Lá na Lona apresenta dois espetáculos no Teatro Paschoal
O primeiro “A bolsa amarela”, para o público infantil, acontece nesta terça; o segundo, “Ecoa”, para o público adulto, acontece na quarta, ambos a partir das 20h
Fonte: O Tribuna de Minas Por Cecília Itaborahy
Há dez anos, Deborah Lisboa dedica-se a ensinar a arte do circo para pessoas de várias idades. Na época, Juiz de Fora ainda não tinha um espaço de formação circense como o que ela viria a criar. Precisou, então, mudar-se para Belo Horizonte para se profissionalizar, onde montou, primeiramente, a escola, e o lugar por onde ficou por dois anos. Mas Juiz de Fora era mesmo o lugar onde o projeto deveria seguir. Ela decidiu voltar para a cidade muito porque pensava nela, ainda criança, usufruindo desse tipo de atividade. “Eu queria ter tido exatamente a mesma oportunidade que as crianças têm hoje com o Lá na Lona”, confessa.
Parte dos ensinos de circo é também o espetáculo: além de ser a culminância de um ano inteiro de aprendizagem, é o ato em si já um processo do aprender, já que envolve, além de apresentar as técnicas, a produção, a preparação e mais um tanto de coisa que envolve a apresentação. “Circo é técnica e espetáculo”, resume Deborah. É por isso que todo fim de ano eles preparam um espetáculo com os alunos de todas as idades e os professores. Cada ano, um tema permeia os números. Neste ano, as turmas infantis foram divididas das outras. E o resultado são dois espetáculos circenses. O com as crianças é apresentado nesta terça-feira (19), “A bolsa amarela”. O outro, na quarta-feira (20), “Ecoa”. Ambos no Teatro Paschoal Carlos Magno, a partir das 20h. Os ingressos podem ser adquiridos a partir de um link no Instagram.
Deborah conta que o processo de pensar no espetáculo começa já na metade do ano. É um momento em que todo mundo se reúne para pensar e discutir o trabalho que será apresentado. As crianças gostaram da ideia de mesclar, junto com o espetáculo, uma contação de história. A partir disso, pensou-se no livro “A bolsa amarela”, de Lygia Bojunga, importante obra da literatura infanto-juvenil. Ele conta a história de uma menina que vive em um conflito permeado por três grandes desejos, que são escondidos na bolsa amarela. Um deles é o de crescer, o outro é o de ser um garoto, e, então, o de se tornar uma escritora.
Com o desenrolar do texto, entende-se que sua vontade mesmo é a de ter liberdade, que ela acredita que apenas os meninos têm. Mas, aos poucos, descobre a liberdade em outras coisas. A história é contada por Déa Stallone e as crianças aparecem entre os momentos para apresentar seu número, que partem também da liberdade e da criatividade.
Contar a história que se quer
Já o espetáculo da quarta também, de certa forma, é sobre liberdade, mas é a liberdade de cada aluno em contar a história que se quer. Deborah conta que a provocação foi perguntar a cada um “o que ecoa em você?”. A partir disso, os próprios alunos foram criando seus números, claro, com a supervisão e o apoio das professoras. “A gente dá essa liberdade para abrir os caminhos para o se entender artista. E perceber como cada coisa chega a eles. E tudo a partir da provocação inicial, que foi feita também na metade do ano e construída a partir de então”, explica.
Com isso, os mais variados temas são abordados. Todos eles mostram a forma como a arte circense ecoa em cada um. A proposta é ainda que o resultado reverbere também naqueles que forem assistir. “E é muito emocionante ver os temas que surgiram, seja coletivamente ou individualmente. Cada um fala sobre uma coisa importante. E tudo através do circo.” Deborah confessa ainda que além de ser um processo de aprendizagem dos alunos, é também momento em que os próprios professores aprendem e são enriquecidos com os trabalhos finais.
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