Título da Copa América pode mudar o patamar de muitos jogadores da seleção brasileira

Dos 26 convocados pelo técnico Dorival Júnior, apenas quatro já levantaram um troféu com a camisa verde e amarela

O Tempo Sports    Por Mateus Castanha

Muita gente no Brasil torce o nariz para ela, a trata com desdém e acha que mais um título pouco acrescentaria à rica história da seleção brasileira. Pode até ser, mas fato é que para a grande maioria dos jogadores convocados pelo técnico Dorival Júnior, uma eventual conquista da Copa América, que começa nesta quinta-feira (20), nos Estados Unidos, teria um enorme valor. Dos 26 nomes chamados, apenas quatro já levantaram um troféu com a camisa verde e amarela - a própria Copa América, em 2019. Ou seja, além se sagrarem campeões pela primeira vez com o Brasil e se valorizarem internacionalmente, boa parte destes atletas ganharia força na corrida por uma convocação para a Copa do Mundo de 2026.

Do grupo formado por Dorival, apenas o goleiro Alisson, os zagueiros Marquinhos e Éder Militão, além do meia Lucas Paquetá participaram da vitoriosa campanha na Copa América de 2019, disputada em solo brasileiro. Naquela oportunidade, o título veio com um 3 x 1 na decisão diante do Peru, no Maracanã, ainda sob o comando de Tite.

De lá para cá, a seleção naufragou. Foi derrotada pela arquirrival Argentina na final da Copa América de 2021, novamente no Brasil, e eliminada, no ano seguinte, nas quartas de final da Copa do Mundo, para a Croácia, numa campanha sem qualquer brilho. Já nas eliminatórias sul-americanas para o Mundial de 2026, a campanha é pífia, para dizer o mínimo. O Brasil é apenas o sexto na classificação geral, com sete pontos em seis jogos. A líder, Argentina, tem 15 pontos nas mesmas seis partidas. 

Ou seja, diante deste cenário de fracassos recentes, uma conquista nos Estados Unidos seria muito bem-vinda. “No caso desta seleção, acho que seria um ponto importante a conquista de um torneio como este. Mesmo que o brasileiro e o sul-americano, em alguns países, não olhem para a Copa América com este olhar de desejo, como acontece com a Eurocopa. Mas neste caso, para estes jogadores, que estão começando, tentando ter um título importante (na seleção), acho que ela tem um valor muito grande”, opinou a comentarista de O Tempo Sports Dimara Oliveira. 

Teste também para Dorival

Quem também precisa se provar é Dorival Júnior. Ainda que seu início à frente da seleção brasileira seja bastante positivo - são três vitórias, contra Inglaterra, México e Estados Unidos, e um empate, contra a Espanha - a necessidade por resultados expressivos é enorme, e um título oficial poderia dar a ele o respiro necessário para seguir desenvolvendo seu trabalho sem tanta pressão até o próximo Mundial.

"Sei o volume das cobranças, mas tenho consciência do trabalho que estou realizando. Não tenho dúvidas que faremos uma grande campanha na seleção. Podem ter certeza. No momento mais oportuno, vocês vão lembrar dessas palavras. Quando cheguei, disse que estava chegando à seleção para que ela voltasse a uma decisão de Copa (do Mundo), e vou trabalhar muito para tudo isso", disse o treinador em coletiva durante preparação para a Copa América. 

Peso para a Bola de Ouro

Para um jogador brasileiro em especial, a Copa América terá uma importância ainda maior. O atacante Vini Jr., do Real Madrid, é hoje o grande favorito à conquista da Bola de Ouro, e um desempenho individual destacado no torneio continental, de preferência coroado com o título da seleção brasileira, vai torná-lo praticamente imbatível na corrida pelo prêmio de melhor jogador do mundo na temporada.

Por outro lado, uma Copa América apagada de Vini Jr. possibilitaria a jogadores como Jude Bellingham, da Inglaterra, e Toni Kross, da Alemanha, ambos companheiros do brasileiro no Real Madrid, a possibilidade de também sonhar com a Bola de Ouro. Os dois disputam atualmente a prestigiada Eurocopa, e caso conduzam com brilho suas respectivas seleções ao título, ganharão força nesta disputa. 

A Bola de Ouro de 2024 será entregue no dia 28 de outubro, no Théâtre du Châtelet, em Paris. Os finalistas da premiação serão revelados no dia 4 de setembro.