PF faz operação contra desembargador suspeito de vender decisões judiciais
A PF batizou a operação de Churrascada, em razão de os investigados usarem o termo “churrasco” para se referir ao dia do plantão do magistrado
O Tempo Por Renato Alves
BRASÍLIA – A Polícia Federal deflagrou uma operação na manhã desta quinta-feira (20) para buscar provas sobre o suposto esquema de venda de decisões judiciais por parte do desembargador Ivo de Almeida, presidente da 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
A investigação tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para a operação desta quinta-feira, o ministro Og Fernandes emitiu 17 mandados de busca e apreensão. Ao menos 80 policiais foram às ruas para cumprir as ordens judiciais, na cidade de São Paulo e no interior do Estado.
A PF batizou a operação de Churrascada, em razão de os investigados usarem o termo “churrasco” para se referir ao dia do plantão do magistrado no TJSP. Ela é um desmembramento da Operação Contágio, deflagrada em 2021 pela PF em SP para desarticular organização criminosa que desviava verba da área de saúde.
A Contágio mirou desvio de recursos públicos da saúde por meio da organização social AMG, que fechou contratos de mais de R$ 300 milhões com os municípios paulistas de Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Hortolândia, São Vicente e Cajamar, conforme levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU).
Essa apuração da CGU, que subsidiou a PF na Contágio, mostrou que a AMG tinha entre seus membros um agricultor, estudantes, comerciantes e até um apicultor, mas nenhum profissional de saúde. Isso, segundo a PF, indica que ela era de fachada e servia apenas para desviar o dinheiro público para um grupo criminoso.
Segundo a investigação da Contágio, foram desviados mais de R$ 40 milhões neste esquema. A PF indiciou 27 investigados, após quase dois anos de investigação, em que mais de 40 pessoas foram ouvidas, com duas etapas de prisões e buscas, realizadas em abril e maio de 2021.
O TJSP e o desembargador Ivo de Almeida não haviam se pronunciado sobre a operação desta quinta-feira, até a mais recente atualização desta reportagem.
O magistrado, que tem 66 anos, é desembargador desde 2013. Ele ingressou na magistratura em 1987, tendo atuado em varas de Bauru, São Bernardo do Campo, Cananéia e Registro. Na capital, atuou na 2ª Vara Criminal e no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Foro Regional de Santana.
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