Fiel que deu R$ 200 mil para ter bênçãos após pedido de pastor será indenizado
Justiça entendeu que o autor foi pressionado pelo religioso a vender tudo o que tinha em troca de uma suposta “bênção de Deus”
Por O Tempo
Uma igreja de Iturama, no Triângulo Mineiro, foi condenada a ressarcir um fiel em parte do valor que ele havia doado para a instituição religiosa, além de pagar indenização de R$ 12 mil por danos morais. Segundo relato da vítima, o valor total doado foi de R$ 269.157. A decisão é da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Segundo o processo, o fiel vendeu uma propriedade em Rondônia, no valor de R$ 413 mil, e entregou o contrato para a igreja, para que fossem feitas orações sobre o documento. Mas, ao saber do valor da negociação, um pastor teria começado a assediar o fiel, tentando convencê-lo a doar a quantia afirmando que, caso contrário, a vida dele estaria amaldiçoada.
Por isso, o homem fez uma doação, sendo R$ 146.500 por meio de cheques, R$ 40 mil de um imóvel, R$ 22.657 de um automóvel e R$ 60 mil em espécie.
Em sua defesa, a igreja alegou que não houve "vício de consentimento e coação moral no caso". Ainda conforme a ré, a suposta doação da casa não teria sido concretizada, "tendo a documentação sido encaminhada ao departamento jurídico da igreja apenas para análise de "futura doação deste imóvel'".
A 1ª Instância acolheu o pedido do autor e determinou que a instituição religiosa devolvesse a quantia integral ao fiel. Diante dessa decisão, a igreja recorreu. O caso foi analisado pelo relator, desembargador Amorim Siqueira, que analisou que o fiel é uma pessoa vulnerável a este tipo de pressão. Ele considerou evidenciado que o autor foi pressionado pelo religioso a vender tudo o que tinha em troca de uma suposta “bênção de Deus”.
O magistrado modificou a sentença, sob o fundamento de que o fiel não conseguiu provar que fez a doação de R$ 60 mil em espécie à igreja. O magistrado também isentou a instituição de ressarcir os R$ 40 mil do imóvel, sob o fundamento de que não ficou comprovado que a casa teria sido transferida para a denominação.
O desembargador Leonardo de Faria Beraldo e o juiz convocado Fausto Bawden de Castro Silva votaram de acordo com o relator.
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