Incêndio em shopping no Brás entra em fase final, e bombeiros passam de 24h no local

Incêndio em shopping no Brás entra em fase final, e bombeiros passam de 24h no local
Bombeiros atuam em incêndio no Brás Foto: X/@BombeirosPMESP/Reprodução
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Militares fazem rescaldo no local, após momentos mais críticos

O Tempo   Por Agências

 

O incêndio em um shopping no Brás, em São Paulo, chegou à fase de rescaldo — quando os bombeiros apagam as cinzas que ainda conservam algumas brasas. O atendimento à ocorrência começou às 6h44 de quarta-feira (30/10) e, mais de 24 horas depois, o Corpo de Bombeiros permanece no local.

As chamas se alastraram rapidamente no local, e o teto do shopping desabou por volta das 8h. De acordo com o capitão Maycon Cristo, porta-voz dos bombeiros, o incêndio no prédio -que tem uma área de 18 mil metros quadrados- foi controlado às 12h50. As causas do incêndio ainda são desconhecidas e serão apuradas.

"Está controlado o incêndio. Isso significa que não há mais risco de o fogo se propagar para os prédios vizinhos, mas ainda há muito fogo e muito material para queimar dentro do prédio", afirmou.

O porta-voz disse que o combate às chamas era feito pelo lado de fora - as equipes subiram nos prédios ao redor a fim de fazer o resfriamento da estrutura.

Um vídeo mostra o desespero de comerciantes dentro do local quando as chamas começaram.

Os bombeiros enviaram 24 viaturas e 76 agentes ao local. Eles confinaram as chamas para que não atingissem as edificações próximas, que foram esvaziadas. À tarde ainda havia focos de incêndio no interior do prédio, e uma grande coluna de fumaça densa e escura cobria a região.

De acordo com o capitão Maycon Cristo, a população tentou combater o fogo antes de pedir socorro. O motorista Denilson Sampaio, 53, um dos primeiros a perceber o incêndio, contou que o fogo começou em uma loja no térreo do shopping que ainda estava fechada no fim da madrugada.

"Eu comecei a chamar o povo para ajudar e decidimos arrombar a porta", disse. "Todo mundo achou que era algo simples, pequeno. Quando arrombamos a porta e começamos a levantar, o pessoal apareceu com três extintores e começou a usar, mas nem conseguimos terminar de levantar a porta porque tinha muito fogo", afirmou.

Na sequência, ele disse, uma loja vizinha também começou a pegar fogo. "A fumaça tomou conta dos corredores e expulsou o povo. Mas não houve correria porque [o shopping] ainda não estava lotado".

A Defesa Civil municipal, contudo, afirmou que o fogo começou no segundo pavimento, com foco maior no primeiro andar. Ao menos 200 pequenas lojas foram danificadas, segundo estimativa do órgão. De acordo com os bombeiros, algumas unidades conseguiram salvar mercadorias porque fecharam rapidamente, após o início do incêndio.

"A gente imagina que esse shopping popular estava preparado para as festividades de final de ano. Os estoques estavam cheios", disse o porta-voz dos bombeiros, emendando que provavelmente havia "muito material para queimar" dentro do prédio.

Segundo a prefeitura, três pessoas precisaram de atendimento por inalar fumaça. Elas foram encaminhadas ao pronto-socorro do Hospital Tatuapé (zona leste) e tinham quadro de saúde estável. Os bombeiros descartam que houvesse vítimas no prédio.

Na tarde desta quarta, o Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil para investigar o caso, averiguar se o imóvel estava apto para funcionar e se possuía equipamentos necessários para combater o fogo.

No inquérito, o promotor Moacir Tonani Junior diz ver necessidade de "se apurar a responsabilidade direta ou indireta pelos fatos, quer pelos exploradores do local, quer pela omissão do poder público consistente na omissão de sua fiscalização".

Ainda a manhã desta quarta, o prefeito reeleito, Ricardo Nunes (MDB), disse que sua gestão vai avaliar a situação dos imóveis na região central. "Eu pedi para a minha equipe fazer ali uma força-tarefa, constituir um grupo para fazer uma análise em todos aqueles prédios", afirmou Nunes, admitindo a possibilidade de interditar imóveis considerados em situação de risco ou abandono.

"Com essas análises, a minha equipe, junto ao Corpo de Bombeiros, pode orientar as pessoas, interditar aqueles prédios que possam vir a gerar algum risco de incêndio ou de algo que não seja seguro", afirmou.

Em meio ao trabalho dos bombeiros, as autoridades determinaram o fechamento das lojas ao redor da área do incêndio. Comerciantes baixaram as portas e tentaram retirar o máximo possível de seus materiais em estoque.

Segundo a prefeitura, o certificado de segurança do Shopping 25 Brás, emitido pelo Departamento de Controle e Uso de Imóveis (Contru), foi aprovado em 2022 e é válido até 2027. Já o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) está vencido desde agosto deste ano, de acordo com os bombeiros.

Rogério Lin, presidente da Associação Brasileira de Proteção Passiva (ABPP), afirma que toda empresa é obrigada a exibir uma cópia do AVCB com a data da ultima vistoria. "Se você estiver numa loja que não tem o AVBC impresso com a data de validade na porta, procure outra que tenha".

Em nota, o Shopping 25 Brás afirmou que "mantinha todos os seus equipamentos de segurança e de combate a incêndio em pleno funcionamento" e que "mantém brigada de bombeiros civis atuantes no empreendimento durante todo seu funcionamento".

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) interditou o quarteirão do Shopping 25 Brás e recomenda que os motoristas evitem a região. 

Sete linhas de ônibus que passam pela área também foram desviadas, de acordo com a SPTrans. Já a Enel afirmou que equipes foram enviadas ao local do incêndio e que a rede da região afetada foi desligada para eliminar risco elétrico.

Este foi o segundo incêndio desta semana no Brás, uma das principais regiões de comércio de São Paulo. No domingo (27/10), chamas atingiram o último pavimento de um prédio comercial no bairro.

(Com Cristina Camargo, Francisco Lima Neto, Carlos Petrocilo, Bruno Lucca, Clayton Castelani, Isabella Menon e Diego Alejandro/Folhapress)ee