Soulslike à brasileira: 'Deathbound' traz elementos nacionais ao subgênero do RPG
Idealizador do game, Italo Nievinski, afirma que Marco Legal dos Jogos vai ajudar o cenário e relata obstáculos para desenvolver do jogo do Brasil
O Tempo Por Vinícius Lacerda
Que a indústria dos games cresce a cada ano no mundo, não é novidade. Somente em 2022, foram movimentados US$ 197 milhões em todo o mundo, e projeções da Statista, empresa alemã focada em pesquisas, apontam que o mercado deve crescer 12,1% até 2027. No Brasil, embora várias empresas e coletivos estejam em constante atuação, o investimento ainda é pequeno. O que não impede que haja movimentações e que criações de dar orgulho surjam por aqui, como é o caso de “Deathbound”. O jogo une cenários sombrios e batalhas de alta dificuldade, típicos do subgênero soulslike, a elementos da cultura brasileira, como a presença do personagem capoeirista Mamdile.
Produzido pela TrialForge Studio, “Deathbound” é talvez um dos games brasileiros mais aguardados de 2024, por adentrar uma seara de grande valia para o mercado: a do soulslike. Esse tipo de gênero, embora apresente alta dificuldade e, geralmente, sem opção “easy” (veja detalhes sobre o formato abaixo), tem um séquito de fãs ao redor do mundo, que garante popularidade, publicidade e, claro, bons números de venda. Para ter uma ideia, “Elden Ring” vendeu mais de 23 milhões de cópias desde o lançamento, em 2022. Além disso, foi o vencedor do Goty – prêmio equivalente ao Oscar para games – em 2023.
Foi pensando nesse mercado que o desenvolvedor de jogos e empresário Ítalo Nievinski, 36, teve a ideia, junto com sua equipe, de criar e produzir “Deathbound” em 2017. “Pensamos em um tipo de jogo que poderia escalar comercialmente e chegamos à conclusão de fazer um jogo para computador de RPG de ação”, conta.
Antes, porém, a empresa foi responsável por outros jogos para celular – o que garantiu experiência e entendimento de mercado para iniciar a jornada de produção. Agora, em 2024, o jogo já se encontra em estágio pré-Alpha – quando o jogo está prestes a ser lançado, mas ainda vai passar por refinamentos vindos de testes – e já ganhou grande expectativa do público.
Brasilidade
Um dos fatos que vêm chamando mais atenção é a presença de elementos da cultura brasileira no jogo. Durante as batalhas, o jogador poderá assumir diferentes classes de personagens à medida que coleta novas Essências. Usualmente, há as classes tradicionais, como bárbaro, lutador, feiticeiro e outros. “Deathbound” inova ao apresentar também um capoeirista, fato que vem chamando bastante atenção neste período de divulgação.
Embora a capoeira seja tradicional no país, as principais referências para a construção do personagem do jogo vieram dos monges. “No mundo do jogo, a capoeira funciona numa cultural monástica pela qual os monges, desde crianças, vão aprendendo e aperfeiçoando cada vez mais. A escolha de movimentos do jogo foi feita de maneira a alinhá-los, e focamos também esse aspecto acrobático da capoeira, que precisa de movimentos precisos e pode entregar ataques muito poderosos”, relata Ítalo.
Uma das áreas do jogo é um estádio de futebol, outra referência direta à cultura brasileira. “Em todo o desenvolvimento da parte artística, colocamos elementos do Brasil. Vai ter nosso país ali, também, como uma forma de levar um pouco da gente para fora. Várias decisões menores do jogo têm a ver com as nossas lutas e nossa forma de ver o mundo. Há muito do Brasil, mesmo que não esteja muito explícito”, conclui.
O que é um jogo soulslike?
Tudo começou em 2009, quando o estúdio FromSotfware lançou o jogo “Demon’s Souls”. Com alto grau de dificuldade e mecânicas peculiares, o game foi procedido pela série de jogos “DarkSouls”, criada pela mesma empresa. O sucesso e os aspectos únicos desses RPG de ação fomentaram o surgimento de um tipo de jogo chamado “soulslike”. Atualmente, o termo é amplamente utilizado e reconhecido, tanto por gamers quanto pelo mercado.
Características de um soulslike
- Câmera em terceira pessoa
- Progressão do personagem: o protagonista começa com poucos recursos e vai coletando itens e poderes
- Combate específico: geralmente mais lentos e cadenciados; é comum precisar decorar os movimentos dos adversários
- Cenários sombrios: mundos caídos e terras devastadas são cenário comuns neste tipo de jogo
- Exploração: não há um caminho claro de progressão, por isso é preciso explorar
- Alto grau de dificuldade.
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