Acidentes com caminhões nas estradas federais são duas vezes mais letais
Para especialistas, cenário escancara, mais uma vez, a urgência por reforço na fiscalização para coibir abusos, além da necessidade recorrente de investimentos para garantir melhorias nas condições de tráfego
Hoje em Dia
Os acidentes de trânsito com caminhões nas estradas federais são mais letais do que os sinistros com outros tipos de automóveis. Proporcionalmente, as batidas, capotagens e atropelamentos envolvendo veículos de carga matam duas vezes mais. Especialistas avaliam que o cenário escancara, mais uma vez, a urgência por reforço na fiscalização para coibir abusos, além da necessidade recorrente d e investimentos para garantir melhorias nas condições de tráfego, principalmente em Minas, que tem uma das maiores malhas rodoviárias do país.
Em 2023, o Brasil registrou 17.579 acidentes com caminhões, que provocaram 2.611 mortes – proporção de um óbito a cada 6,7 ocorrências. Entre os demais veículos a média é de uma vida perdida a cada 12 sinistros. (67.658 acidentes com 5.621 mortos). O comparativo foi apresentado pela Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra) a partir de dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Para o diretor científico da (Ammetra), Alysson Coimbra, os riscos de acidentes envolvendo os veículos de carga demandam regras mais rígidas. “Além do estabelecimento de um limite máximo de trabalho, previsto na Lei do Descanso, essa categoria é obrigada a fazer exames toxico-lógicos e deveria passar uma fiscalização mais intensa para mitigar os riscos de sinistros decorrentes do excesso de jornada e do uso de anfetaminas para burlar o sono, numa tentativa de atender prazos curtos e melhorar os rendimentos”, disse o médico.
Coimbra reforça a preocupação com o consumo de substâncias psicoativas. “Por isso é imprescindível que, além do toxicológico, as autoridades de trânsito façam testes aleatórios para detectar a presença de drogas. O problema é que, ao contrário do que acontece com o álcool, ainda não há mecanismos para fazer testes que detectem o consumo de drogas nos mesmos moldes do bafômetro”, acrescentou.
‘Causa muito mais dano’
Segundo o coordenador de Prevenção e Atendimento de Acidentes da PRF, Paulo Guedes, a corporação executa constantemente a fiscalização de veículos de carga, assim como todos os demais automóveis.
Com relação aos caminhões, são feitas ações para verificar o peso e o tipo de cargas. “Só que nada substitui o cuidado do condutor e das empresas, pois não conseguimos fiscalizar 100% dos veículos. O sinistro envolvendo o veículo de carga é perigoso principalmente para o outro veículo menor. Justamente por conta da grande massa, podendo atingir muito mais veículos. E quando atinge, causa muito mais dano”.
O Hoje em Dia tentou contato com o sindicato dos caminhoneiros de Minas, mas ninguém foi localizado. O espaço segue aberto para avaliações do cenário apresentado na reportagem. Sobre as condições das estradas, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que vem “ano a ano trabalhando para melhorar as condições das rodovias mineiras”.
O órgão disse que monitora mensalmente a condição da malha para avaliar as condições de manutenção. São considerados, por exemplo, a pista, sinalização, funcionamento dos dispositivos de drenagem. “Minas Gerais foi o Estado que exigiu mais atenção”, informou o Dnit, que promete mais ações em 2024.
“Em janeiro deste ano 39% das rodovias mineiras foram classificadas em boas condições; em fevereiro chegou a 45% e em março subiu para 46%. Esta melhora na malha mineira deve-se à ampliação significativa nos investimentos”. Para este ano, o investimento previsto é de R$ 1 bilhão para obras de construção e serviços de manutenção/restauração.
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