Minas tem cidades há 159 dias sem chuva, fogo em matas e cachoeira seca
As chances de chuvas estão descartadas para o curto prazo, e a volta da precipitação está prevista apenas para a primeira quinzena de outubro
ARTUR BÚRIGO Estado de Minas
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O tempo seco que atinge boa parte do Brasil e dificulta o combate a incêndios no país é ainda mais persistente em Minas Gerais, estado que concentra as cidades há mais tempo sem chuva.
São dez municípios mineiros que não registram uma ocorrência de precipitação há 159 dias, segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). Dos dez, nove ficam no Norte de Minas, e Felixlândia é localizada na região central do estado. Há ainda outras 14 cidades em que não chove há 158 dias, sendo a maior delas Montes Claros, no norte mineiro.
A ausência de precipitação em abril ajuda a explicar o cenário atual, afirma Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operação e Modelagem do Cemaden.
"No mês caracterizado pela transição entre as estações chuvosas e seca praticamente não choveu. Então nós estamos numa estação seca muito mais prolongada do que o normal, e nessa época, quando deveria ter alguma precipitação, não aconteceu", afirma Seluchi.
As causas para a interrupção precoce das chuvas são relacionadas a dois fatores, afirma o especialista: a ocorrência no ano passado do fenômeno meteorológico El Niño, que diminuiu a umidade na região, e a temperatura mais alta no Oceano Atlântico no Hemisfério Norte, que fez a chuva se deslocar para o norte da América do Sul e diminuiu a umidade no Brasil.
Dada a baixa umidade, as chances de chuvas estão descartadas para o curto prazo, e a volta da precipitação está prevista apenas para a primeira quinzena de outubro.
Com esse cenário, a cachoeira Bom Despacho, atração turística no caminho entre São João Del Rei e Tiradentes, secou. Ela fica em Santa Cruz de Minas, cidade conhecida por ter a menor extensão territorial do Brasil (3,5 quilômetros quadrados).
A umidade e os fortes ventos característicos dessa época são dois fatores que dificultam o combate a incêndios em Minas Gerais, que atingem 11 unidades de conservação do estado, segundo o Corpo de Bombeiros.
Uma delas é a Serra do Caraça, área de mata atlântica localizada no entorno do Santuário do Caraça, os bombeiros atuam em três frentes, com seis agentes e mais cinco brigadistas, que têm o apoio de uma aeronave.
Nas últimas 24 horas, a corporação afirma ter atendido 368 ocorrências de incêndio em vegetação no estado, sendo 198 delas na região metropolitana de Belo Horizonte.
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