Apenas um ano de preparação: jovem de Uberlândia passa em 5 universidades públicas para medicina
Brenda Mendes tem 23 anos e passou na UFTM, UFGD, UEMS, UFMS e Famerp através do Enem ou vestibulares próprios de instituições de Minas, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Por Julia Barduco, g1 Triângulo — Uberlândia
Brenda Mendes, de 23 anos, quis ser médica desde criança. Contudo, foi só aos 21, quando estava no fim de uma graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária, que decidiu trancar o curso e se dedicar de forma exclusiva aos estudos para o vestibular do curso mais concorrido do país.
Um ano após tomar essa decisão, já acumulava aprovações em faculdades de medicina de cinco universidades públicas nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
A primeira das aprovações foi na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), pela nota do Enem. Já as outras quatro conquistas vieram pelo resultado em vestibulares tradicionais das instituições Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
O g1 conversou com a estudante sobre seus métodos de estudo e rotina durante o tempo de estudo que a levou às aprovações.
Decisão
Brenda tinha um objetivo: passar com apenas um ano de estudo. Isto porque havia trancado um curso de engenharia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) faltando apenas duas disciplinas para a colação de grau, e não gostaria de manter a primeira graduação em pausa caso não passasse em medicina.
"Eu ia voltar para a UFU esse ano, em 2024, mas como tudo deu certo, tive que trancar engenharia de vez. Cheguei até a apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), foi uma experiência muito boa", explicou Brenda ao g1 em uma entrevista pela internet, uma vez que já começou o primeiro semestre de medicina na Famerp, a instituição para a qual decidiu ir.
Ela afirma, ainda, que mesmo querendo ser médica desde sempre, lhe faltou coragem para enfrentar os vestibulares do curso, que podem chegar a mais de 200 candidatos por vaga.
"Eu demorei bastante tempo para entender que o meu sonho era medicina, para realmente voltar àquele sonho que sempre tive. Então, agora que eu voltei, daqui ninguém me tira mais."
Método
Sobre o método usado, Brenda destaca o estudo dirigido.
"Eu buscava entender as provas e compreender como é que elas funcionavam, o que mais caía, como caía, cada parte da matéria. Por exemplo, tem alguns exercícios de função de matemática que sempre caem, e quando caem, eles caem bem parecidos. Eu não decorei, mas eu aprendi a como fazer esses exercícios", explica ela.
Vindo da área da engenharia, Brenda sempre teve mais facilidade com as exatas e estudava matemática cerca de uma hora por dia. Contudo, não deixou as humanas de lado.
"Em humanas eu sempre fui muito ruim, linguagens pior ainda, mas entendi o que a prova pede e é só o que você precisa para passar. No fim, humanas foi a minha melhor nota no Enem, e isso se deu pelo estudo. Todos os dias eu estudava alguma coisa da área. Sempre buscava intercalar matemática com alguma coisa de humanas."
Apoio
Por já estar quase ingressando no mercado de trabalho após a primeira graduação, foi difícil para que as pessoas ao redor da estudante se acostumassem com a ideia de que ela prestaria o vestibular e começaria os estudos novamente.
"Os meus pais ficaram horrorizados no início, mas depois eles entenderam. Sempre foi um sonho meu fazer medicina e aí o apoio foi total. Da minha mãe principalmente", relata ela.
Vinda de escola pública, Brenda sentiu que precisou se adaptar a outra forma de aprender. Demorou para se adaptar ao método do cursinho, mas uma vez que entendeu a dinâmica do estudo, não parou mais.
"O meu maior desafio foi realmente as matérias que precisei aprender em pouco tempo. Eu tinha um acordo com os meus pais, com meu namorado, com a minha família: enquanto eu estivesse estudando, zero contato. Não me atrapalhavam enquanto eu estava estudando. Isso foi uma coisa muito bem combinada."
Sono e sonhos
Apesar das várias horas de estudo, Brenda fez seu máximo para manter horas de lazer e de sono constantes.
"Eu tinha um hora livre por dia e o horário de almoço, então eu via muita série. Eu fazia muita coisa. Não perdi os meus hobbies. Eu gosto muito de cozinhar, então eu cozinhava bastante nos domingos, quando não estudava nada. Sempre tinha também uma janela de 8 horas certinha para poder dormir e descansar."
Brenda destaca que o tempo, de qualquer forma, passa. Então, o que resta a fazer é aproveitar o máximo dele.
"Uma frase que eu ouvi algumas vezes é que se você não constrói o seu sonho, outra pessoa vai te contratar para construir o sonho dela. Então, constrói o seu sonho, porque o tempo vai passar de qualquer forma. O tempo vai passar."
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