PF apreende quase R$ 1,9 milhão em espécie em carros de empresário sob suspeita de crime eleitoral
Carros estavam na garagem de centro empresarial localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro; há suspeita de corrupção eleitoral e lavagem de dinheiro
Por Renato Alves O Tempo
BRASÍLIA - A Polícia Federal apreendeu R$ 1.859.040 em espécie que estavam em dois carros estacionados na garagem de um centro empresarial localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, na noite de quinta-feira (3), durante ação contra crime eleitoral.
Os policiais federais cumpriram dois mandados de busca e apreensão na sede de duas empresas em atuação no Rio de Janeiro, sendo que o dono de uma delas é suspeito de praticar corrupção eleitoral e lavagem de dinheiro.
Durante as buscas, os policiais encontraram o dinheiro distribuído em caixas de papelão no interior de dois veículos de uso exclusivo do investigado. Os carros estavam estacionados no subsolo do centro empresarial.
A PF não informou o nome do empresário investigado, tampouco das empresas onde foram cumpridos os mandados de buscas e do candidato que seria beneficiado com a corrupção eleitoral.
“Os valores apreendidos foram encaminhados à Superintendência Regional da PF no RJ para o prosseguimento das investigações, no âmbito de inquérito policial instaurado para apurar a prática de corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro e organização criminosa”, diz a corporação em nota.
Com esta apreensão – a terceira nesta semana –, a Polícia Federal no Rio de Janeiro contabilizava, até a manhã desta sexta-feira (4), R$ 3.929.040. em espécie, apreendidos em ações de combate à prática de corrupção eleitoral em 2024.
Dinheiro apreendido durante pagamento por ‘adesivaço’
Também na quinta-feira, a PF prendeu em flagrante quatro pessoas envolvidas em compra de votos e associação criminosa em Teresina (PI). Cada eleitor recebia de R$ 100 a R$ 200. Havia mais de 300 em uma fila à espera do pagamento.
Os eleitores eram motoristas de aplicativo. O pagamento era relativo a “adesivaço” realizado anteriormente. Foram apreendidos cerca de R$ 150 mil.
Durante ação de monitoramento em evento político na zona sul da capital do Piauí, policiais federais abordaram os envolvidos no instante da entrega de dinheiro.
Dez pessoas foram conduzidas à sede da PF para prestar esclarecimentos, permanecendo quatro presas por suposto envolvimento em crimes de corrupção eleitoral e de associação criminosa.
A legislação veda a veiculação de propaganda eleitoral de qualquer natureza em veículos prestadores de serviços públicos, nos quais se enquadram os carros e motos que prestam serviços por aplicativo.
Mais de 50 são presos durante distribuição de dinheiro para motociata
Já em Aracaju, ainda na quinta-feira, policiais militares prenderam em flagrante mais de 50 pessoas sob suspeita de compra de voto. Elas estavam no Bairro Santos Dumont, na Zona Norte da capital de Sergipe.
A Polícia Militar sergipana recebeu uma denúncia que ocorria uma motociata, em que os condutores dos veículos passavam pelas ruas oferecendo dinheiro em troca do voto para uma candidata à Prefeitura de Aracaju.
De acordo com o relato do denunciante, ele se desentendeu com um dos organizadores do esquema, que inicialmente havia prometido R$ 50, mas na hora do pagamento, o valor foi reduzido para R$ 40. Insatisfeito, o eleitor telefonou para a PM.
Quando os militares chegaram, mais de 100 pessoas estavam formadas em uma fila, esperando o pagamento. Houve correria, mas 54 foram capturadas, a maioria motociclistas.
Com algumas pessoas, suspeitas de serem as organizadoras, foram encontrados envelopes com dinheiro, além de uma lista com nomes e números de telefone. Já motociclistas contaram que receberam o dinheiro para participar do ato a favor da candidata a prefeita.
Uma suspeita contou aos policiais militares que estava coordenando o grupo detido e que havia outros quatro grupos, totalizando cerca de 350 motociclistas, que já haviam recebido o pagamento prometido.
Além disso, materiais de campanha, como bandeiras e adesivos, foram encontrados na residência onde havia maior aglomeração, que parecia servir como ponto de controle para a distribuição do dinheiro.
A PM não informou o nome da candidata que seria beneficiada com a compra de votos. Há cinco mulheres entre os oito candidatos a prefeito de Aracaju. O caso foi encaminhado para a Polícia Federal, por se tratar de crime eleitoral. Os suspeitos foram liberados após prestarem depoimento, mas não estão livres de processo criminal.
A PF abriu inquérito para investigar tanto os indivíduos que teriam oferecido dinheiro a eleitores quanto os que teriam aceitado a oferta em troca de votos.
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