Cacau fica 80% mais caro e impacta preços na Páscoa
Alta no cacau e em produtos lácteos faz com que ovos de chocolate superem a marca de R$ 70; especialista dá dicas de como economizar
Por Elisabetta Mazocoli Tribuna de Minas
(Foto: Felipe Couri)
A Páscoa deste ano acontece em um momento em que os preços estão pouco favoráveis aos consumidores. O custo do cacau avançou 81,63% nos últimos 12 meses, conforme levantamento do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ao mesmo tempo, os produtos lácteos, que compõem tipicamente os itens sazonais, também sofreram majoração, com os custos de produção aumentando 50% no período de outubro de 2023, de acordo com a Embrapa. Em alguns estabelecimentos, para atrair clientes, é possível encontrar a opção de parcelamento em até dez vezes na compra dos ovos da Páscoa, que, em muitos casos, chegam a superar R$ 70. Diante desse cenário, e às vésperas do feriado, juiz-foranos estão buscando alternativas mais econômicas e com custo-benefício vantajoso para manter as tradições, sem estrangular o orçamento doméstico.
A comerciante Maria Aparecida Araújo, de 42 anos, precisou optar nesta Páscoa por comprar os tradicionais ovos de chocolate apenas para as crianças de sua família, enquanto os adultos irão ganhar barras de chocolate.
“Assim, eu consigo economizar bastante e não passo em branco. Também devia ter comprado antes, dava para economizar mais, mas não deu tempo”, explica. No caso de Juliane Bonato de Araújo, 41, que trabalha como secretária, as compras são justamente para um sorteio que será feito na empresa em que trabalha. Por lá, será montada uma cesta com diversos itens, que também precisam se encaixar dentro de uma reserva de orçamento. Por isso, os produtos escolhidos foram caixas de bombom e barras. “Esses produtos costumam ser os que compensam mais”, explica.
Essa é, justamente, a primeira recomendação de Bruno Dore, economista com Phd em Finanças e coordenador do Centro Universitário Estácio JF , para o período, já que os ovos de chocolate precisam ser embalados de modo específico e têm um custo a mais para o transporte, além de, em muitos casos, virem também com brindes. Por isso, para muitos, as barras e caixas de bombom tornam-se as melhores alternativas.
A alta do chocolate está acontecendo, como ele explica, devido a fatores, como o aumento do preço do cacau no mercado internacional, principalmente devido à diminuição de produção da Ásia, que está enfrentando problemas devido às mudanças climáticas. “Isso ocasionou uma redução da oferta no mercado internacional justamente no período em que o cacau é mais demandado, que é a Páscoa. Com essa redução de oferta de cacau, os preços subiram muito, porque a demanda continua alta”, explica. Somado a isso, também está ocorrendo o aumento dos preços dos produtos lácteos, derivados do leite, que também compõem o cacau e foram fortemente responsáveis pelo aumento dos preços repassados a indústria e também ao consumidor.
Valéria Cristina de Andrade, 59, identificou essa alta de custos e começou a produzir os próprios ovos, além de pegar encomendas. “Como está tudo mais caro, preciso aumentar o preço também”, explica. Como o especialista destaca, mesmo os produtos artesanais passam a ser afetados pela cascata de aumento, mas ainda podem compensar para os consumidores. Lucia Ribeiro, que é profissional autônoma e tem 51 anos, usou como alternativa a esse cenário a compra de caixas de bombom e barras em quantidades maiores, já que tem uma família grande. Dessa forma, avalia, é possível aproveitar melhor as promoções. Para ela, “o mais importante é manter a tradição”.
Barras e caixas de bombom podem ser alternativas para quem quer economizar, mas deseja comer chocolate (Foto: Felipe Couri)
Dicas para economizar
O especialista ainda oferece outras dicas que podem ser úteis na hora de fazer esse tipo de compra, considerando o aumento dos preços. A primeira recomendação é procurar os produtores artesanais e locais, que podem ter preços melhores ante as marcas mais tradicionais. Nesses casos, também são feitas barras de chocolate e caixas de bombom com preços menores. Outra dica é, nos casos em que a preferência continua voltada para os ovos de Páscoa, que as opções se voltem para aqueles produtos com tamanhos menores.
Além disso, como ele destaca, é sempre recomendado procurar bastante, comparar o preço entre as lojas, ver na internet, enfim, pesquisar. “Há muita diferença de preço no mercado, o que pode fazer com que uma boa pesquisa compense bastante, principalmente para quem tem uma lista extensa nesse período”, explica. A Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) também trouxe uma recomendação importante para as famílias: “Na hora de ir às compras, evite levar crianças, já que as ofertas são muito direcionadas a elas. Assim, será mais fácil escolher conscientemente e se manter dentro do (orçamento) planejado.”
Procon divulga pesquisa de preços
O Procon também divulgou, nesta segunda-feira (25), uma pesquisa de preços de produtos de Páscoa, que foi realizada nos dias 18, 21 e 22 de março, em sete estabelecimentos diferentes da cidade, e observou os valores de caixas de bombons, barras de chocolate e ovos de Páscoa. Com essa lista, os consumidores também podem fazer as últimas compras de forma mais assertiva, garantindo os melhores preços.
No estudo, a caixa de bombons que apresentou maior variação de preços foi a da Nestlé, com diferença de R$ 5,80. A menor diferença, dessa categoria, foi a da Lacta – mas que, mesmo assim, superou os R$ 2. Entre as barras de chocolate, as da marca Garoto, nos sabores ao leite e confetti, apresentaram variação de R$ 3,50 entre o maior e o menor preço, chegando a R$ 6,99. A barra Tortuguita, da marca Arcor, apresentou a menor diferença de preço, mantendo-se na faixa próxima a R$ 5.
Na categoria dos ovos de Páscoa, a maior variação de preço encontrada foi no KitKat Nestlé de 332g, variando de R$ 59,99 a R$ 74,69. As demais marcas analisadas se mantiveram em menos de R$10 de variação de preço nos estabelecimentos levantados.
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