Mulher percorre 200 km a pé e desnuda: entendendo a "Errância" em pacientes psiquiátricos

Mulher percorre 200 km a pé e desnuda: entendendo a
Foto: PRF/Divulgação
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp

Casos recentes de pacientes vagando longas distâncias levantam questões sobre transtornos psiquiátricos e sua relação com a genética

Por Plox

Uma mulher foi resgatada recentemente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) após uma jornada de mais de 200 km, completamente desnuda, de Catalão (GO) a Uberaba, caminhando nas margens da BR-050. Este incidente, ocorrido na última quarta-feira (27), destaca o fenômeno da "errância", onde pacientes psiquiátricos saem de suas casas e vagam sem destino específico. Este não é um caso isolado na região. Em fevereiro, um homem com Alzheimer fugiu de um lar para idosos em Estrela do Sul e acabou falecendo. Outro exemplo recente envolveu um homem de Sergipe, diagnosticado com esquizofrenia, encontrado correndo na mesma rodovia, a quase 2 mil quilômetros de sua residência.

Diagnósticos e a Complexidade dos Transtornos Psiquiátricos

A psiquiatra Melissa Romero, de Uberlândia, ressalta a complexidade dos diagnósticos psiquiátricos. Segundo ela, quando pacientes nessa condição são admitidos em hospitais, a primeira etapa é a internação para uma avaliação clínica e neurológica detalhada. "A doença psiquiátrica é sempre uma doença de exclusão. Após excluir todas as causas orgânicas e verificar a normalidade dos exames laboratoriais, sem constatar problemas neurológicos, é que se considera um quadro psiquiátrico", explica Romero.

Quadros Psicóticos e Dissociativos como Causas de Errância

A errância pode ser resultado de sintomas psicóticos, como os encontrados na esquizofrenia ou transtornos bipolares com quadros maníacos psicóticos, onde há uma ruptura com a realidade. Alternativamente, pode originar-se de quadros dissociativos, relacionados a falhas na conexão com a memória e a percepção, levando a uma desconexão da realidade. "O paciente sai andando e pode perder a noção do tempo por minutos, horas, dias e até meses", detalha Romero. Esses episódios frequentemente ocorrem após traumas ou estresse intenso, funcionando como um mecanismo de "escape".

Influência Genética nos Transtornos Psiquiátricos

Romero também aponta a genética como um fator crucial nos transtornos psiquiátricos. Ela explica que a predisposição genética é um pré-requisito para entrar em um surto psicótico. Indivíduos sem tal predisposição tendem a apresentar quadros dissociativos em vez de psicóticos. Essa diferenciação é vital para compreender a origem e o tratamento adequado desses comportamentos, como no caso da mulher resgatada pela PRF.