Candidatos à PJF apresentam ações para minimizar impactos da crise ambiental
A partir de matéria da Tribuna, candidatos à Prefeitura de Juiz de Fora apresentam suas propostas em prol do meio ambiente na cidade
Tribuna Por Bernardo Marchiori*
A cada dia, a questão ambiental preocupa mais a população mundial. Em Juiz de Fora, o número de casos de incêndio, por exemplo, aumentou consideravelmente em 2024. Além disso, algumas regiões da cidade passam por situações relacionadas a enchentes recorrentes e falta de saneamento básico. A poluição no Rio Paraibuna é outro ponto que requer atenção do Poder Público.
No momento de eleições municipais, é fundamental abordar a temática ambiental – especialmente em um momento de crise climática. Dentre as propostas divulgadas pelos candidatos à Prefeitura, encontram-se tratamento das águas, principalmente do Paraibuna, plantação de áreas verdes e combate às queimadas.
A partir da publicação que aconteceu no domingo (dia 22), uma pergunta foi elaborada e demandada a todos os candidatos nesta segunda-feira (23), às 8h, com prazo estipulado de retorno até às 15h do mesmo dia. As respostas deveriam ter, no máximo, 2 mil caracteres.
Não houve qualquer edição da Tribuna no material enviado, a não ser pelo corte do texto na sentença anterior, quando o limite de toques estabelecido em reunião com a presença de todos os assessores não foi cumprido.
A ordem em que os candidatos aparecem na imagem, bem como a de suas respostas nesta matéria, foi definida em sorteio com a presença das assessorias de todos os pleiteantes à PJF.
Com base nos pontos levantados, a questão demandada aos candidatos foi:
As queimadas que Juiz de Fora vêm sofrendo, como o resto do país, são resultado da ação humana, mas também reflexo da crise climática mundial, que vem trazendo diversos eventos extremos. Como seu plano de governo contempla ações para mitigar efeitos da crise climática e a degradação ambiental?
Charlles Evangelista (PL)
Nosso plano para conter a crise climática e a degradação ambiental em Juiz de Fora se baseia em dois pilares: ação e conscientização. No campo da ação vamos incentivar e fortalecer a fiscalização ambiental, combatendo o desmatamento ilegal e promovendo o reflorestamento. Nosso primeiro projeto será plantar novas árvores à beira da Avenida Brasil, criando um corredor verde naquele local. Acreditamos na educação ambiental como ferramenta de mudança, promovendo a responsabilidade individual e coletiva na preservação do meio ambiente para as futuras gerações. Neste campo vamos realizar campanhas de mídia e dentro das escolas públicas municipais. Além disso, é claro, vamos “dar exemplo”, adotando práticas diárias simples dentro da repartição pública municipal como o uso de recicláveis, etc.
Isauro Calais (Republicanos)
Realmente o mundo está de cabeça para baixo, a ação do homem é reflexo incontestável da crise climática mundial, que traz um efeito devastador para o nosso meio ambiente.
Vimos imagens do sol avermelhado em diferentes partes do Brasil parecendo um espetáculo da natureza, mas de fato são gases e partículas provenientes das queimadas na Amazônia, Pantanal e outras partes no nosso País.
Devastação e sofrimento do povo do Rio Grande do Sul, enchentes dos córregos Santa Luzia, Humaitá, inundação no Vitorino, Manoel Honório, deslizamento de terra, aumento da temperatura mundial, inclusive na Avenida Getúlio Vargas chegando a 47 graus quando a temperatura média em JF, era 34 graus, além das ressacas em praias do Brasil com ameaça dos oceanos à cidades litorâneas.
Temos que agir, no nosso Plano de Governo, vamos identificar todas as nascentes em nosso município, protege-las, criar incentivo para o produtor rural, para esse trabalho de proteção.
Criar o IPTU VERDE, para arborização de coberturas e fachadas, para diminuir a temperatura da nossa cidade, dando desconto para essa prática.
Conscientizar através do ensino nas escolas a proteção do meio ambiente. Com a guarda municipal e a defesa civil orientar produtores rurais para evitarmos queimadas. Só no ano de 2024 já foram registradas 710 ocorrências.
Implantar ciclovias de Benfica ao bairro de Lourdes e estudar implantação das mesmas em outras ruas e bairros.
Implantar em todas as ruas coleta seletiva do lixo, bem como a prática de reciclagem e compostagem, orientar o consumo racional da água, adotando práticas de economizar e fazer o dever de casa, evitando o vazamento das tubulações da rede pública.
Buscar recurso para implantação de um VLT (veículo leve sobre trilho) com retirada da linha férrea do centro da cidade, junto com investimento no transporte público de qualidade e incentivar o uso dos mesmos.
A responsabilidade é de todos, mas principalmente da administração municipal.
Victória Melo (PSTU)
O modo de produção capitalista (com o uso desenfreado dos combustíveis fósseis), o desmatamento causado pelo agronegócio e pelas grandes mineradoras, e a poluição sem controle gerada pela atividade industrial são as principais causas da crise climática e a degradação ambiental. Para mudar isso, precisamos construir a sociedade socialista, em que a vida humana esteja acima do lucro e que a produção seja planejada para atender às necessidades humanas, protegendo o meio ambiente e tirando dele apenas o que precisamos para viver. Em Juiz de Fora, a prefeitura precisa fiscalizar e punir rigorosamente aqueles que poluem o Rio Paraibuna e os córregos que cortam a cidade; expropriar as empresas que não atenderem às exigências ambientais e colocá-las sobre o controle da prefeitura e dos trabalhadores; construir mais estações de tratamento de esgoto; proteger nascentes, matas e represas; e criar nos bairros as brigadas populares de prevenção de incêndios e enchentes, como forma de engajar a comunidade na proteção ambiental.
Margarida Salomão (PT)
As queimadas dos últimos dias inserem-se num contexto maior, o de mudanças climáticas em nível global. Os casos de incêndios estendem-se a outros países, com casos recentes no Canadá e na Europa, locais que também sofrem com outros tipos de desastres como inundações — o mesmo drama vivido pelo Rio Grande do Sul há poucos meses.
A primeira resposta a isso tudo é derrotar o negacionismo climático, está evidente. Não é admissível que perdurem, no Brasil e no mundo, aqueles e aquelas que disseminam informações mentirosas, tentando negar o que é cada vez mais óbvio.
No aspecto local, esse enfrentamento passa ainda pelo suporte ao Corpo de Bombeiros. De minha parte, contribuí como deputada para a melhora da estrutura da corporação, inclusive na aquisição de um novo caminhão para combate a incêndios. Nos últimos anos, a Prefeitura ainda colaborou de todas as formas possíveis, em particular integrando o Sistema Municipal do Plano de Contingências. A Defesa Civil municipal ainda cumpriu e cumpre inúmeras tarefas, prevenindo e mitigando casos de queimadas.
Também trabalhamos muito na despoluição do Paraibuna, que se arrastava há anos, e vamos seguir trabalhando. Como já disse outras vezes, ele é um patrimônio da cidade e precisa ser preservado. Nós estamos fazendo a nossa parte, não só com a despoluição, mas também conservando as margens bem-cuidadas, limpas, e fazendo obras preventivas para o período chuvoso.
De modo amplo, temos contribuído para a mudança da matriz energética. Com a novíssima Usina Fotovoltaica, geramos energia limpa e ainda possibilitamos que a Prefeitura gaste menos com energia elétrica. Certamente um caso emblemático e exemplar, que merece mais investimentos, que já estão previstos, inclusive.
Ione Barbosa (Avante)
Sim, a área do Meio Ambiente vem enfrentando desafios urgentes em Juiz de Fora ao longo das últimas décadas. Mas a situação se agravou muito nos últimos quatro anos. A forma como a Secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas tratou a questão ambiental no município foi criminosa.
Não se trata apenas do corte de árvores no Estádio Municipal Radialista Mario Helênio, que possui um forte apelo simbólico, mas a forma como empreendimentos imobiliários foram liberados. Há pelo menos uma dúzia de denúncias de servidores efetivos da Prefeitura nas entidades de classe e no Ministério Público dando conta de que “deixaram a boiada passar”.
Áreas de preservação destruídas próximas a mananciais para construção de condomínios de luxo e parecer jurídico se sobrepondo a parecer técnico ambiental estão no rol das arbitrariedades. Isso sem mencionar a falta de transparência. Enquanto a Cesama sustenta em sua página na internet que o tratamento de esgoto em 2022 alcançou 31%, o Instituto Trata Brasil e a Agência Nacional das Águas revelam que o índice foi apenas de 10,3%.
Para mudar essa realidade primeiro é preciso transparência. A nossa proposta de governo prevê a instalação de pontos de monitoramento da água do Rio Paraibuna para acompanhamento do processo de despoluição. Vamos aumentar a capacidade de tratamento de esgoto e expansão das redes e coletores troncos com investimentos em soluções de inovação tecnológica e novos modelos de contratação de serviços e obras.
Há ainda necessidade de trabalho de contenção e limpeza das margens do rio e dos córregos para deixar a cidade preparada para evitar enchentes. O reflorestamento das margens do Paraibuna, com o retorno das espécies nativas, somado ao controle da fauna, são ações que impactam positivamente o microclima da região.
Por fim, será necessário fazer uma reforma na legislação sobre uso e ocupação solo. Mas vamos começar respeitando a legislação ambiental em vigor, que parece ter se tornado letra morta.
Júlio Delgado (MDB)
A importância de se manter o equilíbrio ambiental é um dos aspectos fundamentais para a preservação da natureza, principalmente da natureza humana. Precisamos tomar sérias atitudes e medidas para preservar o ecossistema, não importa onde vivemos. O assunto adquiriu tal gravidade que a Assembleia-Geral da ONU definiu “o pacto do futuro” como tema central do seu recente encontro de líderes mundiais, visando as gerações futuras e os impactos ambientais.
A reportagem de domingo, 22 de setembro, da Tribuna, aponta os desafios que a cidade enfrentará nos próximos anos. Uma gestão responsável não pode e não deve fechar os olhos para estas questões. Mas a atual gestão vai na contra mão de tudo. Em vez de plantar mais árvores para aumentar as áreas verdes urbanas, como manda todos os compêndios, ela resolveu cortar mais de 300 pinheiros no entorno do nosso campo de futebol. Para quê? Com que finalidade?
Enfrentar a crise climática é uma questão de vontade política e de uma gestão séria e competente. Meu Plano de Governo para Juiz de Fora contempla ações para recuperar e aumentar as áreas verdes urbanas. Vamos: 1) Incentivar a conservação dos recursos naturais para fazer de Juiz de Fora uma cidade sustentável; 2) Proteger a Mata do Krambeck e a represa Chapéu d’Uvas, alvo de especulação imobiliária; 3) Lutar contra a privatização da CESAMA, porque água é soberania; 4) Buscar investimentos para aumentar o índice de tratamento de esgoto da cidade; 5) Implantar o conceito de Cidade-Esponja em Juiz de Fora; 6) Despoluir o Rio Paraibuna com novas estações de tratamento de esgoto doméstico e industrial; 7) Manter limpas as galerias de águas pluviais.
Projetos de educação ambiental com visitas in loco em nosso jardim botânico, servirão para conscientizar as pessoas sobre ecologia e cuidados com as queimadas. Já as queimadas criminosas serão combatidas com a força da lei. Vamos fazer isso desde o primeiro dia do meu governo.
*sob a supervisão da editora Fabíola Costa
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