Governo brasileiro faz alerta para material radioativo que estava em carro furtado

Governo brasileiro faz alerta para material radioativo que estava em carro furtado
Material radioativo que estava dentro do veículo furtado Foto: CNEN / Divulgação
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Veículo, que seguia para Santa Catarina e foi furtado em São Paulo, continha cinco embalagens com conteúdo tóxico

Por Agências

Um veículo com cinco embalagens que contém materiais radioativos foi furtado na madrugada última segunda-feira (1º), na zona leste da cidade de São Paulo. A Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) publicou uma nota oficial em que informa sobre o sumiço dos produtos e alerta para os riscos de manusear as embalagens.

Segundo a Polícia Civil, uma caminhonete que armazenava o material foi levada quando estava estacionada na rua Félix Bernadelli, que fica no bairro Iguatemi. O carro pertence a uma empresa de equipamentos médicos, que havia coletado os produtos no Rio de Janeiro e iria transportá-los aos estados do Paraná e a Santa Catarina.

Havia cinco embalagens com produtos radioativos na caminhonete. Segundo a Cnen, que fiscaliza o uso de materiais nucleares e radioativos no país, os produtos estão protegidos por embalagens de chumbo que evitam o vazamento de radiação, "no entanto, a manipulação inadequada pode vir a causar danos à saúde".

Fotos das embalagens mostram que se trata de substâncias de uso hospitalar. Um dos produtos é o Gerador Ipen-Tec, que produz uma substância usada em exames de imagem na glândula tireoide e nas glândulas salivares, por exemplo. Ele é fabricado pelo Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), vinculado à USP.

Outro, como se pode ver nas imagens divulgadas pela comissão, é um tricloreto de gálio, radiofármaco usado em tomografias de emissão de pósitrons (exame conhecido também como PET). Há outra embalagem que, segundo a inscrição, contém molibdênio-99 e tecnécio-99m, produtos usados na medicina nuclear para o diagnóstico de diversas doenças, como câncer, obstruções renais e demências, segundo o Ipen.

A maior parte das embalagens contém avisos de que os produtos são de uso restrito a hospitais. Fotos mostram que há produtos da fabricante RPH Radiofarmácia Centralizada, uma das maiores fabricantes de produtos desse tipo no Brasil. A reportagem entrou em contato com a RPH por telefone e e-mail, mas não teve resposta.

"Diligências estão em andamento para recuperar o material e o veículo furtados e identificar o autor do crime", informou a SSP (Secretaria de Segurança Pública). O caso foi registrado no 49º Distrito Policial, de São Mateus.

O Ipen informou que as informações sobre o caso serão fornecidas apenas pela Cnen.

País já teve incidente que deixou 4 mortos e centenas de contaminados

O maior acidente radiológico do Brasil deixou quatro mortos, ao menos 16 pessoas com lesões corporais e mais de 200 contaminadas, em Goiânia (GO). Em setembro de 1987, dois catadores de papel encontraram uma cápsula de césio-137 m um terreno de propriedade do Instituto Goiano de Radiologia (IGR), sem saber que o material era radioativo.

A peça foi rompida a marretadas e vendida a um ferro velho. Só duas semanas depois se descobriu a natureza do material. Assim como o material que estava no veículo furtado nesta segunda-feira, a cápsula fazia parte de um aparelho de radioterapia.

No ano passado, duas fontes radioativas de césio-137 desapareceram em Minas Gerais. Elas foram encontradas cerca de dez dias depois numa empresa de sucatas em São Paulo.

(Folhapress)