercitar as funções executivas na leitura de um livro, onde tem que sede concentração, imaginação, por exemplo”, esclarece.

Criatividade X Dom

A criatividade, muitas vezes, é associada a dons artísticos, a personalidade e aptidão das pessoas. Contudo, ela pode ser desenvolvida e estimulada pelas escolas e pelas famílias a partir do contato com arte, diálogo, leitura, contações de histórias, esportes e passeios ao ar livre.

Silveira pontua que o ato de brincar é essencial para o desenvolvimento das crianças, mas que esse direito tem sido substituído pelo uso de telas. “O Brincar livre para a criança é uma fonte inesgotável de criatividade. É o lugar onde ela exerce as suas habilidades sócio-emocionais para lidar com a sua realidade, levando-a a criar soluções para suas dificuldades. Mas até esse brincar está sendo substituído por telas diversas, com conteúdos prontos e condicionantes”, afirma.

O que fazer para estimular a criatividade do meu filho?

Entre as atividades indicadas pela profissional, Silveira destaca:

  • Criação de jogos de tabuleiro;
  • Teatro;
  • Criação de revistas;
  • Aulas de música livre;
  • Pinturas e modelagem;
  • Criação de clubes de leitura;
  • Danças;
  • Esportes;
  • Canto;
  • Desenhos.

Para quê serve a criatividade?

A criatividade é importante para crianças e jovens cresçam de forma saudável e desenvolvam capacidades cognitivas mais abstratas. “Se não a respeitarmos teremos mais adultos adoecidos, depressivos, ansiosos, dependentes e imaturos, que não conseguirão lidar com as diversas dificuldades que o mundo real proporciona a cada um de nós. Sem criatividade, sem maturidade, sem capacidade de resiliência”, finaliza a psicanalista.