Família de jovem que morreu em UPA de Belo Horizonte denuncia negligência médica

Família de jovem que morreu em UPA de Belo Horizonte denuncia negligência médica
Mariane Silva Torres, de 26 anos — Foto: Arquivo pessoal
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Corpo de Mariane Silva Torres, de 26 anos, foi velado em uma funerária da capital nesta quarta (24). Segundo parentes, mulher morreu ao buscar atendimento na UPA Centro-Sul.

Por Manoela Borges, Leonardo Milagres, TV Globo e g1 Minas — Belo Horizonte

 

A família de uma jovem que morreu em uma unidade de saúde de Belo Horizonte denuncia negligência médica. O corpo de Mariane Silva Torres, de 26 anos, foi velado em uma funerária da capital mineira nesta quarta-feira (24).

Segundo parentes, a mulher faleceu na última terça (23), enquanto buscava atendimento na UPA Centro-Sul. Ela se queixava de não sentir as pernas e chegou ao local em uma cadeira de rodas, gritando de dor.

Ainda assim, teve o quadro avaliado como "sem prioridade" e recebeu uma "pulseira verde" ao passar pela triagem. Depois de cinco horas aguardando assistência, a jovem teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.

 

Demora no atendimento

O namorado de Mariane, João Cláudio Coelho, disse que a jovem ficou deitada no chão, agonizando e pedindo socorro, mas só foi atendida porque um paciente revoltado com a situação interveio e chamou o médico. Ela foi medicada para dor e, em seguida, teve uma convulsão.

 

"Primeira informação é que ela estava tendo uma crise de ansiedade. Tomou remédio na veia e não adiantou, ela estava com dor ainda. Só que nenhum médico vinha dar o parecer do que tinha que fazer", disse João.

 

Amigos e familiares cobraram explicações da equipe da UPA e registraram um boletim de ocorrência denunciando o caso. Nas redes sociais, outros pacientes confirmaram a demora no atendimento (veja abaixo).

Nas redes sociais, outros pacientes confirmaram a demora no atendimento. — Foto: Reprodução/MG2

Nas redes sociais, outros pacientes confirmaram a demora no atendimento. — Foto: Reprodução/MG2

 

 

Boletim de ocorrência

De acordo com registro da Polícia Militar, o médico responsável pelo plantão afirmou que a paciente foi classificada com o selo verde porque "provavelmente não tinha alteração de dados vitais".

Ainda conforme descrito no documento policial, a vítima ficou em observação por um tempo e, ao ser constatado que ela estava sem pulso, foi encaminhada à sala de emergência, onde os profissionais iniciaram as manobras de ressuscitação.

 

"A manobra foi realizada por cerca de uma hora e seis minutos, sem sucesso, e o óbito foi constatado às 18h01min do dia 23 de Abril de 2024. Posteriormente foi utilizado um aparelho de ultrassonografia , que detectou grande quantidade de líquido na região torácica suspeitando de embolia pulmonar", afirmou o médico.

 

g1 procurou a Polícia Civil para saber se o caso será investigado, mas não recebeu uma resposta até a última atualização desta reportagem.

 

O que diz a prefeitura

Ao g1, a Prefeitura de Belo Horizonte lamentou o ocorrido e disse que a paciente recebeu a assistência necessária enquanto esteve na unidade. Veja nota abaixo:

"A usuária chegou ao local às 13h30 com queixa de dor no peito e nas pernas. Ela passou pela classificação de risco às 13h32 e, por volta das 14h50, foi medicada.

Após estar medicada, e enquanto aguardava a reavaliação da equipe, a jovem teve uma parada cardiorrespiratória e foi imediatamente levada para a sala de emergência. Apesar de todos os esforços e manobras de ressuscitação, realizadas pelos profissionais da UPA por mais de uma hora, ela não resistiu às tentativas de reanimação. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML).

A Secretaria Municipal de Saúde se coloca à disposição para todos os esclarecimentos necessários".