Condenado pela Chacina de Unaí é preso pela PF no Mato Grosso do Sul

Condenado pela Chacina de Unaí é preso pela PF no Mato Grosso do Sul
Em 28 de janeiro de 2004, três auditores fiscais e um motoristas foram assassinatos enquanto investigavam denúncias de trabalho escravo — Foto: Sergio Lima/Folhapress
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Hugo Alves Pimenta é apontado como um dos intermediadores na contratação dos pistoleiros que executaram a chamada "Chacina de Unaí"

Por José Vítor Camilo O Tempo

Hugo Alves Pimenta, que é apontado como um dos intermediadores na contratação dos pistoleiros que executaram a chamada "Chacina de Unaí", ocorrida em 2004 no Norte de Minas, foi localizado e preso pela Polícia Federal (PF) na madrugada desta terça-feira (13 de fevereiro), na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

O suspeito foi condenado a 96 anos de prisão - mas teve a pena reduzida após acordo de delação premiada - e era um dos dois envolvidos no crime que seguiam foragidos. Agora, somente Norberto Mânica, irmão do ex-prefeito do município, também preso, segue sem ser localizado pelas autoridades.

De acordo com a PF, o suspeito estava com mandado de prisão em aberto e usava um passaporte falso na hora da prisão. "Durante o julgamento, ocorrido em 2015, ele confessou a sua participação no crime. O crime ocorreu em 2004, quando auditores fiscais do Trabalho e um motorista foram mortos à queima-roupa em uma emboscada na zona rural de Unaí. Eles investigavam denúncias de trabalho análogo à escravidão", detalhou a corporação.

A Chacina de Unaí foi tão marcante que, em razão do crime, foi criado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, que homenageia os Auditores-Fiscais do Trabalho. Após passar por exame de corpo de delito, Hugo Pimenta ficará à disposição da Justiça.

Condenações

Os irmãos Norberto e Antério Mânica, o último deles ex-prefeito de Unaí, foram condenados como mandantes do crime. Eles foram sentenciados por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, mediante pagamento de recompensa em dinheiro e sem possibilidade de defesa das vítimas. 

Em 2015, Antério e Norberto foram condenados a 100 anos de prisão cada um. O ex-prefeito, no entanto, teve a condenação anulada após o irmão confessar ser o único mandante. Em maio de 2022, Antério foi novamente julgado pela Justiça Federal e condenado a 64 anos de prisão. 

Os outros dois réus, José Alberto de Castro e Hugo Pimenta, foram condenados por intermediarem o crime. Os três pistoleiros — Erinaldo Vasconcelos, Rogério Allan e William Miranda — foram condenados em 2013. Eles estavam presos desde 2004.

Relembre o crime 

Em 28 de janeiro de 2004, os fiscais Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram emboscados em uma estrada de terra, próxima de Unaí, enquanto faziam visitas de rotina a propriedades rurais.

O carro do Ministério do Trabalho foi abordado por homens armados que mataram os fiscais à queima-roupa. A fiscalização visitava a região por conta de denúncias de trabalho escravo.