60 corpos são encontrados em bairro da Cidade de Gaza, após saída de Exército de Israel

60 corpos são encontrados em bairro da Cidade de Gaza, após saída de Exército de Israel
Palestinos caminham pelo bairro de Shujaiya após saída do Exército de Israel Foto: AFP or licensors
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O Exército israelense anunciou na quarta-feira à noite o fim de sua ofensiva em Shujaiya

O Tempo   Por Agências

 

A Defesa Civil da Faixa de Gaza afirmou nesta quinta-feira (11) que encontrou cerca de 60 corpos no bairro de Shujaiya, no leste da Cidade de Gaza, depois que o Exército israelense decretou o fim de uma intensa ofensiva de duas semanas nesta área. 

Após a retirada das forças israelenses do bairro de Shujaiya, no norte de Gaza, "as equipes da Defesa Civil, junto com os moradores, conseguiram recuperar até agora cerca de 60 mártires", disse em comunicado o porta-voz da instituição, Mahmud Basal. 

O Exército israelense anunciou na quarta-feira à noite o fim de sua ofensiva em Shujaiya, palco desde 27 de junho de intensos combates que obrigaram dezenas de milhares de pessoas a fugir. Assegurou ainda que a operação permitiu o desmantelamento de "oito túneis" e a morte de "dezenas de terroristas". 

Na quinta-feira, alguns moradores retornaram ao bairro destruído, entre eles Mohamad Nairi, que presenciou a "destruição imensa, além do que podemos descrever". 

O Exército israelense pediu a todos os residentes da Cidade de Gaza, entre 300.000 e 350.000 pessoas, segundo a ONU, que deixassem a região na quarta-feira, lançando milhares de panfletos alertando que continuava sendo "uma zona de combate perigosa". 

Nesta quinta, anunciou que seguia sua operação no centro da cidade contra os combatentes do Hamas "na sede da UNRWA", a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos. 

Também houve confrontos em Tel al-Hawa, no sul da cidade, e bombardeios em Sabra, no oeste, segundo o Exército israelense e jornalistas da AFP. 

Após mais de nove meses de guerra entre Israel e o Hamas, novos diálogos foram retomados no Catar, país mediador junto com os Estados Unidos e o Egito, para tentar alcançar um cessar-fogo e a libertação dos reféns detidos pelo movimento islamista palestino. 

"Inabitáveis"

Até o momento, "85% dos edifícios [do bairro] são inabitáveis", além das infraestruturas que foram "destruídas", declarou Basal. 

A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. 

O Exército israelense calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, 42 das quais teriam morrido.  

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva em Gaza que já matou 38.345 pessoas, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007. 

O Exército israelense também informou nesta quinta que prossegue suas operações na região de Rafah, cidade no extremo sul, na fronteira com o Egito, onde suas tropas "eliminaram dezenas de terroristas", incluindo Hasan Abu Kuik, descrito como chefe de segurança do Hamas que "realizou numerosos ataques terroristas" contra Israel.

Quatro pessoas, entre elas uma criança, foram mortas em ataques israelenses no bairro Tal al Sultan, no oeste da cidade, segundo o hospital Nasser. 

No centro de Gaza, um bombardeio israelense contra o campo de refugiados de Nuseirat matou outras quatro pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde. 

A situação humanitária continua desastrosa, sobretudo com as acusações mútuas entre ONU e Israel sobre o bloqueio na entrega de ajuda. 

Samantha Power, administradora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID na sigla em inglês), chegou a Israel nesta quinta para defender um aumento na ajuda humanitária. 

Negociações para uma trégua

No campo diplomático, os mediadores retomaram esforços para avançar em relação a uma trégua. Um alto funcionário do Hamas indicou no domingo que o seu movimento não exigia mais um cessar-fogo permanente antes de iniciar negociações para libertar os reféns. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou na quarta-feira o seu compromisso com um acordo de cessar-fogo "desde que as linhas vermelhas de Israel sejam respeitadas". 

O premiê afirmou em diversas ocasiões que não colocará fim à guerra até que o Hamas seja destruído e todos os reféns sejam libertados. 

O chefe do Mossad (serviço de inteligência israelense), David Barnea, e o diretor da CIA, William Burns, estiveram em Doha na quarta-feira para as negociações. 

O gabinete de Netanyahu anunciou o retorno da delegação israelense na quinta-feira e indicou que "uma delegação liderada pelo chefe do Shin Bet [a agência de segurança interna de Israel] e representantes do Exército israelense está programada para partir esta tarde para o Cairo para continuar as negociações". 

Um alto funcionário do Hamas, Hosam Badran, disse à AFP na quarta-feira que a recente intensificação dos "massacres" israelenses em Gaza está reforçando as exigências do grupo islamista.

(AFP)