Fiéis se unem para subir 6 km em Via Sacra na Serra da Piedade

Fiéis se unem para subir 6 km em Via Sacra na Serra da Piedade
Foto: Videopress Produtora
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Rito é tradição dos cristãos desde o século IV

Por Bruno Daniel  O Tempo

Orações, reflexão e meditação uniram jovens e adultos na Serra da Piedade, em Caeté, região metropolitana de Belo Horizonte, na manhã desta Sexta-Feira da Paixão (29). Vários fiéis fizeram, de crianças a idosos, fizeram a Via Sacra do pé ao topo da Serra da Piedade, conduzidas pelo reitor do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, Wagner Calegário. 

A Via Sacra é uma tradição cristã desde o século IV, quando os fiéis peregrinavam em direção a Jerusalém, percorrendo o caminho feito por Jesus Cristo até o calvário. Mas foi só no século 17 que ela se tornou um rito oficial da Igreja Católica. 

No ritual, os fiéis relembram e meditam sobre a Paixão e a Morte de Jesus Cristo , em um caminho de purificação para receber a Indulgência Plenária. Durante a caminhada, conduzidos pelo sacerdote, os peregrinos fazem 14 paradas - as 14 estações, cada uma relembrando um momento específico de Jesus até sua crucificação e morte.

O padre Wagner Calegário explica que, durante o trajeto, é também um momento do cristão fazer uma reflexão sobre a própria caminhada na Terra. "Olhamos para cada passo de Jesus Cristo durante o Calvário e fazemos uma alusão com a nossa vida. A cada passo, percebemos quais são nossas quedas, nossas fraquezas, as consolações que encontramos, nossas desolações. E a cada passo, nos unirmos a ele (Jesus)", ensina.

Para muitos fiéis, a Sexta-Feira da Paixão é um momento de tristeza, por relembrar a dor e o sofrimento de Jesus Cristo. Mas padre Wagner chama a atenção para a importância de pensar por outro ângulo. "A cruz é nosso horizonte, como Ele (Jesus) nos diz. Mas ela não é o ponto final. Nossa vida é feita de alegrias e tristezas. E na Via Sacra, meditando a Escritura, no silêncio e olhando para o futuro, reconfigurar nossa vida", defende.

Devoção e fé

Para alguns fiéis, a peregrinação começou antes mesmo da Via Sacra. Alguns participantes foram a pé de casa para a Serra da Piedade. É o caso do vendedor Guilherme Gomes do Santos, de 19 anos. Junto com familiares e amigos, ele saiu às 4h da manhã de Roças Novas rumo à Via Sacra, ritual que, segundo ele, se repete desde 2018.

"Toda Sexta-Feira Santa a gente faz. São oito quilômetros lá de Roças Novas até aqui. Depois mais seis quilômetros até lá em cima (no topo da Serra. Sempre com alegria e muita força", conta o rapaz. Segundo ele, são pelo menos 40 pessoas.

Entre tantos locais que realizam a Via Sacra, Guilherme entende que a Serra da Piedade é mais especial. Este lugar é lindo. Representa muito a cidade. Muitas pessoas vêm de outros estados para visitar", diz Guilherme, que garante: a caminhada vale a pena. "Jesus sofreu tanto por nós. Temos que sofrer um pouco por ele também", defende.

Quem também caminhou de casa até a Serra foi o aposentado Vanderlei de Oliveira e Silva, de 70 anos. Ele é responsável por um grupo chamado Trilhas da Fé, que faz peregrinações. Desde 2016, o grupo sai às 5h da manhã de Caeté, na região metropolitana da capital, para participar da Via Sacra.

O fiel, católico desde criança, pensa que a Serra da Piedade é o lugar ideal para meditar sobre a Paixão e Morte de Cristo. "É um lugar que descarrega muito a gente, a gente fica bem leve e sempre no colo da mãe (Nossa Senhora da Piedade). Eu acho que compensa o sacrifício por Jesus", elogia.

Teve também quem foi ao local para participar da Via Sacra na Serra da Piedade pela primeira vez, como a dentista Eloísa Guimarães Costa, de 62 anos. Ela acredita que a Via Sacra é importante para os cristão manterem o coração em Deus, além de ser um momento de gratidão pela vida. Assim como o padre Wagner Calegário, reitor do santuário Nossa Senhora da Piedade, a mulher defende que a Via Sacra não é momento para tristeza. 

"Nós temos um Deus que é vivo. Jesus morreu por nós, derramou o sangue por nós. Passamos pelas etapas pensando que ele carregou a cruz dos nossos pecados. E lá em cima, no terceiro dia, teremos a certeza de que Jesus não está morto. Está vivo", argumenta Eloísa, que pretende voltar à Serra da Piedade ano que vem, para a Via Sacra.