Chacina em Neves: reconstituição pode mostrar se vítima também atirou em festa
Versão de que um dos suspeitos foi baleado por "fogo amigo" durante o tiroteio foi contestada pelos advogados dos cinco presos pelo triplo homicídio
O Tempo Por Bruno Daniel e José Vítor Camilo
Será testada, na manhã desta terça-feira (26 de novembro), a versão dos advogados dos suspeitos de executarem três pessoas - duas delas crianças - durante uma festa infantil, no crime que ficou conhecido como "Chacina de Neves", registrado em maio deste ano em um sítio de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. A defesa dos suspeitos argumenta que, na verdade, houve um tiroteio no dia, já que, segundo os advogados, Felipe Júnior Moreira de Lima, de 26, que seria o alvo do ataque e era pai de uma das crianças mortas no ataque,também estava armado.
No dia do atentado, um dos atiradores, Yago Pereira de Souza Reis, de 23 anos, deu entrada no hospital baleado. Mas, segundo a versão das testemunhas à polícia, tratou-se de "fogo amigo", com o executor sendo baleado pelos próprios comparsas. Esse é um dos pontos que, segundo o advogado Joel Francisco, que defende Ivone Silva de Almeida, de 42 anos, presa por supostamente passar o endereço da festa aos criminosos.
"A defesa conseguiu essa reconstituição porque tinha muita coisa que não estava elucidado, mas foi veiculado. Por exemplo, foi falado que teve tiro amigo, mas, na verdade, a gente acredita que houve um tiroteio, pois teve um tiro disparado de dentro para fora. Portanto, possivelmente a própria vítima revidou os tiros. E era uma arma 'rajadeira', então, pode ter disparado e acertado outras pessoas, por isso queremos tirar qualquer dúvida em relação ao processo", disse em entrevista a O TEMPO.
A reconstituição teve início às 9h30, sendo mostrado inicialmente somente a versão dos suspeitos. Enquanto isso, vítimas e familiares ficarão em outra casa, para evitar tumultos durante o processo. Após a versão dos criminosos, será a vez dos familiares que estavam na festa contarem como tudo ocorreu.
Antes do início da simulação, parentes das vítimas discutiram com os advogados dos suspeitos, aos gritos de "defensores de assassinos de crianças".
Advogado alega que mulher foi coagida a passar endereço
Ainda em conversa no local da reconstituição, o advogado Joel Francisco argumentou que, na verdade, sua cliente, Ivone, foi coagida a passar o endereço onde acontecia a festa de aniversário.
"Ela não nega que passou a localização, mas alega que foi coagida. A família dela estava sendo vigiada, mandaram foto da casa da irmã dela falando que iriam atirar se não passasse. O telefone dela teve 58 ligações, foi monitorada de lá até aqui. Não é como se ela fosse comparsa deles", disse o defensor.
Em entrevista, Luciana Moreira, de 42 anos, que é mãe de Felipe, avó do pequeno Heitor Felipe, de 9, e tia de Layza Manuelly, de 11, que foram mortos no dia, contestou a versão da defesa. "Eu não acredito em nada disso. A Ivone foi paga. Tanto é que os outros suspeitos que estão pagando o advogado dela", disse.
A mulher, que estava no local no dia do crime, também negou a versão do suposto tiroteio. "Quem atirou foi só os dois atiradores. O Yago foi atingido pelo próprio parceiro dele, pois, na hora que a gente avançou contra eles, ele atirou e acertou o comparsa", completou a mãe e avó das vítimas.
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