Bêbado que bateu em carros no Castelo foi condenado por mortes no dia anterior
Sentença foi publicada na segunda-feira (16) pela Justiça e, pouco mais de 24h depois, Alexsandro Felipe Domingues, de 50 anos, causou um novo acidente
O Tempo Por José Vítor Camilo
Alexsandro Felipe Domingues, de 50 anos, é o motorista que, na noite da última terça-feira (17 de dezembro), bateu em alta velocidade com sua Mercedes Benz em oito carros que estavam estacionados em uma avenida do bairro Castelo, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. O episódio de embriaguez ao volante aconteceu exatamente um dia depois dele ter sido condenado a 7 anos de cadeia por ter causado outro grave acidente enquanto dirigia embriagado, em janeiro de 2021, quando um homem de 65 anos e sua neta, de 14, morreram carbonizados na avenida Presidente Carlos Luz.
A sentença foi assinada na última segunda-feira (16) pela juíza Alessandra de Souza Nascimento Gregório, que determinou ainda a suspensão de habilitação do homem pelo período de 10 meses. A pena atribuída ao motorista pela Justiça foi determinada após a condenação por dois homicídios culposos (quando não há a intenção de matar), duas lesões corporais culposas, e pela condução de veículo sob efeito de álcool.
A pena, porém, ainda conforme a decisão, poderia ser cumprida em regime semiaberto após o trânsito em julgado. "Defiro ao réu o direito de recorrer em liberdade, especialmente considerando que permaneceu nessa condição durante todo o processo", completa a magistrada que condenou Domingues.
O grave acidente que levou à sentença aconteceu no dia 15 de janeiro de 2021, quando o motorista, na época com 46 anos, causou a morte de duas pessoas após bater em outro carro na avenida Presidente Carlos Luz. Com a carteira vencida desde 2015 e com sintomas de embriaguez, ele atingiu uma Parati onde estava uma família: o motorista, de 65 anos, a filha dele, de 33, e os dois filhos dela, uma adolescente de 14 anos e um garoto de 10.
Após o impacto, o carro da família capotou e foi lançado contra uma árvore do canteiro central, se incendiando e causando a morte do idoso e da neta carbonizados. Na época, Domingues apresentou 0,76 mg/l no bafômetro.
Novo acidente
Porém, um dia após a juíza assinar a condenação pelo grave acidente causado por ele, o motorista voltou a dirigir embriagado. Na noite de terça, oito carros foram atingidos por uma Mercedes Benz conduzida por ele na avenida Altamiro Avelino Soares, no bairro Castelo, na região da Pampulha.
Com olhos avermelhados, hálito etílico, andar cambaleante e outros sintomas de embriaguez, ele aceitou fazer o teste do bafômetro, que indicou para 0,70 mg de álcool por litro de ar expelido, o que representa crime de trânsito. Segundo o código de trânsito, o motorista comete crime quando o exame registra a partir de 0,05 mg/l.
Um vídeo feito instantes após a batida mostram Domingues, claramente com sintomas de embriaguez, sendo contido por pedestres. "Liga pra minha esposa", diz o homem enquanto é segurado.
Dono de madeireira, motorista já ameaçou vizinhos
Um vizinho do motorista envolvido nos acidentes conversou com O TEMPO nesta quarta-feira (18). Ele contou que, desde o acidente que matou duas pessoas em 2021, Alexsandro Felipe Domingues se envolveu em inúmeros outros problemas, chegando a ameaçar moradores do prédio em que vive.
Segundo o morador do bairro, o homem de 50 anos é proprietário de uma madeireira, também localizada na região. "Moro no mesmo prédio que ele e essas confusões são constantes. Em novembro de 2022, eu fiz um vídeo dele saindo de casa bêbado do prédio e uma viatura da polícia parou ele na porta. Os policiais só mandaram ele guardar o carro na época. A minha esposa está em tratamento de câncer e, praticamente todos os dias, ele chega bêbado, faz arruaça, liga som alto", reclama o vizinho.
O homem conta ainda que já conversou com policiais e até promotores de Justiça sobre o caso. "Eu já falei que daqui um dia esse cara vai matar outro, e a culpa vai ser deles, que não tomam providência. Esse cara não pode voltar para a rua, eu tenho diversos boletins dele por ameaça de morte", completou.
A reportagem procurou o advogado Flavio Gibson Alvarenga, que faz a defesa do motorista. Ele informou que ainda não foi intimado da sentença e,assim que o for, irá se manifestar sobre a condenação. Já sobre o último acidente, com oito veículos, o defensor disse apenas que o cliente segue detido na delegacia, sem ser ouvido.
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