Herpes-zóster: vacina contra a doença pode evitar demência

Herpes-zóster: vacina contra a doença pode evitar demência
vacina dose ampola frasco vacinação Vacina é ferramenta importante no combate à herpes-zóster Tomaz Silva/Agência Brasil
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De acordo com dados do DATASUS do Ministério da Saúde, 27 mil casos da doença foram registrados no primeiro bimestre deste ano, no país

Itatiaia      Por 

 

Aumento de casos de herpes-zóster acende alerta para a doença. De acordo com dados do DATASUS do Ministério da Saúde, 27 mil casos da doença foram registrados no primeiro bimestre deste ano, no país. Aumento de 200% em comparação dos os 9 mil casos registrados no mesmo período do ano passado. Os dados do DATASUS ainda mostram que também houve aumento de 10,6% nas internações no país por causa da doença, em 2023, foram 2.600.

O epidemiologista e pediatra José Geraldo Leite Ribeiro explica que a herpes-zóster é uma complicação tardia da varicela. “Então, 95% de nós brasileiros que já tivemos catapora, podemos ter herpes-zóster. Quando a catapora se resolve, o vírus fica alojado, com envelhecimento ou alguma diminuição da imunidade, ele volta, sob forma de algumas bolinhas, numa região da pele bastante dolorosa, que incomoda e pode ter complicações”.

 

Sintomas

Os principais sinais da doença são dores nos nervos, formigamentos, agulhadas, adormecimento, pressão, ardor, coceira, febre, dor de cabeça e mal-estar. “O paciente que apresentar algum sintoma, deve procurar rapidamente o médico, porque o herpes-zóster responde a alguns antivirais, mas responde quando você começa nos primeiros dois dias de doença. Se começar mais tardio, o antiviral não consegue diminuir o tempo do herpes- zóster, nem evitar as complicações”, alerta o médico.

 

A doença pode causar algumas complicações:

 

• afetar o equilíbrio, fala, deglutição, movimento dos olhos, mãos, pernas, dedos e braços

• queda de plaquetas,

• infecção bacteriana, impetigo, abscesso, celulite, erisipela, sepse, artrite, pneumonia, endocardite, encefalite ou meningite e glomerulonefrite

• Síndrome de Reye, doença rara que causa inflamação no cérebro e que pode ser fatal, associada ao uso de AAS, principalmente em crianças;

• Varicela disseminada ou varicela hemorrágica em pessoas com comprometimento imunológico

• dor persistente por 4 a 6 semanas após a erupção cutânea

 

Prevenção

A melhor forma de prevenção da doença é a vacinação. A vacina para a herpes-zóster não é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante só é encontrado em laboratórios e clínicas particulares. “A Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda que todo maior de 50 anos de idade faça a vacina herpes-zóster. Além disso, ela pode ser feita entre 18 e 50 anos naquelas pessoas que têm uma predisposição a ter formas mais graves, como pessoas com imunodeficiências, diabéticos e outros problemas. Muita gente se pergunta também se quem fez aquela vacinação antiga há mais tempo tem que refazer de novo. A recomendação das sociedades médicas é que se revacine com a vacina nova. Ela tem uma eficácia muito superior, principalmente nos mais idosos, e já mostrou uma duração de proteção muito superior à vacina anterior. Por isso, essas entidades médicas recomendam que o ideal é que a pessoa se revacine com esta vacina nova”, reforça.

 

Vacina contra a doença pode evitar demência?

Um estudo desenvolvido por cientistas da Universidade de Oxford mostra que a vacina contra herpes-zóster pode reduzir em até 17% o risco de demência, nos seis anos seguintes após a pessoa receber o imunizante. “Faz muito sentido, porque o herpes-zóster pode ter como complicações ocorrências no sistema nervoso central. Então ele aumenta o risco dos derrames, aumenta o risco, inclusive, de acidentes cardíacos, né? Então é uma inflamação generalizada. Esse estudo mostrou que entre os vacinados houve um risco menor de demência, especialmente nas mulheres. Só que esse estudo ainda está publicado de uma forma preliminar. Nós precisamos ver a publicação definitiva, né? Para nós podermos afirmar isso com certeza”, detalha José Geraldo Leite Ribeiro, epidemiologista e pediatra.