Juiz de Fora ocupa terceiro lugar de Minas em crimes virtuais

Juiz de Fora ocupa terceiro lugar de Minas em crimes virtuais
Estado acredita que o estelionato, sobretudo pela possibilidade de aplicação do golpe no ambiente cibernético, vem ocupando o espaço dos roubos consumados, que apresentam uma tendência geral de declínio desde 2016 (Foto: Felipe Couri)
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp

Estado sugere que aplicação do estelionato no ambiente cibernético vem tomando espaço dos roubos consumados

 Tribuna    Por Sandra Zanella

 

Os estelionatos – caracterizados pela vantagem ilícita e prejuízo alheio por meios fraudulentos – migraram para os meios digitais nos últimos anos, obrigando as forças de segurança a usar tecnologias para identificar e punir os golpistas. Dados da Polícia Civil revelam que Juiz de Fora ocupa o terceiro lugar em maior número de crimes virtuais em Minas Gerais, somando 14.820 registros desde 2018. Houve 2.145 ocorrências apenas neste ano, até o mês de setembro. Em todo 2023, foram 2.616 casos, que também englobam delitos como invasão de dispositivo móvel, furto mediante fraude, extorsão e ameaça, dentre outros. Belo Horizonte e Contagem, na Região Metropolitana, lideram a lista, com 75.586 e 15.254 crimes virtuais nos últimos sete anos, respectivamente. Os outros três municípios mais populosos de Minas seguem atrás de Juiz de Fora no levantamento do mesmo período: Uberlândia (13.945), Montes Claros (8.936) e Betim (8.636). O Estado acredita que o estelionato, sobretudo pela possibilidade de aplicação do golpe no ambiente cibernético, vem ocupando o espaço dos roubos consumados, que apresentam uma tendência geral de declínio desde 2016. A informação foi divulgada no Anuário de Segurança Pública 2023.

“A PCMG, diariamente, registra casos de pessoas que foram vítimas de golpes diversos. Desde o início do isolamento social, em decorrência da pandemia, os criminosos aprimoraram suas atividades, reformulando golpes antigos”, destaca a instituição. Embora a Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos só exista na capital, a Polícia Civil garante que, no interior, todas as delegacias de área têm competência para investigar esses delitos.

No último sábado (26), um idoso de Juiz de Fora, 68 anos, transferiu R$ 1.520 via PIX para uma conta aleatória acreditando que estava mandando dinheiro para sua filha pagar uma compra. Apesar de o número do contato ser desconhecido e com DDD 21, o golpista fez a vítima crer que estava falando com a familiar. Porém, logo após a transação, foi pedido ao homem novo PIX e, neste momento, ele desconfiou se tratar de um golpe, ligou para sua filha e confirmou a fraude. Já nessa terça (29), uma moradora da cidade, 65, caiu em um estelionato virtual ao ver em uma rede social oferta de empréstimo facilitado. Ela foi ludibriada a pagar taxas a fim de liberar o valor de R$ 17.800. A vítima realizou três depósitos em lotérica, em nome de uma mulher, totalizando R$ 3.800. Após a solicitação de outros depósitos para pagamentos de taxas, ela descobriu ter sido alvo de golpe.

A Polícia Civil orienta que, diante da constatação de crimes on-line, a vítima deve comparecer a uma delegacia mais próxima à sua residência ou a uma base móvel da Polícia Militar e registrar o boletim de ocorrência (Reds). Na Delegacia Virtual também já é possível denunciar estelionato, conforme a instituição. “Importante destacar que parte dos crimes mencionados, sobretudo o estelionato e a invasão de dispositivo informático, exige que a vítima formalize o termo de representação para que a Polícia Civil possa agir. Em outras palavras, a representação funciona como uma condição à atuação da polícia, por meio da qual a vítima manifesta o seu interesse na apuração dos fatos e cuja ausência impede a atuação por parte dos órgãos de persecução criminal.”

Saiba como se proteger dos principais crimes virtuais

“A informação é o melhor caminho para que as pessoas não se tornem vítimas”, enfatiza a Polícia Civil, que divulgou estratégias voltadas para as pessoas identificarem os estelionatos virtuais, cada vez mais frequentes. “Tenha cautela! Na dúvida, não faça! Desconfie sempre!”, orienta a instituição. Confira abaixo os principais delitos do tipo praticados na internet e as dicas de como não cair nesses crimes.

1 - Golpe do falso boleto: Os criminosos descobrem, por meio de algumas pesquisas realizadas na internet, informações sobre as pessoas e enviam falsos boletos por e-mail. A vítima acredita que está pagando um documento verdadeiro, mas no código de barras constam informações que direcionam o valor para a conta dos estelionatários. “Desconfie de boletos relativos a compras não realizadas. No momento de pagar um boleto, confira se o banco que aparece na tela de pagamento é o mesmo que está no boleto, confira o valor, a data de vencimento, o nome do beneficiado e demais dados”, reforça a PCMG.

 

2 - Golpe do falso leilão: De acordo com a polícia, os sites fakes, geralmente, são hospedados fora do Brasil e, na maioria das vezes, não terminam em .com.br. “As vítimas conhecem os sites de leilões fraudulentos por meio do Google e de divulgações em redes sociais. Os interessados se cadastram enviando cópias de documentos pessoais por e-mail ou WhatsApp e recebem ligações de confirmação do cadastro, com liberação para acompanhar o falso leilão on-line e ofertar lances, que costumam ser únicos. Posteriormente, as vítimas recebem uma carta de arrematação, na qual constam os dados para depósitos e transferências bancárias em nomes de pessoas físicas (laranjas). A vítima faz o pagamento do bem e envia o comprovante. Após o recebimento, os golpistas bloqueiam as vítimas no WhatsApp e passam a não atender as ligações. Alguns sites fraudulentos usam cópia do layout do site do Detran-MG”, alerta a polícia. “Não envie informações pessoais por meio de canais que não sejam oficiais. Desconfie de sites que ofereçam bens com valores muito abaixo do preço de mercado”, complementa.

 

3 - Golpe do falso namorado: Os golpistas procuram vítimas em sites de relacionamento, fazem abordagens em salas de bate papo ou buscas por outro meio de comunicação virtual para demonstrar interesse amoroso, até conseguir se comunicar por aplicativo de mensagens. “A partir do momento em que a vítima acredita que está namorando, o criminoso afirma ser portador de alguma doença e a convence de que precisa de ajuda financeira para o tratamento. A vítima, homem ou mulher, envolvida emocionalmente, doa dinheiro. Há casos em que golpistas se passam por namoradas estrangeiras, iludem e afirmam que estão enviando um presente. Um outro criminoso se passa por funcionário de empresas especializadas em transportes de mercadorias em outro país e solicita transferência de alta quantia em dinheiro para uma conta bancária, alegando que o presente ficou preso na alfândega. O pedido, somado à pressão sentimental, faz com que a vítima transfira o dinheiro. O namorado (a) desaparece”, destaca a polícia. “Tente encontrar o namorado (a) que conheceu pela internet pessoalmente e tenha certeza de que ele existe. O encontro deve ser em local público, e jamais transfira dinheiro para namorados (as) virtuais”, dispara a instituição.

 

4 - Golpe do falso site de compras: Segundo a polícia, golpistas criam sites falsos de venda de mercadoria, copiando o layout dos sites conhecidos para enganar a vítima. Usam endereços de empresas famosas, alterando o final do endereço eletrônico. Atuam durante o ano todo e agem de forma mais intensa durante a Black Friday, que, neste ano, tem a data oficial em 29 de novembro, mas movimenta todo o mês com promoções para atrair o consumidor. “Observe com cuidado o endereço eletrônico do site. Pesquise a reputação da empresa. Desconfie de objetos que estejam à venda por preço muito abaixo daquele praticado no mercado”, recomenda a PC.

 

5 - Golpe do WhatsApp clonado: Golpistas têm acesso aos anúncios e ao número de telefone de anunciantes, por meio de sites de compra e venda. Eles se passam por funcionários dos sites e solicitam um código para ativar o anúncio. “Trata-se do código de verificação do WhatsApp. A vítima perde o acesso ao seu aplicativo após digitar o código, pois os criminosos ativam a conta do WhatsApp de determinada pessoa em outro aparelho celular. Por meio dessa ativação, os golpistas recuperam as conversas do histórico, passam a acessar os contatos e cometem crime de estelionato, solicitando dinheiro aos parentes e amigos da vítima em nome dela”, descreve a polícia. Para evitar esse crime virtual, a orientação é habilitar a “confirmação em duas etapas” no WhatsApp, clicando em “configurações/ajustes”, depois em “conta” e por fim, em “confirmação em duas etapas”. “Jamais envie, para qualquer pessoa, o código de seis números. Caso já tenha sido vítima desse golpe, envie e-mail para support@whatsapp.com, solicitando a desativação temporária de sua conta do WhatsApp.” A mesma estratégia costuma ser usada por golpistas para clonar contas de redes sociais, como do Instagram.

 

6 - Golpe do PIX: Diversas práticas criminosas envolvendo a transferência de valores de forma instantânea também chegam à Polícia Civil. Entre as mais comuns estão a criação de perfis falsos solicitando PIX em nome de terceiros, inclusive por meio da clonagem de perfis de WhatsApp ou apenas com o uso do nome e da foto da vítima para pedir PIX a parentes e amigos. Se o número for desconhecido, bloqueie e denuncie à plataforma. Além disso, é preciso verificar o verdadeiro destinatário de uma chave PIX, pois os golpistas podem solicitar dinheiro em nome de outra pessoa. Outra recomendação é conferir os valores que estão sendo solicitados na transferência, mesmo conhecendo o destinatário.