Arquiteto detalha projeto que pode ser erguido no Cefe do Granbery
Votação sobre o tombamento do centro esportivo acontece nesta segunda; caso vá a leilão, espaço dará lugar a conjunto de uso misto
Por Tribuna de Minas
O tombamento do Centro de Educação Física e Esporte (Cefe) do centenário Colégio Granbery deve ser finalmente votado em nova reunião extraordinária do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac), agendada para esta segunda-feira (15). No último encontro, no dia 8, todos os integrantes que haviam pedido vistas ao processo foram ouvidos. A discussão está na pauta há mais de dois meses, em meio ao anúncio do leilão judicial da área com cerca de 13 mil metros quadrados do Cefe, que inclui o campo de futebol, piscina e parte do bosque, com lance mínimo de R$ 40 milhões. A notícia do pregão comoveu a comunidade granberyense e do entorno, resultando em um abaixo-assinado com mais de 5.600 assinaturas a favor do tombamento.
Já a Rede Metodista de Educação insiste que o leilão é imprescindível para seu processo de recuperação judicial, que corre no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). A dívida da instituição é da ordem de R$ 1,2 bilhão, sendo em sua maioria de natureza trabalhista. O debate sobre o destino do Cefe do Granbery também chegou à Câmara Municipal na última quinta-feira, quando retornou à ordem do dia projeto de lei complementar que altera seis artigos da lei 10.777, de 2004, que dispõe sobre a proteção do Patrimônio Cultural do Município. Pela proposta, a aprovação do Comppac seria apenas a primeira etapa de um tombamento, e o projeto deveria ser enviado para ser discutido na Câmara, inclusive em audiência pública, antes de ir para sanção do Executivo.
O processo de tombamento do Cefe está em curso desde 2016 e recentemente teve parecer favorável do relator, Ignacio Delgado. Em sua conclusão, o também secretário de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação de Competitividade (Sedic) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) ainda propõe estudo e encaminhamento de disposições que permitam o acesso da área proposta à população de Juiz de Fora.
Já o Conjunto Paisagístico do Instituto Granbery é tombado desde 4 de abril de 2002 pelo decreto 7.324. Os edifícios Granbery, Tarboux e Lander, situados na Rua Batista de Oliveira 1.145, são representantes do estilo arquitetônico de ecletismo rebuscado.
Projeto prevê memorial para o Granbery e praças suspensas
A SOIP Incorporações e Vendas é a empresa juiz-forana proponente preferencial no leilão, para aquisição de parte do terreno pertencente ao Instituto Granbery. O pregão eletrônico foi reagendado para o dia 19 de fevereiro. O arquiteto e urbanista Nikola Arsenic, autor do “Masterplan Granbery”, detalhou à Tribuna parte do projeto a ser executado na área em questão. “A ideia é promover a integração do Colégio Granbery, que representa valores tradicionais consolidados da cidade, com as possibilidades de um desenvolvimento orgânico e sustentável da sociedade, preservando a memória do Centro de Esportes Granbery através de um memorial, que será feito no ponto neurálgico, lugar central do complexo, no qual vão se interligar os jardins das novas praças verdes suspensas sobre um centro comercial do bairro com o futuro conjunto edilício de uso misto.”
Assim, segundo ele, estão previstas a preservação e promoção de “ambientes generosos, abertos e inclusivos, de uso público,” que interligariam o equipamento existente a um novo, na forma de praças e parques, contendo jardins nas confluências, ao redor e ao longo de todos os logradouros que delimitam a propriedade do instituto, “beneficiando, desta forma, todo o bairro e a cidade com um importante respiro e atrativo”. “O objetivo é criar a condição para as sinergias entre os espaços público e privado neste coração do Bairro Granbery e também da cidade de Juiz de Fora, como um exemplo de parceria capaz de preservar o patrimônio, promover a integração social e possibilitar o desenvolvimento econômico.”
Projeto para empreendimento no local onde hoje fica o centro esportivo do Granbery (em destaque), entre as ruas Batista de Oliveira e Barão de Santa Helena, prevê centro comercial de uso misto com praças suspensas (Imagem: Arsenic Arquitetos)
Passivo ambiental
Conforme Arsenic, a metodologia utilizada na elaboração de concepções e projetos é referenciada e baseada em modernos conceitos de infraestrutura sustentável, contemplando os conceitos de “reduzir, reutilizar e reciclar”, garantindo a preservação dos recursos naturais e materiais. “Desde já são pensadas e integradas ao Masterplan as soluções para o bairro como todo, compreendendo o reuso de água, tratamento de esgoto e a utilização de energias renováveis, com intuito de minimizar o passivo ambiental.”
A proposta, segundo Arsenic, deu especial atenção à geração fotovoltaica em fachadas, selo de eficiência para edificações, cogeração de energia e água quente para edifícios com uso de gás natural, além da implementação da infraestrutura verde, “na forma de jardins de chuva e de biovaletas, que têm adquirido cada vez mais relevância em centros urbanos, por ser uma resposta aos problemas de drenagem provocados pela impermeabilização do solo”. “Capaz de promover a redução das vazões de pico através de sistemas de detenção, retenção ou infiltração da água da chuva, a infraestrutura verde é, também, uma alternativa à infraestrutura cinza tradicional”, explica. O arquiteto destaca que só na capital paulista já foram construídos 128 jardins de chuva, enquanto Nova York conta com mais de quatro mil e outros cinco mil em construção.
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