Dia a dia de estudante de medicina que ficou em estado vegetativo tem 2h de fisioterapia e 1h de fono: 'É tudo com muito cuidado e amor', diz mãe

Dia a dia de estudante de medicina que ficou em estado vegetativo tem 2h de fisioterapia e 1h de fono: 'É tudo com muito cuidado e amor', diz mãe
Larissa Carvalho durante sessão de fisioterapia em casa — Foto: Arquivo Pessoal
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Desde que Larissa Carvalho, de Juiz de Fora, voltou para a casa em tratamento home care, a família busca ao máximo estimular jovem, de 31 anos. Há um ano, ela fez uma cirurgia ortognática para corrigir a mandíbula e o maxilar, quando teve uma parada cardiorrespiratória.

Por Luiza Sudré, g1 Zona da Mata — Juiz de Fora

 

“Não queria tirar minha filha de um quarto de hospital e colocar em outro quando ela viesse para casa em tratamento home care”, disse ao g1 Maria Cristina de Carvalho, mãe de Larissa Carvalho, estudante de medicina, de 31 anos, que há um ano ficou em estado vegetativo depois de uma cirurgia para corrigir a mandíbula e o maxilar.

rotina de reabilitação da jovem precisa ser intensa e sob orientação de profissionais. Além do acompanhamento de 24 horas das enfermeiras, ela faz duas sessões de fisioterapia e uma de fonoaudiologia por dia. Além disso, ela tem uma consulta semanal com neurologista, e recebe mensalmente a visita de uma nutricionista e ortopedista.

“Encaro todos os cuidados com a Larissa, não apenas os básicos de alimentação ou higiene. Acredito que tudo faz parte do processo, nós a estimulamos o tempo inteiro, ela faz parte da rotina da casa, de toda a dinâmica das coisas que acontecem aqui”, disse Maria Cristina.

'É tudo com muito cuidado e amor'

 

Desde que Larissa voltou para casa, a família busca ao máximo estimulá-la. “Usamos o ambiente da residência, onde ela cresceu e passou a maior parte da vida. Foi uma orientação do neurologista, que disse que o ambiente familiar pode auxiliar no tratamento”.

 

“Nós conversamos, ela toma sol todos os dias, participa da mesa do café, colocamos para assistir às séries e escutar as músicas que ela gosta”, explicou a mãe.

 

 

Amigos e familiares sempre presentes

Conforme Maria Cristina, os amigos de Larissa sempre visitam a filha. “Estão sempre presentes. Apesar da interação ser baixa, é um estímulo cerebral e afetivo. É como se ela convivesse no ambiente com os colegas”, disse.

A mãe ainda lembrou que recentemente eles foram até a casa dela, levaram pizza e ficaram conversando com a jovem, e relembrando os momentos passados juntos.

 

“Larissa era muito ligada também com o avô, ele sempre vem nos visitar sempre que pode, conversa horas com ela. Nem sempre temos uma resposta, mas, às vezes, ela esboça um sorriso, um olhar diferente, mostrando a importância de todo esse estímulo”, complementou.

 

 

Família luta na Justiça por tratamento

 

Larissa Moraes de Carvalho antes da cirurgia  — Foto: Arquivo Pessoal

Larissa Moraes de Carvalho antes da cirurgia — Foto: Arquivo Pessoal

 

Há 8 meses a família aguarda a liberação da Justiça para conseguir um tratamento de neuromodulação para a jovem através do plano de saúde. O valor total do investimento chega a R$ 406.560 em um ano.

“Foi negado em primeira instância e só nos restou recorrer ao TJMG. Em fevereiro entramos com a apelação e vimos que o processo estava parado. Nosso advogado então entrou com pedido de agilização do processo”, explicou o pai de Larissa, Ricardo Carvalho.

A reportagem entrou em contato com o TJMG para saber mais sobre o andamento do caso, que informou que o processo tramita em segredo de Justiça. O g1 também tenta resposta do Saúde Servidor, plano de saúde usado por Larissa, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.

 

Relembre o caso

A juiz-forana teve uma parada cardiorrespiratória durante uma internação de uma cirurgia ortognática, procedimento para corrigir alterações de crescimento dos maxilares e mandíbulas. A família percebeu a filha na situação ainda na maca, ao voltar para o quarto.

Conforme os familiares, o prontuário médico da jovem indica que ela saiu da sala de Recuperação Pós-anestésica (RPA) às 17h45, sendo direcionada ao quarto do 9º andar da Santa Casa de Misericórdia, chegando lá por volta das 18h02, já passando mal. Neste intervalo de 17 minutos, ninguém havia identificado que algo estava errado com a paciente.

O hospital, o médico-cirurgião e o médico anestesista são investigados no caso, após duas perícias particulares, contratadas pela família, apontarem possíveis falhas no procedimento.

Santa Casa de Misericórdia disse que não vai se pronunciar sobre o assunto. Já o Conselho Regional de Medicina disse que “todas as denúncias recebidas, formais e de ofício, são apuradas, sendo respeitada a ampla defesa e o contraditório”. O g1 não conseguiu contato com a defesa dos médicos investigados.