Prejuízo da cana com incêndios aumenta e chega a R$ 1,2 bilhão; isso terá reflexos no seu bolso?

Prejuízo da cana com incêndios aumenta e chega a R$ 1,2 bilhão; isso terá reflexos no seu bolso?
Plantações de cana queimadas em incêndios somam perdas bilionárias Foto: União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica)
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp

Mesmo em áreas onde a planta já havia sido colhida, produtores podem ter altos custos com manejo

O Tempo    Por Gabriel Rodrigues

 

Além das perdas ambientais, os prejuízos econômicos causados pelas queimadas no Brasil continuam a aumentar. A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) divulgou um novo balanço sobre as perdas de produção, que agora alcançam R$ 1,2 bilhão e ameaçam até a próxima safra.

Por meio de imagens de satélite, a instituição identificou cerca de 181 mil hectares queimados no Estado de São Paulo. Replantar um único hectare de cana custa aproximadamente R$ 13,5 mil. E mesmo nos locais onde o replantio completo não for necessário, o produtor pode ter outros custos, como reforço do manejo e de nutrientes. A estimativa de perda bilionária considera a destruição da cana em pé, das soqueiras (os brotos que surgem após a colheita), a queda da qualidade da matéria-prima e os gastos adicionais.

Devastada, a cana só conseguirá rebrotar caso haja chuvas volumosas nos próximos meses, alerta a Orplana. "A taxa de plantio, a área a ser disponibilizada para colheita no próximo ano e o cenário de clima seco podem, sim, impactar a safra futura, mas ainda é muito cedo para qualquer previsão, pois vamos depender de como virão as chuvas e climas para os próximos meses”, diz o CEO da organização, José Guilherme Nogueira.

Em Minas Gerais, os prejuízos somam pelo menos R$ 180 mil, segundo a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig Bioenergia). Vimos o que ocorreu em São Paulo. Principalmente na região do Triângulo Mineiro, não foi diferente. É um número preliminar, mas são 45 mil hectares com incêndios, sendo que 30 mil eram de cana ainda a ser colhida, e 15 mil, de área de palhada, onde havia sido realizada colheita nos meses anteriores e havia palha. A cana já tinha brotado em muito dessa área”.

Da cana para o seu bolso

Os incêndios no país pressionam o preço do açúcar cristal, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). Já o preço do etanol pode sofrer reflexos no futuro.

Nas áreas de cana queimada, a cana salva precisa ser moída o mais rápido possível, explica o presidente da Siamig Bioenergia, o que impede cristalizar a sacarose e produzir açúcar. Por isso, o percentual de etanol no mix da produção está maior neste momento.

“Deslumbrava-se queda de produtividade no ano que vem pela seca. Com os efeitos desses incêndios, podemos ter ainda mais perdas do canavial, e a perspectiva da safra que vem é de redução da produção de açúcar e etanol no Estado. Temos um pouco mais de etanol neste primeiro momento, mas, no médio e longo prazo, a perspectiva é de redução”, diz Campos.

“A área que já havia sido colhida e onde houve incêndio preocupa bastante. Se a cana tinha sido brotada, ela se perdeu, e teremos que esperar para ver se teremos que fazer replantio. Isso é muito caro”, conclui.